Curso de narrativas de jogos

Once Upon a Game: Escrevendo narrativas para jogos

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O mercado de jogos vive um dos melhores momentos de sua história. Consegue faturar muito mais do que alguns filmes de Holywood, além disso muitos outros segmentos vem descobrindo o pode de gamificar suas ações como no caso do mercado publicitário e a área da educação em todos seus níveis.

Em meio a tudo isso a figura dos game writers se tornou essencial para o processo. Eles são os profissionais capazes de produzir histórias e mundos fantásticos que conectam as emoções experimentadas pelos romances e filmes para dentro dos jogos com seus roteiros.

Esse curso vem trazer a base necessária para criar narrativas de jogos e construir os seus domínios conhecidos como storyworld.

CONTEÚDO
Aula 01. Introdução ao Storytelling Interativo
Aula 02. Fundamentos de Narrativas para Games: Do RPG ao FPS
Aula 03. Formatos de roteiros interativos
Aula 04. Técnicas de escrita para jogos
Aula 05. Pocket Workshop de Story Bible

Material necessário:

– Caderno de anotações ou notebook
– Conteúdo em PDF distribuído para alunos
– Lápis e Canetas

Professor: Ale SantosVagas: 10 alunos por turma (mínimo 13 anos)

Datas: De 25 a 29 de Janeiro – Segunda a Sexta.

Horários: No período da Noite, as aulas serão das 19h às 21h.

Coluna Alerta Spoiler

‘’ Pois eu não pertenço a um mundo onde nós não terminamos juntos. Não mesmo. ‘’

Coluna Alerta Spoiler
Comet, mas para cá chegou como ‘’Eu estava justamente pensando em você’’

Um mistura de 500 dias com ela e do Brilho eterno de uma mente sem lembranças, ganhamos mais um delicioso filme de romance, ou que conta uma historia sobre o amor e não de amor. No decorrer do longa, vemos nitidamente a mistura dos personagens dos filmes citados, várias referencias em inúmeras situações.

Por exemplo, a toca que Dell usa, muito semelhante com a do Jim Carey no Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Outro exemplo é o reencontro de Kimberly e Dell no trem, o que nos lembra muito o reencontro de Summer e Tom no 500 dias com ela.

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Até mesmo em características dos personagens você consegue viajar no universo de um dos dois filmes. Comet é simplesmente a mistura exata e mesmo assim consegue ser um filme único.

No primeiro contato que se tem com o filme, acredita-se que será mais um clichê com direito a bastante mimimi e uma trilha das boas pros dias chuvosos. Mas ai é que tá, a trilha boa para dias chuvosos você acerta, mas no clichê você erra muito feio.

O longa foge de tudo que é comum, desde sua produção até no jeito que se conta a historia de Kimberly e Dell.
Tudo começa quando Dell vai até um evento que acontecera no cemitério, todos de Los Angeles irão para ver uma chuva de meteoros que acontecera e será vista de lá.

Por um acaso da vida, quando Dell se vira, seu olhar se encontra com o de Kimberly que já está acompanhada. Dell é um cara descontraído e que fala tudo que vem em sua mente, diferente de Kimberly, uma garota tímida que fala muito pouco e tem uma leve pitada de loucura em suas atitudes, como o próprio Dell identificou de primeira.

Ele fica inconformado dela estar com um cara aleatório, e não estar com ele, e bom, não quer deixar aquela oportunidade passar e acaba que a vida dá um jeito de os colocar perto de novo, criando situações maravilhosas na mesma noite.

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A linha de tempo do filme te deixa um pouco confuso, mas quando está para chegar no fim tudo começa a fazer sentido. Você chega a se questionar se os momentos que você estava vendo dos dois são divididos em várias vidas ou tem uma certa continuidade.

O longa não segue com um começo meio e fim, você entende a historia de amor dos dois por lembranças do Dell de outras épocas vividas por ambos. Na verdade o filme se passa dentro de um sonho dele e só no final você consegue compreender o motivo.

O filme inteiro é um plot twiste, quando você acha que está tudo bem algo vira tudo de cabeça para baixo e assim vai indo. Mas é impossível não se apaixonar pelos personagens, construídos com uma doçura e com um cuidado inacreditável. Mas, você também consegue sentir bastante raiva dos mesmos, em algumas situações.

