Um pouco do que foi o Festup Tendências

Mudar para tratar de mudança

Josué Brazil

No último sábado tivemos a volta do tradicional evento da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda) voltado para os estudantes de comunicação, o Festup. Depois de um hiato em 2017, o Festup voltou repaginado. E com novo nome: Festup Tendências.

Mudou basicamente em dois aspectos: o local e o número de dias (e por consequência o número de palestras). O festival que tradicionalmente acontecia na FAAP foi realizado na ESPM. Eram dois dias, sábado e domingo, e agora ocorreu apenas no sábado.

Eu, Gerson Mario (professor) e a turma de alunos que compareceram aos Festup Tendências

Permaneceu o modelo de auditórios identificados por cores, cada um com uma grade de palestras que ocorrem simultaneamente. Só que neste ano tivemos três auditórios (amarelo, azul e vermelho). O line up estava bem equilibrado, de modo que os três auditórios eram igualmente atraentes.

A ideia, expressa no novo nome, é tratar de tendências do mercado de comunicação. Para tanto, palestrantes de outras áreas e atividades foram escalados para palestrar. Como disse André Porto Alegre, diretor da APP, na abertura: “o Festup sempre tentou mostrar como a propaganda era feita, agora queremos mostrar como ela deverá ser feita”.

Como tenho o privilégio, como professor, de usar um crachá branco e poder circular livremente por todos os auditórios, fiz uma costura que julguei interessante entre os diferentes conteúdos. Vou tentar falar um pouquinho do que vi e ouvi.

Comecei pelo auditório azul com a palestra de Marcelo Tripoli, da MCKinsey. Ele focou sua palestra no cenário digital, no uso de dados e numa comunicação assertiva e de performance. Mostrou que o big data e a inteligência de negócios vão conduzir a comunicação a outro nível de atuação.

Marcelo Tripoli, MCKinsey

Na sequência troquei de auditório e fui acompanhar a fala de Luis Renato Lui, da Tribal Worldwide. E foi muito bom! Ele abriu o jogo. Mostrou todo o “modus operndi”de sua agência e como seu modelo de atuação tem atraído novos clientes. Ele disse que a Tribal é uma agência “end to end”: comunicação para além do plano de mídia, construindo plataformas de negócio. A Tribal promove a junção, a síntese de stories+systems, apostando em ser uma agência líquida.

Luis Renato Lui da Tribal

Ainda pela manhã acompanhei a interessante palestra de Tati Oliva e sua Cross, agência de parcerias. Uma proposta de atuação muito interessante e calcada na construção de parcerias entre marcas para a geração de novos negócios. E também a palestra de Patricia Santos, do Empregueafro, que baseou sua apresentação no projeto desenvolvido junto a uma grande agência de propaganda para a inserção de jovens negros e no quadro de desigualdade racial do país. Conheça aqui o Empregueafro.

Almoço com meus alunos…

Depois presenciei a melhor palestra do dia: Ana Cortat da Hybrid Colab dando um show de lucidez e discurso fluído e rico. Ela tratou dos quatro fatores impulsionadores da nova economia e mostrou que aspectos como igualdade e diversidade são urgentes e necessários para um maior desenvolvimento econômico e social. Um show. Nem consegui fazer anotações…

Ana Cortat, Hybrid Colab

Logo depois vieram Alessandre Siano do Finacial Times e Thabata Guerra da Must Music Academy. Misturei as duas assistindo um pouco de cada, mas estava cansado pós almoço e pouco aproveitei. Falha minha…

Acordei com a palestra da Wieden+Kennedy. Vitor Abud apresentou o projeto Os Kennedys e trouxe o grupo que atualmente usufrui da oportunidade de inclusão gerada pelo programa. Muito bacana ver jovens de origens tão distintas apaixonados pelo universo da propaganda.  A Wieden+Kennedy marcou um golaço!

Fábio Tachibana e os Kennedys 2018

Para fechar o dia fui assistir a fala de Fábio Tachibana da Grey Brasil. O tema da palestra foi “Mídia que não tem cara de mídia”. Fábio é profissional de mídia por origem, mas mostrou que a Grey fundiu as áreas de Mídia, Data e Conteúdo. Explicou os desafios que virão com o novo modelo e apresentou cases excelentes da agência, como este aqui.

Para finalizar só resta dizer: novo modelo de Festup 100% aprovado. E que venha o Festup Tendências 2019!

Coluna “Discutindo a relação…”

Tudo junto, agora e ao vivo

Josué coluna correto

O tema da edição deste ano do Fest’up – Festival Universitário de Propaganda”, tradicional evento promovido pela APP e que chega a sua 36ª edição – é “Propaganda ao Vivo. Adapte-se”.

Ouvi semana passada uma entrevista do André Porto Alegre em uma web rádio, o nome da APP quando o assunto é Fest’up. E lá ele explicava um pouco sobre o tema e o evento. Sua fala me levou a refletir sobre como está o cenário de comunicação mercadológica no momento. Sobre o que está acontecendo.

