Branding e propósito: a conexão inadiável na era da autenticidade

Imagem gerada pela IA do Canva

*Por Ricardo Fadul

O mercado publicitário e de comunicação vive uma transformação sem precedentes. Se antes o foco estava em comunicar atributos de produtos e serviços, hoje a conversa mudou. Consumidores, cada vez mais informados e exigentes, buscam empresas que não apenas vendam, mas que representem algo maior. Eles querem organizações com um propósito claro, refletido em todas as suas ações.

Essa demanda crescente por autenticidade e responsabilidade social está redefinindo o papel do propósito no branding. Negligenciar essa conexão genuína entre valores e ações pode levar à perda de credibilidade e relevância.

Mais do que bens ou serviços, as marcas contemporâneas oferecem sonhos, valores e impacto positivo. O propósito é o alicerce dessa construção, definindo identidade, tom de voz e posicionamento no mercado. Em um mundo saturado de informações, o que diferencia uma organização é sua capacidade de gerar sentido.

Quando autêntico, o propósito cria uma conexão emocional profunda com o consumidor, transformando-o de mero comprador em defensor fiel. Exemplos como o cheiro característico da marca ou uma assinatura sonora, tornam a marca memorável e mostram como o marketing sensorial personaliza a experiência. Além disso, o marketing de causa – que abraça questões sociais e ambientais, como a não testagem de produtos em animais, por exemplo – tem se destacado como diferencial competitivo, atraindo consumidores que buscam alinhamento de valores. Por fim, há também a possibilidade de ações como a criação de uma rádio interna, como ferramenta de endomarketing.

Nesse contexto, a transparência tornou-se essencial. Vivemos em um cenário no qual a reputação de uma empresa pode ser construída ou destruída em segundos. Promessas precisam ser cumpridas, sob pena de perder ativos valiosos como confiança e credibilidade.

A comunicação eficaz do propósito vai além das campanhas externas. Ela deve refletir a cultura organizacional, começando de dentro para fora. Quando todos na empresa – do estagiário ao CEO – vivem os valores propostos, eles se tornam genuínos e evitam o ceticismo do público. Organizações que alinham suas práticas a iniciativas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) demonstram compromisso com o coletivo, ampliando a transparência e conectando seus objetivos a causas reais e mensuráveis.

Além disso, o propósito não se limita ao consumidor externo. Ele é o motor que constrói uma cultura organizacional forte, gerando pertencimento genuíno entre os colaboradores. Profissionais, especialmente das novas gerações, buscam mais do que um salário. Eles querem fazer parte de algo maior, sentir que seu trabalho tem significado e impacta positivamente a sociedade.

Para alcançar esse engajamento, é fundamental reforçar diariamente a missão, os valores e a essência da empresa por meio de uma comunicação interna consistente e viva. Ferramentas como rádios e TV corporativas, podcasts e redes sociais internas são cruciais para manter os valores ativos. Além disso, criar um ambiente que promova pertencimento e reconhecimento é indispensável para atrair e reter talentos que compartilhem os mesmos ideais.

Para permanecer relevante, os valores de uma organização precisam ser dinâmicos e capazes de se adaptar às mudanças sociais e ambientais, sem perder sua essência. A longevidade de uma empresa depende de sua capacidade de cultivar esses princípios diariamente, envolvendo todos os níveis da organização. Estar antenado ao contexto, mapeando tendências e comportamentos do consumidor, é indispensável.

O conceito de lifelonglearning é uma prática essencial para que o propósito evolua sem perder sua essência. O grande desafio é equilibrar adaptabilidade com consistência. Ser coerente não significa ser rígido, mas ter clareza de valores e flexibilidade nas formas de expressão. Quem não se reinventa perde relevância; quem se reinventa sem raízes perde identidade.

Imagem gerada pela IA do Canva

Em um cenário de excesso de informação e consumidores protagonistas, propósito e branding tornaram-se sinônimos de relevância. Empresas que compreendem essa interconexão não apenas conquistam clientes fiéis, mas constroem comunidades engajadas, mobilizam colaboradores e geram impacto real na sociedade.

