Publicidade com relevância: a era da comunicação data driven

por Fabio Schmitz, diretor da agência Seven Comunicação Total

Vivemos a era mais conectada de todas, com muita informação passando pela timeline de inúmeras redes sociais que acompanhamos diariamente. Devido a essa conexão intensa, deixamos nossos rastros por onde passamos. Já não é tão difícil ter acesso a um endereço de email, número de celular, idade e até mesmo gostos pessoais de alguém, já que a maioria de nós faz questão de postar muitas dessas informações nas redes para nossos amigos – e o mercado – saberem.

Fábio Schmitz, diretor da agência Seven Comunicação Total

Outros tipos de dados, como nosso tráfego na internet – o que acessamos, o que curtimos, o que não gostamos, ou seja, informação mais complexa – também estão disponíveis. O melhor uso de dados está na capacidade de tratá-los, analisá-los e contextualizá-los, para que eles enriqueçam as campanhas e promovam a melhor estratégia para os clientes.

É o que chamamos de data driven, quando a comunicação de uma empresa, especialmente suas campanhas publicitárias que impactam diretamente seu público-alvo, são orientadas por dados. Neste processo informações coletadas sobre o público e o mercado proporcionam assertividade (falamos diretamente com quem desejamos) e maior resultado (uma comunicação assertiva evolui para um volume de vendas muito mais expressivo). Um estudo da consultoria BCG em parceria com o Google, aponta que empresas que adotam a cultura dos dados em sua relação com os consumidores têm receita até 20% maior e chegam a cortar os custos em 30%.

Já outro estudo da Talend mostrou que 78% dos líderes de negócios dizem que enfrentam desafios ao usar seus dados e mais de um terço deles não estão usando-os para tomar decisões. As empresas têm mais acesso aos dados do que nunca, mas há muito poucas maneiras de entendê-los e principalmente de definir o que é prioritário para ajudar nessas análises. É, portanto, um campo que ainda exige uma grande evolução em muitas empresas, mas que para o mercado de comunicação reflete um oceano azul de possibilidades.

Com o data driven, mais do que nunca, temos a possibilidade de mensurar, através de dados minerados com maior precisão, o impacto das ações. Uma pesquisa recente da Kantar Ibope revelou, por exemplo, que 54% dos consumidores preferem ver anúncios que sejam relevantes para os seus interesses e particularidades (o que o universo digital, com informações relevantes de acesso e de comportamento do internauta, proporciona ao publicitário).

Outro fator que a comunicação data driven promove é a “personalização em massa”, com a possibilidade de atender demandas dos clientes, um a um, de forma massificada. O avanço da tecnologia em smartphones, computação em nuvem e aceleração digital como um todo mudaram esse cenário.

Um caminho para a melhor utilização dos dados é o desenvolvimento de data lakes, que são grandes depósitos de dados que podem ser acessados por qualquer área da empresa, além do apoio de profissionais especializados nas novas plataformas digitais para alavancar a comunicação. Isso porque, mais do que nunca, o dado bruto não é fator de diferenciação, mas sim a capacidade de transformar esses dados em informações práticas e ações inteligentes.

Coluna “Discutindo a relação…”

Os dados e a automação nos libertam

Tenho ouvido e lido muita discussão em torno da presença e uso dos dados e da automação no universo da propaganda e do marketing. Tem sido assunto de artigos, colunas, webinars, podcasts etc.

E, fazendo uma reflexão sobre tudo que ouvi e li até agora, parece que há um certo consenso em torno da ideia de que o uso de dados e de automação podem colocar em evidência o que sempre foi o ingrediente principal do trabalho de comunicação: a inventividade, a criatividade, o encontro de soluções a partir de uma capacidade aguçada de compreensão do cenário e do problema.

Vamos olhar o dados e a automação com bons olhos

Sim, os dados e a automação, ao contrário do que muita gente possa inicialmente pensar, não vieram tornar a propaganda mais chata e previsível (caso dos dados) e nem mesmo tirar empregos (caso da automação). Creio firmemente que ambos vão deixar espaço para que nossa capacidade se amplie. Sim, dados e automação vão impulsionar a presença humana na etapa em que ela é mais necessária: a intuição, o insight, a criatividade.