O final fica extremamente aberto. Você não consegue saber se os dois ficam ou não juntos, o roteirista teve um cuidado com todos esses detalhes, a chuva de meteoros que foi a que os juntou está presente de alguma forma em todos os momentos do filme, nos mostrando o grau de importância que essa noite teve na vida dos dois.

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Dell, acaba deixando Kimberly, e ela acaba ficando noiva do ex namorado Jack. Mas, Dell tem que lhe contar sobre o tal sonho estranho que ele teve, e em todas as suas lembranças era como se fosse uma eterna chuva de meteoros. Na verdade, a historia de amor de Kimberly e Dell foi tão intensa quanto uma chuva de meteoros.

‘’YEAH, provavelmente irei me apaixonar por você.’’

Coluna Alerta Spoiler

“Eu acho que qualquer pessoa que se apaixona é uma aberração. É uma coisa louca para fazer. É mais ou menos como uma forma de insanidade socialmente aceitável.”

Coluna Alerta Spoiler

 

Her, ganhador de Oscar como melhor roteiro original do ano de 2013, o que dizer sobre esse filme simplesmente incrível e apaixonante? Um filme americano, com gênero de comédia dramática, eu diria que é mais drama, um lindo filme, dirigido por Spike Jonze.

Theodoro é o personagem principal, com uma atuação incrível de Joaquin Phonex. Um escritor solitário, que sofreu uma separação a pouco menos a um ano e ainda não sabe como lidar com isso. Todo dia é a mesma coisa, pelo comando de voz sempre lê seus e-mails, pede para colocar músicas melancólicas e responde e-mails.

Theodoro, trabalha em um lugar onde escreve cartas para as pessoas, um tipo de ‘’correio’’ tecnológico, as pessoas contratam o serviço e ele escreve as cartas ou melhor, ele dita e o computador digita, algo que acho que não estamos tão distante. Aliás, o filme se passa em Los Angeles, porém em um futuro próximo.

Her, produção vencedora do Oscar

Her, produção vencedora do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2013

O filme nos mostra o quanto o mundo está tecnológico. Conseguimos ver o desespero das pessoas por querer ter um contato mais ‘’humano’’ com as outras, mas estõ tão presas àquilo que achamos de necessidade tecnológica, que perderam o habito de se comunicar cara a cara.

Theodoro não tem muitos amigos. É um cara que segue sua rotina a risca e aquilo o deixa vazio e o incomoda ao extremo. O diretor teve um cuidado absurdo em conseguir nos passar toda a angustia que o personagem sente, apenas com as feições ou o simples movimento das sobrancelhas, uma construção genial de personagem.
Por mais, que todas as pessoas a sua volta fossem vazias e apáticas a qualquer tipo de relação, percebemos as cores fortes como por exemplo o vermelho, laranja, amarelo e outras. Misturando essas três temos um resultado de cores quentes. Essas cores não foram colocadas por acaso, elas estão presentes a todo tempo pra nos mostrar que por mais vazio de emoção que o mundo esteja, ainda existe um pouco de ‘’amor’’ em nós e a vontade de o querer. Se você reparar, Theodoro usa constantemente ao menos uma peça vermelha, laranja ou amarela, porque por mais que ele esteja solitário, e triste com tudo, ele ainda sente muito amor. E isso é uma sacada fantástica do filme, com poucas falas e mais sequencias de cenas nos passa toda essa mensagem.

Bom, como Theodoro não tem muita companhia, em uma de suas passagens rotineiras, ele vê um comercial sobre um novo sistema operacional que tem inteligência artificial. Ele logo compra.

Chegando em sua casa já instala para testar. O legal desta cena é que enquanto ele está inicializando o sistema o comando de voz pergunta a ele como é o relacionamento dele com a mãe. Enquanto ele está se abrindo e contando a instalação fica pronta, e então é cortado. Isso só mostra, que por mais que ele demonstre ser fechado, se alguém até mesmo um comando de computador demonstrar interesse por alguma coisa dele, ele se abre e conta.

O personagem sempre veste uma peça com cor quente

O personagem sempre veste uma peça com cor quente

E é ai que a Samantha aparece, ele opta pelo seu sistema ser voz feminina, e dá o nome dela de Samantha, a voz do sistema é interpretada por Scarlett Johansson.