O desafio para os profissionais de marketing e comunicação é cultivar uma cultura forte, ética e inclusiva, capaz de se atualizar sem renunciar ao que a organização representa de mais genuíno. Afinal, comunicar propósito é tornar comum aquilo que, de fato, faz sentido.

*Ricardo Fadul é professor de Processos Criativos e Tecnologias Mediáticas, Criação Publicitária e Produção de Áudio para Publicidade na Universidade de Franca.

ChatGPT e gestão de tráfego: como o marketing está mudando com a IA generativa

Na era da inteligência artificial (IA), as estratégias de marketing digital estão se reinventando — e o ChatGPT emergiu como protagonista dessa transformação. A crescente adoção da IA generativa está redefinindo a forma como marcas atraem audiências, otimizam conteúdos e impulsionam a gestão de tráfego digital.

A tecnologia vem ganhando relevância como motor de busca alternativo. Dados da Semrush mostram que a plataforma da OpenAI já gera tráfego de referência para mais de 30 mil sites, sobretudo nos segmentos de educação e tecnologia — um sinal claro de mudança no comportamento dos usuários. Hoje, mais de 54% das consultas são respondidas sem que haja necessidade de recorrer a uma busca tradicional na web, evidenciando a ascensão de um modelo centrado em respostas instantâneas e conversacionais.

No cenário global, ferramentas de busca com IA, como ChatGPT e Perplexity, já capturam 5,6% do tráfego de buscas em desktops nos EUA (junho de 2025), um salto expressivo em apenas 12 meses. Esse avanço impulsiona novas abordagens de otimização, como a Generative Engine Optimization (GEO), que busca tornar conteúdos visíveis e confiáveis para respostas geradas por inteligência artificial — uma evolução do SEO tradicional.

Profissionais de marketing vêm se adaptando rapidamente. Um artigo recente da Forbes destacou cinco prompts eficazes para potencializar o ChatGPT na geração de tráfego, aplicáveis desde pesquisas de mercado e definição de palavras-chave até a criação de rascunhos alinhados ao público-alvo. Na prática, marcas já utilizam a ferramenta para:

● Criar ideias de conteúdo e pautas (content ideation)
● Mapear público e comportamento (audience research)
● Redigir posts, e-mails e roteiros (content creation)
● Explorar oportunidades em eventos ou campanhas sazonais
● Transformar linguagem técnica em textos envolventes e acessíveis

Com mais de 180 milhões de usuários de internet e penetração de 86,6%, o Brasil é um terreno fértil para inovações digitais como o uso do ChatGPT em marketing e gestão de tráfego. A combinação de alto engajamento online e busca por eficiência coloca os profissionais diante de uma encruzilhada: insistir nos modelos clássicos de SEO ou abraçar a criação de conteúdo conversacional otimizado para IA.

“Ferramentas de inteligência artificial conversacional não substituem os buscadores tradicionais, mas inauguram um novo paradigma de engajamento digital”, afirma Matheus Mota, estrategista de conteúdo e Head de Marketing da Portão 3 (P3). “O foco deixa de ser apenas o SEO clássico, centrado em cliques, e passa a valorizar o que chamamos de GEO: a otimização para respostas geradas por IA. Marcas que souberem integrar essas tecnologias em suas estratégias sairão na frente, especialmente em um cenário onde a visibilidade começa já na primeira interação automatizada.”

Fonte: Jangada Consultoria de Comunicação

A Inteligência Artificial Generativa e a transformação da propaganda digital

Por Adilson Batista*

A Inteligência Artificial Generativa está mudando radicalmente o jeito que se faz propaganda digital. No dia a dia, percebo que essa tecnologia transformou cada etapa do processo criativo, desde o primeiro insight até a validação final das campanhas.

Na fase de ideação, ferramentas de geração de texto oferecem brainstormings instantâneos, dando sugestões rápidas e criativas de slogans, roteiros ou conceitos visuais. Isso amplia e acelera muito o processo criativo, permitindo explorar milhares de ideias em poucos minutos, sem depender exclusivamente da inspiração pessoal.

