Será que nosso paladar evolui, assim como o gosto musical?
Eu sei que parece um pouco absurdo, mas como somos seres que utilizam os cinco sentidos para interagir com o mundo, será que com o passar do tempo, assim como acontece com o paladar, nosso gosto musical também se “aperfeiçoa”?
Estamos vivendo o que gosto de chamar ERA GOURMET. Nessa fase, tudo pode ser consumido em alguma versão gourmet, mais incrementada, como algum tipo de arte, algo mais refinado. São cafés especiais, cervejas artesanais, vinhos, coxinhas e tudo mais que você possa imaginar (e não imaginar). Isso significa que as pessoas estão buscando experiências de sabor, olfato, experiências no geral, mais completas, complexas e satisfatórias.
Posso falar por mim. Aos meus 20 anos, comecei a consumir “com gosto”, cerveja e café, apreciando cada variável. Meu paladar mudou, definitivamente, e comecei a treiná-lo. Portanto, existem sim, aromas, gostos, texturas e experiências mais complexas. Não estou negando-as. A questão aqui é sobre o gosto musical. Será que muda também? Refina-se com o tempo e fica melhor, como o vinho?
Existem alguns artistas que são clássicos, consagrados pelo público e marcaram história. Será que eles representam um gosto mais geral comum? Tipo um arroz com feijão? Já outras bandas, caminham por uma linha mais complicada, sendo aclamada pelos críticos e às vezes nem conhecido pelo grande público, vivendo no underground. Se realmente esse refinamento existe, então devemos respeitar esses caras, certo?
Não estou falando para você ficar acreditando em críticos, nem em artistas novos, só porque disseram que são gênios. Eu mesmo escutei Radiohead diversas vezes, achava até bacana quando era adolescente e só agora, recentemente, compreendi a profundidade da arte dos caras. Ou seja, sempre é tempo para experimentar, nunca é tarde para descobrir novos gostos, ou gostos antigos, mas com um novo olhar. Ou melhor, com um novo paladar. Mas claro, sempre respeitando aquela máxima “gosto não se discute”. Ou se discute?