E comecei a refletir sobre a velocidade com que temos e teremos que planejar, criar e produzir projetos de comunicação. A velocidade está num nível altíssimo. Quase insuportável. O advento das mídias sociais e, como decorrência, da pronta resposta do público aos nossos imputs de comunicação, fez tudo se tornar ainda mais instantâneo e imediato. Quase não dá para respirar.

Os tempos entre planejamento, criação e produção ficam cada vez menores.Há também de se antecipar possíveis retornos e diálogos e estar pronto para dar respostas consistentes. Gerir crises virou algo relativamente comum para as agências e marcas.Estamos, como o tema do Fest’up define, fazendo ‘propaganda ao vivo”. E sim, temos e teremeos todos que buscar a adaptação. Urgente!

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Bom senso, capacidade analítica, boa capacidade de diálogo, constante interpretação de cenários e públicos são elementos decisivos dentro desta nova realidade. O novo profissional de propaganda (de relações públicas, de jornalismo, o conteudista, o profissional de marketing) deve ter senso de urgência aliado à técnicas e fundamentos bastante sólidos.

O mais complicado de toda esta situação, o grande desafio que se apresenta é o da manutenção da qualidade da comunicação. Como entregar projetos consistentes, eficazes, diferenciados e impactantes para os clientes/anunciantes, viajando na velocidade da luz?

Crescemos todos ouvindo o famoso dito popular: “a pressa é inimiga da perfeição”. Acho que teremos que nos esforçar muito para resolver esta antiga pendência. Vamos ter que fazer a pressa ficar mais amiguinha da perfeição. Não vai ser fácil. Mais é extremamente importante cuidar desta relação!

As fronteiras da comunicação, por outro lado, vem desmoronando já há algum tempo. O profissional deverá ser cada vez mais de comunicação. Como um todo. Sem barreiras entre diferentes habilitações. Faremos, então, tudo rápido, integrado e com qualidade.

É fácil? Não, de modo algum. Mas como costumo dizer aos meus alunos, se fosse fácil qualquer um faria.

Mais um Fest’up

Capturando tendências

por Josué Brazil

Neste último fim de semana participei da 25ª edição do Festival Universitário de Propaganda promovido pela APP. O conhecido Fest’up. Quem me acompanha pelas redes sociais  percebeu que sempre dou muita importância a este evento anual, seja pela excelente possibilidade de ampliar os conhecimentos dos meus alunos quanto para perceber quais são as tendências do mercado de comunicação.

E foi nesta questão, de para onde caminha nossa atividade, que fiquei de olho no sábado e no domingo ao longo de todas as palestras. Algumas coisas se destacaram. E bastante.

25-FESTUP

A que mais me chamou atenção foi a tendência da propaganda, a comunicação como um todo ser VERDADEIRA. A propaganda deve estar ligada às verdades de seu público. Não adianta mais dourar a pilula. As pessoas não engolem mais. Uma peça publicitária bonita, bem feita e adequada não basta. Ela tem que ser bastante verdadeira. Deve encerrar um compromisso da marca/produto ou serviço com seu público e com a sociedade.

Outra coisa que me chamou a atenção é o conceito de comunicação líquida. Aquela que preenche todos os pontos de contato com o público,  se mistura e se molda. Ao mesmo tempo, por ser líquida, flui por todos os pontos de contato e permite respostas e interatividade. A comunicação é envolvente, mas não no sentindo da sedução, e sim no que se refere a ser fluída e maleável.

É impressionante perceber como grandes marcas têm se arriscado em projetos de comunicação ousados e verdadeiros. A maioria destes cases, é claro, são internacionais. Mas pode ter certeza que estes ventos já começam a soprar por aqui.

Está na hora das agências e anunciantes nacionais e regionais (nossos anunciantes) perceberem de vez este novo cenário. O cenário de um consumidor absolutamente cético em relação a projetos e peças tradicionais de comunicação mercadológica. Perceber que os consumidores atuais querem ser vistos como pessoas de verdade. E que querem posicionamentos verdadeiros das marcas, produtos e serviços.

Uma das coisas que ouvi lá, fruto de uma extensa pesquisa internacional, me chamou demais a atenção: “As pessoas acham que as marcas é que vão mudar o mundo”.

É para pensar. Bastante! E agir. Muito!

 

Momentos legais 3

O Festup

O Festup deste ano foi muito, muito proveitoso. Boas palestras nos dois dias. Mas o ponto alto – na minha opinião – foi a palestra, logo a primeira no primeiro dia, do Hugo Rodrigues, da Publicis. Um cara humilde, atencioso e que falou sobre multiplataformas de comunicação de maneira simples, didática e dinâmica. Eu acompanhei atenciosamente, acompanhado pelo Gustavo Gobbato e pelo Thélio Bonésio (ambos da Arriba!, sendo o primeiro meu amigo e colega de sala de aula na Unitau e o segundo; amigo, ex-aluno e ex-orientando), além da Grazielly Ribeiro, ex-aluna de propaganda da Unitau, minha orientanda em 2012 e (naquele momento) estagiária em Atendimento/Planejamento na Apoena Comunicação.

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Hugo Rodrigues no Festup deste ano. Na foto também estão o Thélio Bonesio e o Gustavo Gobbato.