Durante a criação do conteúdo, a mudança fica ainda mais evidente. Existem ferramentas avançadas que geram anúncios completos, desde textos bem elaborados até imagens personalizadas para diferentes tipos de público. A IA finalmente entregou algo que o mercado buscava há muito tempo: a hiperpersonalização em escala. Isso permite entregar a mensagem certa, no momento certo e para a pessoa certa com uma eficiência que seria impossível manualmente.

Esses avanços não significam apenas ganhos de eficiência, mas também um salto quantitativo nas campanhas. Anúncios que antes levavam semanas para serem lançados agora ficam prontos em dias ou até horas. Grandes anunciantes já perceberam isso, destacando que a IA generativa reduziu muito o tempo necessário para produção criativa, liberando mais tempo para a equipe focar em decisões estratégicas.

Além disso, a qualidade dos anúncios aumentou porque algoritmos inteligentes analisam comportamentos anteriores e otimizam cada detalhe, desde títulos até imagens e chamadas para ação, aumentando o engajamento geral. Na prática, muitas empresas de alto desempenho já estão adotando essas tecnologias.

Outro ponto interessante é que essa revolução não se limita apenas à criação dos anúncios. Na etapa de distribuição e veiculação, plataformas como o AI Sandbox do Meta já usam a IA para ajustar dinamicamente os conteúdos com base nas reações do público em tempo real, gerando diversas versões adaptadas automaticamente para cada canal. Mas para aproveitar tudo isso, é essencial ter uma base sólida de conhecimento. As empresas devem estruturar cuidadosamente suas informações internas – desde guias de estilo, históricos de campanhas anteriores e catálogos de produtos até interações de clientes em redes sociais, avaliações e pesquisas de mercado. Tudo isso funciona como combustível para a IA, permitindo que ela crie conteúdos mais precisos e alinhados à identidade da marca.

Hoje já existem plataformas e tecnologias como o Retrieval Augmented Generation (RAG), que conseguem acessar rapidamente essa base de dados e gerar conteúdos coerentes e personalizados. Empresas líderes, como a Coca-Cola, já mostraram o potencial dessa abordagem ao combinar modelos como GPT-4 e DALL-E com seu próprio acervo, garantindo que a IA capture e reproduza o verdadeiro espírito da marca. Conectada a uma boa base de dados, a IA generativa também vira uma máquina poderosa de insights. Ela analisa volumes gigantescos de informações para identificar tendências e oportunidades que muitas vezes passariam despercebidas. Um exemplo é como grandes marcas conseguem prever tendências de consumo analisando milhões de interações online, gerando insights úteis para campanhas muito mais eficientes.

Foto de Levart_Photographer na Unsplash

Em seguida, a IA entra em cena produzindo conteúdos altamente personalizados. Os resultados são impressionantes: textos e imagens gerados instantaneamente e adaptados a diferentes perfis de público, aumentando drasticamente a eficácia das campanhas. Um exemplo claro é o da Michaels Stores, que alcançou níveis de personalização quase totais em suas comunicações, melhorando significativamente seus resultados.

A criatividade também ganha novos horizontes com a IA permitindo até mesmo cocriações entre marcas e consumidores. A campanha “Create Real Magic” da Coca-Cola é um ótimo exemplo, com consumidores usando a IA para gerar artes únicas, alcançando níveis altíssimos de engajamento.

Vale reforçar que, mesmo com toda essa automação, o fator humano continua essencial. O papel dos profissionais passa a ser de curadoria e refinamento, selecionando e aprimorando as ideias que a IA gera, garantindo alinhamento estratégico e emocional das campanhas. Outro ganho importante é a validação prévia de ideias. Hoje, modelos de IA simulam o desempenho das campanhas antes delas irem ao ar, ajudando a identificar rapidamente o que funciona melhor e reduzindo muito o risco. Empresas como a Kantar já fazem isso em minutos, prevendo o impacto real dos anúncios antes mesmo de serem lançados.

