Transformação digital, dados e marcas

Confiabilidade dos dados vs. reputação da marca

por Marisa Travaglin*

A transformação digital chegou para ficar e está impactando todo o comportamento do indivíduo no século XXI no momento de aquisição de produtos e serviços. A cada dia que se passa, sofremos uma avalanche de informações, dados disponíveis e polarização de opiniões, levando organizações e, principalmente, profissionais de marketing a monitorar a evolução desta percepção para conduzir com confiança o desenvolvimento organizacional de sua empresa.

Foto: Pixabay

Para analisar a percepção de uma marca é necessário ter acesso a várias opiniões de diferentes grupos, os quais têm uma visão minimamente nítida sobre esta organização, pois assim serão construídas opiniões, positivas para uns e negativas para outros, dependendo da interpretação. O ponto de atenção aqui será analisar a qualidade das informações recebidas e a credibilidade do emissor/organização, pois estes fatores serão críticos na formação das impressões do público.

Como executiva de marketing dentro de uma empresa que vem se preparando desde o início para lidar com o novo panorama de responsabilidade de dados, entendo que a elaboração de uma estratégia de marketing e comunicação terá um enorme impacto na reputação da marca que, segundo estudos, é um dos principais fatores que pesam na decisão de executivos na hora de escolherem uma empresa para trabalhar. Esta constatação reflete a relevância deste quesito não só no aumento de vendas e de elementos como marketshare e share of mind, mas também na construção de uma equipe sólida e bem qualificada para lidar com os desafios atuais no mundo corporativo.

Nesta Era Digital, trabalhar com dados confiáveis é um grande desafio que passa a integrar a nova rotina dos profissionais de marketing. Acompanhando esta nova realidade, vem a necessidade de lidar com novas tecnologias/softwares que analisam o comportamento e engajamento do indivíduo (o que permite enxergar formas de customizar o serviço e tornar a experiência do usuário a mais marcante e especial possível), assim como a obrigação de lidar com um novo paradigma de responsabilidade de dados.

Diz-me o que fazes com meus dados, que direi se confio em tua empresa

Não se poderia falar de “Era Digital” sem olhar para um assunto que também vai impactar a rotina do Marketing quando manipulamos dados; trata-se da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados – que entrará em vigor em fevereiro 2020, tendo como objetivo garantir a segurança on-line dos dados dos usuários. Inspirada pelo GDPR (lei europeia já em vigor desde maio deste ano, de caráter muito similar), esta nova regra deve ter impactos sensíveis em todos os segmentos de atuação que coletam e manipulam dados de terceiros, o que inclui o marketing.

De modo geral, entendo que a LGPD deve ter três impactos principais:

Acesso a Dados
Neste quesito, as pessoas terão o direito de remover informações pessoais desatualizadas ou imprecisas, desta forma os usuários podem obter mais controle sobre como seus dados são coletados e usados – incluindo a capacidade de acessá-los ou removê-los –, reforçando seu direito de serem esquecidos – portanto, removido das bases de dados das empresas. Portanto, a partir de agora, será responsabilidade dos profissionais de marketing garantirem que seus usuários possam acessar facilmente seus dados e remover o consentimento de seu uso, com impactos diretos em algumas das principais vertentes de Marketing digital e na análise perfilação de público-alvo.

Enriquecimento de bases e compartilhamento de usuários
Atualmente, nos e-mails que gerenciamos, usamos os opt-ins como única forma de pedir a permissão dos dados, supondo que eles queiram receber mais informações do portfólio da empresa, bem como de seus parceiros. Com a nova lei em vigor, além de solicitar a permissão de envio de mais materiais teremos que solicitar aos usuários sua permissão para serem contatados futuramente para novos produtos ou para compartilhar e enriquecer bases de dados com serviços de parceiros.

Foco na transparência do uso de dados
Teremos que solicitar dados que as organizações realmente precisem e justificar ao usuário final se precisar de outras informações, pois a lei exigirá que a empresa explique-se legalmente quanto ao processamento dos dados pessoais coletados. Na prática, isso vai se traduzir em uma necessidade de planejamento de campanhas muito mais detalhado e consciente e, portanto, mais complexo.