No primeiro contato que ele tem com ela, algo diferente começa a surgir, a afinidade dos dois é simplesmente absurda, e isso não poderia dar um bom resultado.

O filme gira em torno do ’’relacionamento’’ dos dois, o crescimento deste vínculo, o ‘’amadurecimento’’ de Samantha, quando ela começa a ‘’sentir’’ emoções, e o fato de Theodoro ver despertar sentimentos por ela também.

Enquanto assiste o filme, você se perde nesse universo de voz entre os dois, um piano bem de leve fica no fundo em várias situações que você não consegue muitas vezes nem perceber, de tanto que te faz mergulhar no universo que não vemos, apenas ouvimos.

Samantha ajuda Theodoro, a lidar com sua separação e ter coragem para assinar os papeis do divorcio. Tudo começa a parecer estar bem, mas Samantha começa a se descobrir muito e a perceber que ela pode crescer muito ainda, mas que não pode prender Theodoro.

E as brigas começam a aparecer como em todo relacionamento.

Então, chega um dia em que Samantha decide ir embora, ela diz amar Theodoro, mas precisa ir porque o universo em que ela vive é algo muito maior, não só ela, mas todos os outros sistemas operacionais se desligam e somem para algum lugar que nós nunca chegaríamos.

E mais uma vez Theodoro se vê sozinho em seu mundo, mas algo está diferente nele, talvez uma esperança maior na humanidade ou em qualquer outra coisa em que ele acredite.

Com o crescer do filme, percebemos a falta de conectividade entre as pessoas, mas não a do mundo virtual e sim a do mundo físico, o tocar, o sentir. A obra nos mostra como estão vazias e sedentas por amar, ser notadas ou por sentir qualquer coisa.

Acredito que HER seja um filme que nos faça pensar sobre esse tal amor do homem e sua máquina. Nos fazer pensar que o virtual não é tudo e que as palavras ditas cara a cara e com sentimento valem muito mais do que um simples e-mail ou uma mensagem de texto.

‘’Mas é neste espaço infinito entre as palavras que eu estou me encontrando agora. É um lugar que não é o mundo fisico, é onde tudo é, e que eu nem sabia que existia’’

Coluna Alerta Spoiler

Um filme nacional com uma proposta diferenciada

Coluna Alerta Spoiler

Entre Nós, um termo usado por nós para demonstrar um tipo de situação de segredo ou intimidade. Mas, nesse caso entre nós é um filme nacional, que conta com atuações de Caio Blat, Paulo Vilhena, Carolina Dieckemann, Maria Ribeiro, Martha Nowill, Julio Andrade e Lee Taylor.

Uma proposta diferente que nosso cinema quis nos oferecer, saindo do comum e que mistura comédia com nosso drama social da desigualdade, Entre Nós, prende nossa atenção diante de um mistério simples, porém muito bem construído dentro de um drama entre sete amigos.

Logo no inicio, uma sequencia de cenas que mostra companheirismo, apresenta, Rafa, Gus, Lucia, Drica, Silvana, Casé e Felipe, sete amigos que aparentam ter uma irmandade sem igual, sendo recíproco um com o outro, tinham o costume de se encontrar em certa época do ano na casa de campo de Silvana, onde ficavam fazendo coisas que a idade e a juventude pedia e eles queriam. Rafa e Felipe, tinham a ‘’ganancia’’ de escrever um livro, e talvez viver disso. Rafa já tem o dele quase pronto e Felipe ainda tem um pouco de dificuldade para chegar a algo concreto do livro.

O primeiro conflito, aparece logo quando Rafa e Felipe vão até a cidade buscar mais bebida. Rafa diz que terminou seu livro, e enquanto um lê o outro conduz o carro, mas uma brincadeira estupida de Felipe causa um acidente resultando na morte de Rafael.

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O conflito e o drama da historia é todo em torno da morte de Rafael e sobre seu tal livro que ninguém além de Felipe leu. O roteiro foi bem cauteloso, não nos escondendo exatamente o que tinha acontecido, mas deixando na verdade no ar a real situação.