Essas simulações vão além dos números, fornecendo também insights qualitativos que ajudam a entender como diferentes públicos podem reagir a uma campanha, funcionando como verdadeiros grupos focais virtuais.

A chave para tudo isso funcionar bem são os dados corretos. Dados proprietários, mídias sociais, relatórios de mercado, conversas de atendimento e conteúdo produzido anteriormente são fundamentais para que a IA entregue resultados realmente personalizados e eficazes.

Essa transformação chegou para ficar. Hoje é possível fazer muito mais com menos, lançando campanhas mais assertivas, rápidas e com alto potencial de retorno. Claro, desafios existem, como garantir ética e qualidade, mas o caminho já está claro: a propaganda digital será cada vez mais guiada pela Inteligência Artificial, e o profissional de marketing terá um papel estratégico fundamental em pilotar e refinar esses resultados.

*Adilson Batista é especialista em IA Generativa e CIO da Cadastra

Um olhar sobre as novas ideias em Brand Experience

Por Ricardo Leão*

Nos últimos anos, o marketing experiencial passou por uma verdadeira transformação. A maneira como as marcas interagem com seus consumidores precisou evoluir para acompanhar as mudanças no comportamento das pessoas. Hoje, estamos falando de uma era em que a experiência de marca precisa ser mais do que apenas visual: ela precisa ser sentida, vivida e, acima de tudo, personalizada.

A evolução da experiência no olhar das marcas

Estamos em um momento em que os consumidores querem algo além do óbvio. Eles buscam experiências que misturam o digital com o físico, que surpreendem e que se conectam de forma genuína com suas vidas. Com o avanço da tecnologia, especialmente com a inteligência artificial, as marcas têm uma oportunidade incrível de criar momentos únicos. Pense em algo adaptado em tempo real ao gosto de cada pessoa, que faz com que cada interação seja especial e memorável.

Outro ponto que não dá para ignorar é a autenticidade. As pessoas querem sentir que aquilo que estão vivendo é real, que tem um propósito e, principalmente, que se alinha com seus próprios valores. Marcas que conseguem ser autênticas, que falam a mesma língua que seus consumidores, acabam se destacando naturalmente.

Um exemplo prático e recente de como essa combinação de tecnologia, personalização e autenticidade pode ser aplicada é a ativação da Crystal no Cirque du Soleil. Até outubro de 2024, a Crystal, junto com a Agência MAK, criou um estande imersivo em São Paulo que realmente leva as pessoas para outro mundo, aumentando ainda mais a magia do evento.

No estande, o público foi convidado a interagir com o espaço de maneiras que iam além do visual. Havia projeções mapeadas, aromas específicos e sons escolhidos a dedo para criar uma experiência completa e envolvente. O resultado? As pessoas não só ficaram impressionadas, mas também sentiram que a Crystal é uma marca que realmente se preocupa em proporcionar algo inovador e com conexão, proporcionando uma experiência integrada entre marcas e consumidores.

Esse tipo de ativação mostra como é possível ir além do comum, usando a criatividade, a tecnologia e a interatividade para criar experiências que realmente marcam e conectam com o público. No final das contas, é isso que faz uma marca ficar na memória e no coração das pessoas.

*Ricardo Leão é o fundador e CEO da Agência MAK, uma das principais agências de live marketing e brand experience do Brasil, com mais de 16 anos de atuação no mercado. Graduado em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com mestrado em Administração. Sob sua liderança, a MAK tornou-se pioneira e referência no setor de live marketing, especializada em ativações, eventos, materiais de PDV, projetos tailor made, convenções, endomarketing e criação. A agência atende grandes marcas como Coca-Cola FEMSA, Heineken, Fini, Campari, Alelo, Intelbras e Eurofarma, oferecendo soluções inovadoras que se destacam pela criatividade e resultados impactantes. A excelência do trabalho realizado pela MAK é comprovada pelas cinco conquistas do Prêmio Caio, considerado o “Oscar dos Eventos” no Brasil.