Diante desta nova realidade, não é difícil concluir que as novas estratégias de branding deverão ir muito além das práticas tradicionais de design e naming, devendo incluir um forte apelo à responsabilidade da empresa em relação às suas práticas em todos os canais e meios utilizados: site, blog, mídias sociais e também se posicionando nos eventos do mercado ou ainda na produção de eventos internos que tem como objetivo estreitar relacionamento. Até mesmo o conteúdo produzido, peça fundamental no Inbound Marketing, precisa ser idealizado de modo a refletir a voz e os valores da empresa, fortalecendo a identificação com seus clientes.

Foto: Pixabay

Depois de construída a estratégia de branding, analise a forma como o mercado e sua base de clientes reagem a seus esforços, verificando elementos como awareness, fidelidade, identidade, valor e percepção, para assim poder trabalhar em novos planos. Naturalmente, a responsabilidade com os dados coletados vale para esta etapa também, por isso reforço a necessidade de haver um procedimento muito claro e bem estabelecido de coleta e processamento de informações, de modo que a empresa não seja prejudicada ao executar sua estratégia de mercado.

Como podemos ver, tratar a confiabilidade dos dados coletados dará o tom para fazer a gestão da imagem de uma marca mais assertiva, fator essencial para que ela tenha uma repercussão positiva no mercado e, com isso, seja lembrada na hora da tomada de decisão de compra ou na hora de contratar novos profissionais e formar um time competitivo e pronto para lidar com um cenário cada vez mais desafiador.

*Marisa Travaglin é head de Marketing na Trend Micro no Brasil

Fonte: RMA Comunicação – Thais Amaral

A publicidade não vai parecer publicidade

Publicidade do futuro será personalizada, automatizada, imersiva, experimental e mensurável

A publicidade do futuro não terá nenhuma semelhança com o modelo atual. Esqueça as propagandas que você está acostumado a assistir porque elas estão com os dias contados. Afinal, a transformação digital tem revolucionado a forma como consumimos conteúdo e o futuro está logo ali. Em alguns anos, a publicidade não vai parecer publicidade. Para comprovar esse movimento, a Adobe compilou 15 estatísticas que mostram onde estamos e para onde vamos:

1. O total de gastos com anúncios de mídia em todo o mundo aumentará 7,4%, chegando a US$ 628,63 bilhões em 2018. A mídia digital será responsável por 43,5% dos investimentos. Até 2020, a participação digital no total da publicidade será de cerca de 50%. (Fonte: eMarketer)

2. O mobile será a maior parte desse gasto, com 67,3% da publicidade digital e 29,2% do total de anúncios de mídia este ano. (Fonte: eMarketer)

3. Nos EUA, especificamente, a publicidade digital alcançará US$ 107,3 bilhões em 2018, um aumento de 18,7% em relação aos US$ 90,39 bilhões de 2017. (Fonte: eMarketer)

4. Os anunciantes devem gastar US$ 66 bilhões globalmente em patrocínio neste ano, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior. Quando comparado com a mídia paga, o patrocínio é o segundo canal de publicidade que mais cresce atrás dos formatos da Internet. (Fonte: WARC)

5. A publicidade está certamente se tornando mais automatizada. Na verdade, os gastos com automação de marketing/publicidade devem chegar a US$ 25,1 bilhões por ano até 2023. (Fonte: MarTech Today)

6. Quando se trata de publicidade na TV, a maior parte ainda é comprada manualmente. Menos de um terço (28%) das marcas integraram dados de audiência digital em suas compras de anúncios de TV, embora 68% planejem fazê-lo nos próximos 12 meses. (Fonte: Adobe)

7. O marketing indireto em vários meios de comunicação e a publicidade em vídeo over-the-top (OTT) devem chegar a ganhos de dois dígitos devido ao aumento dos cancelamentos de serviços de TV a cabo e a tendência dos vídeos OTT. (Fonte: PQ Media)

8. Dois terços de todo o crescimento dos gastos com publicidade global entre 2017 e 2020 virão de paid search e mídia social. (Fonte: Zenith)

9. Metade da geração Z (50%) e 42% dos millenials disseram que os anúncios nas redes sociais são mais relevantes para eles, enquanto a geração X e os baby boomers disseram que ainda preferem publicidade na TV. (Fonte: Adobe Digital Insights)

10. Mais de 70% dos anunciantes acreditam que seus anúncios são relevantes para o público-alvo que eles estão segmentando. No entanto, apenas 8% das pessoas acham que os anúncios que veem on-line são sempre relevantes. (Fonte: Adobe Digital Insights)