O longa começa datando 1992, nos mostrando o inicio de tudo, até o acidente, pulando para 2002 para nos apresentar como os 6 amigos agora estão (lidando com a perda do amigo) após dez anos.
O cuidado do roteiro do longa é a graça de tudo, logo nas cenas iniciais mostra o carisma total que Rafael tinha com todos. Há uma cena em que um passarinho cai de uma árvore e Rafa quase cai do barranco só para ajudar a ave.

Logo depois mostra o oposto: Felipe vê um besouro de patas para cima e ao invés de ajudar simplesmente ignora. Claro, que não se compara um pássaro a um besouro, porém dá para percebemos logo de cara o caráter dos amigos.
Antes do acidente, os sete tinham escrito uma carta e enterrado, com a promessa de ler após dez anos.

O plot do filme é sobre o amigo que é o personagem de Caio Blat, Felipe. É construído em cima de um ar de mistério, feições pesadas e como se algo em sua mente o culpasse – ele rouba o livro do outro amigo após sua morte, e finge ser de autoria dele, mas esconde isso de sua esposa e dos seus amigos.

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Além desse drama inicial, o longa gira em torno dos dramas internos de cada amigo, no caso de Drica e Casé, que é um casal, Drica quer ter filhos e Casé não. Lucia é livre e não tem problemas que a afligem, tirando a falta que ela sente de Rafa e a curiosidade sobre o que o livro dizia. Lucia é ex de Gus, mas é atualmente esposa de Felipe, que subiu na vida vendendo o livro do amigo e colocando o seu nome. Gus, não esconde a falta que sente de Lucia, mas o tempo passou.

O filme nos mostra bastante também como o passar do tempo muda as pessoas. Mostra o amadurecimento e as mudanças de pensamentos conforme o tempo vai passando e com as consequências de nossos atos.
Vemos nitidamente que a ideia do filme é nos trazer uma proposta diferenciada. Sua produção e fotografia comparada aos filmes que temos nacionais é diferente . Percebemos que estamos em uma nova fase do cinema nacional.

Temos bastante cenas paradas, apenas com sons ambientes, contamos também com uma coloração diferente, bastante paisagem natural e uma paleta de cores puxada para o marrom, vemos um pouco do cinza azulado, do ferrugem, do vinho, cores que causa aquela sensação de casa de campo, tempo frio e natureza.
O enquadramento das cenas é simples, fechadas e abertas quando necessária para mostrar a integração dos amigos.

O tempo em que se passa o filme é o ano de 2002. Em conversas dos amigos são discutidas coisas como o futebol e até a política da época, citando o ex presidente Lula. Algo que é diferente dentro de diálogos dos nossos longas nacionais, quando o foco não é ‘’criticar’’ o país.

A pena é não termos um plot twiste no fim do filme, o que acontece após o acidente fica um pouco previsível sobre o que vem em seguida, quebrando o plot que poderia ter.

No fim, Lucia acaba descobrindo o que Felipe fez, e Silvana também, mas ambas não fazem nada.

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Lembram do besouro que citei no começo? Então, ele aparece duas vezes depois, uma perto de Lucia que se assusta e grita, e Felipe apenas olha, e no final. Quando Lucia e Felipe estão indo embora, Gus olha para a sacada de madeira da casa e vê o pobre besouro virado para cima. Cuidadosamente pega e o vira para o lado certo. Acabando o filme fica no ar se a vida dos seis amigos agora irá seguir o rumo que eles realmente queriam.

Ganhamos também de brinde nesse filme cuidadosamente construído, música de Caetano Veloso, que os próprios cantam em roda para se divertirem.

E para finalizar, lembram também do tal pássaro que Rafael salva? Foi esse tal pássaro que ele salvou que deu inspiração para que Rafa terminasse seu livro com chave de ouro.

‘’Meus queridos companheiros, de fumo e de cana, em dez anos talvez não sejamos mais tão próximos, mas espero que esse momento esteja tão repleto de carinho e sacanagem quanto nossos dias nesse presente que nos parecera talvez, tão distante. Só torço para que quando me olhar no espelho ainda me reconhecer. Quem vamos encontrar? Teremos mudado o mundo, ou o mundo a gente? E se mais uma vez uma pedra fizer três amigos um só, então serei de novo um menino cuja infância se mistura com o desejo, salvando um pássaro como a si mesmo, puro, ingênuo, quase homem… Que puta saudade do que fomos. ’’