11. Espera-se que o varejo seja a maior fatia do bolo de publicidade digital este ano, com uma estimativa de 21,9% do total de gastos com anúncios digitais. Os setores automotivo (10,4% do gasto total), financeiro (10,3%), produtos farmacêuticos/medicamentos (9,8%) e viagens e turismo (9,3%) completarão os cinco principais consumidores de publicidade digital. (Fonte: Marketing Charts)

12. Em média, os anunciantes gastarão mais de US$ 10 milhões anualmente com publicidade de suas marcas em vídeos digitais e móveis, um aumento de 53% em relação a dois anos atrás, em 2016. (Fonte: IAB)

13. 84% dos anunciantes disseram que iriam realizar cada vez mais funções de publicidade internamente este ano, anunciando diretamente ao consumidor. (Fonte: IAB)

14. 2018 tem sido o ano do marketing experimental, com nove em cada dez profissionais de marketing reconhecendo sua importância na condução do engajamento da marca. (Fonte: Freeman)

15. Espera-se que a receita de publicidade em mídia social atinja US$ 51,3 bilhões em 2018. São US$ 17,24 por usuário. Essa receita deve crescer 10,5% ao ano. (Fonte: Hootsuite)

Fonte: Adobe Systems Incorporated – RMA Comunicação – Alisson Costa

Já ouviu falar de marketing conversacional?

Marketing conversacional: o futuro da relação empresa – consumidor

*Por Raphael Godoy

O marketing conversacional ainda não é um verbete do Wikipedia, tem menos de 90 resultados na pesquisa do Google em língua portuguesa e não aparece (ainda!) no Google Trends Brasil dos últimos 12 meses. Mesmo assim, é capaz de elevar a relação das empresas com os clientes a um nível jamais visto com outros métodos de interação. E aqui estou falando do telefone, mobile, e-mail e até dos apps e redes sociais.

Como isso é possível? Primeiro, porque o marketing conversacional não é simplesmente uma junção de palavras já conhecidas que mantêm seus significados particulares. Muito além disso, o marketing conversacional se apropria de dois termos conhecidos para ressignificá-los e criar um universo de possibilidades na indústria 4.0, onde a comunicação não pode ser mais uma via de mão única. Assim, quem se comunica precisa estar preparado tanto para emitir a mensagem quanto para receber e reagir prontamente aos feedbacks, que podem vir de diferentes e múltiplos canais. Não parece simples, mas já é totalmente possível.

O marketing conversacional parte do princípio de que a humanização está na qualidade e prontidão da resposta para sanar as dores, e não, necessariamente, no atendimento humano. É fácil entender esse exemplo ao pensar nas ligações que fazemos com o objetivo de resolver um problema – em relação a um produto, serviço ou uma dúvida – mas, ao desligar o aparelho, temos a sensação de que apenas perdemos tempo, depois de uma série de transferências de linha.

A boa notícia é que tudo pode ser mais simples! O marketing conversacional chega para transformar a comunicação em uma conversa personalizada, contextual (o histórico não se perde) e com respostas em tempo real ou no tempo adequado para melhorar a experiência dos clientes, colocando-os no centro.

A questão é que a transformação digital não é um termo passageiro. É uma revolução que está apenas começando e, por isso, demanda novos modelos de serviços, produtos, atendimento. Em recente estudo, divulgado em abril deste ano, a consultoria Gartner apoia essa visão ao afirmar que a automação de processos e a adoção de tecnologias que agreguem agilidade e inteligência às operações deverá crescer em ritmo frenético em poucos anos, por demanda do próprio mercado. Só em 2018, de acordo com a consultoria, os investimentos globais em tecnologia da informação deverão somar US$ 3,7 trilhões, um aumento de 4,3% sobre 2017. E em dois anos, o número de dispositivos conectados à Internet em todo o mundo passará dos 30 bilhões.

Por tudo isso, o marketing conversacional conta com uma tecnologia imbatível: o chatbot, canal com grau de importância de 3,9 (em uma escala até 5) para a comunicação com os clientes, segundo pesquisa realizada em junho pelo Share, especializado em consultoria direcionada à curadoria de conteúdos para marketing e agências, que considerou a opinião de profissionais de marketing digital e agências.

Esse número é totalmente compreensível se olharmos para as vantagens trazidas por esses assistentes virtuais: atendimento 24 horas por dia, nos sete dias da semana; escalabilidade; automação que possibilita diversos atendimentos qualificados ao mesmo tempo; comunicação pelo canal preferido pelo cliente; possibilidade de ser aplicado a todos os modelos de negócios para resolver diversas dores; além de possibilidade de integração com diversas ferramentas do ecossistema atual de marketing, como CRM, inbound marketing, funil de vendas, e-commerce e muitas outras possibilidades.

O marketing conversacional, com o suporte do chatbot, transita por toda a jornada do cliente. Está presente na atração e qualificação com a geração e avaliação de leads; na ativação, com promoções e atendimento; e na fidelização, retenção e reativação com promoção, atendimento e pesquisas de satisfação. Assim, é possível qualificar, engajar e informar, desde que o chatbot tenha uma personalidade bem definida e aderente ao perfil das pessoas com as quais se comunica, seja construído com base em storytelling e oriente a próxima ação.

Segundo o Gartner, 85% dos consumidores vão se relacionar com as marcas sem interagir com humanos. Sua empresa está preparada para essa nova realidade? Posso te dizer, com toda a certeza, que se o marketing conversacional for implantado ao longo desses próximos dois anos, a sua companhia certamente estará!

* Raphael Godoy é head de Marketing na Zenvia, empresa líder brasileira em mensagens e chatbots.

Planejamento de longo prazo na era digital

Na era da transformação digital, planejar a longo prazo pode ser fatal

por Wagner Bernardes*

CEOs, CIOs e todo o board têm de lidar com um complexo combinado de variáveis na definição da estratégia de negócios: de um lado, são impelidos a adotar mudanças rapidamente, já que a transformação digital acelera tanto o surgimento de tecnologias revolucionárias quanto o de concorrentes que, pela característica nativa digital, são mais ágeis e inovadores. Do outro, a instabilidade econômica e política enfrentada em alguns países da América Latina demanda cautela na definição de rotas, principalmente as que apontam para novos cenários. Em meio ao caos, organizações que não conseguirem ajustar o timing da tomada de decisão colocam em xeque sua sobrevivência – e isso não é exagero ou alarmismo.

Foto:  PWP Studio – Corporate Event Photographers

A inércia não pode ser considerada uma opção, assim como manter o jeito antigo e moroso de planejar e executar também é uma atitude perigosa. Adotar o conceito ágil e interativo – errar rápido para corrigir e acertar na mesma velocidade – nunca foi tão essencial. A meta de longo prazo para a transformação digital pode e deve ser definida, mas sua execução deve ser feita por fases, com objetivos claros e de rápida realização.

Dessa forma, é preciso construir, hoje, um ambiente maleável, que permita aumentar ou diminuir a infraestrutura e as soluções, conforme a necessidade da empresa para atender às demandas que surgem, muitas vezes, de forma inesperada. E tudo isso sempre atendendo ao compliance da companhia, para garantir que qualquer mudança que ocorra no ambiente de TI esteja sob gestão e crivo do CIO e sua equipe, garantindo compliance e segurança da informação.

A necessidade de uma gestão mais ágil da TI já foi percebida pelos líderes. Uma pesquisa realizada com 500 organizações dos Estados Unidos, desenvolvida pela CompTIA, por exemplo, descobriu que apenas 34% delas desenvolvem um plano de arquitetura de TI com uma janela que vai além de 12 meses. Antigamente, era normal que durassem até dez anos, para boa parte das corporações – considerando a efervescência do mercado, hoje, uma decisão dessas pode ser fatal.

Também vale um alerta: há armadilhas do próprio mercado de tecnologia da informação, que tem disponível uma infinidade de opções que nem sempre serão úteis para a organização. Nesse cenário, ganha ainda mais força o discurso sobre a importância de uma TI estratégica e próxima das áreas de negócios. Afinal, todo o processo de adaptação pelo qual passamos visa a proporcionar robustez para a empresa crescer ao mesmo tempo em que a tecnologia avança. Do contrário, pode se tornar apenas mais um documento burocrático.

Não existem regras ou um passo a passo para constituir um plano de transformação digital que funcione para todas as empresas. Mas, uma coisa é certa: espera ou lentidão não representam um plano seguro. É preciso começar hoje para garantir a sobrevivência amanhã.

*Wagner Bernardes é diretor de vendas da Orange Business Services

Fonte: aboutCOM – Natalia Diogo