Imagem de Arek Socha do Pixabay

Não vai faltar big idea na propaganda porque temos que nos orientar por dados (prefiro informação, mas tudo bem). Embora o digital tenha tornado a comunicação ainda mais rápida e fluida, a busca pela ideia que definitivamente vai diferenciar marcas e produtos segue sendo importante e extremamente útil. Há mais “feijão com arroz”, mais peças focadas em performance e no dia a dia? Sim, há. Há mais assertividade e customização da comunicação. Sem dúvida!

Quanto a automação… Não sou daqueles saudosistas e românticos que fica dizendo que o bacana era fazer as coisas na unha, na munheca. De modo algum. Prefiro um zilhão de vezes usar ferramentas de automação de marketing e propaganda que nos deixem com tempo e espírito livre para exercer o que nós, humanos temos de melhor: criatividade.

Tem o lado de que temos que conhecer e aprender a lidar com novas ferramentas e tecnologias e que nem sempre isso é tão fácil ou prazeroso assim. Tudo bem, concordo. Mas há tantas soluções na forma de serviços e empresas terceiras e parceiras pra nos dar uma forcinha que fico esperançoso de que a dor destes aprendizados pode ser bem menor

Então, amigas e amigos, estou cada vez mais convencido de que dados e automação não são grilhões que nos acorrentam, mas sim chaves que nos libertam.

Artigo trata de inteligência artificial e jornalismo

Inteligência artificial no jornalismo: atravessamos a mais recente fronteira tecnológica, e agora?

por Guilherme Carvalho*

O dilema entre seres humanos e máquinas é, sem dúvida, um dos mais instigantes temas da modernidade. Seja por instrumentos movidos por força mecânica, a vapor, carvão, ondas eletromagnéticas, eletricidade, bytes ou algoritmos, este assunto é motivo de medos e, ao mesmo tempo, fascínio. Filmes como “Blade runner” (1982), “Matrix” (1999), “A.I. Inteligência Artificial” (2001), “Eu Robô” (2004) e “Ela” (2013), além da série “Black Mirror” (2019) não fizeram sucesso à toa. Além dos efeitos especiais, são produções que tocam na ferida e apontam para um futuro possível na convergência humana e tecnológica, geralmente retratada de modo conflituoso.

Como é característica de toda polêmica, este assunto é permeado por um dualismo. Parafraseando Umberto Eco, os “apocalípticos” tendem a traçar um futuro sombrio, no qual o trabalho humano se torna obsoleto. Para muitos destes, as máquinas são inimigas e o discurso soa conservador, percepção que remete aos tempos de ludismo, quando operários resolveram quebrar máquinas de tear no início do século XIX ao notaram que estavam sendo substituídos.

Esta percepção muitas vezes pessimista é confrontada pelos “integrados”, que tendem a ver os benefícios do desenvolvimento científico e tecnológico, sobretudo para o mundo dos negócios. Para estes, o uso de máquinas, robôs, e outras tecnologias é imperativa e um caminho sem volta que deve ser considerado como o futuro da humanidade. Temos então uma visão mais otimista que se referencia nos benefícios que isto pode trazer.

Eu, que não gosto de ditados populares, principalmente aqueles que reforçam o senso comum, me rendo em busca de uma frase que possa explicar de forma simples meu pensamento. “Nem tanto ao céu, nem tanto à terra”, meus amigos.

O jornalismo, atividade profissional como poucas que trabalha no tratamento da informação, vive intimamente uma relação de amor e ódio com as tecnologias. De um lado, acelerou a produção de conteúdos, facilitou o acesso a dados e fontes de informação, diversificou as atividades destes profissionais, expandiu de forma ilimitada a circulação de produtos jornalísticos, comprimiu tempo e espaço aumentando a produtividade. Ninguém negaria que estes são bônus colecionados ao longo dos anos para o jornalismo. Entretanto, vemos também as demissões de jornalistas, o esvaziamento das redações, a explosão de notícias falsas e desinformação, o cenário de hiperconcorrência midiática, o fim do monopólio da informação e as crises do modelo de negócios, entre tantos fatores que impactam negativamente a profissão.

A mais recente fronteira tecnológica atravessada pelo jornalismo é a do uso de inteligência artificial (IA) para a produção de notícias. Acontece que comparado a outras áreas como a indústria, o mercado financeiro, a medicina e a engenharia, o negócio jornalístico está ainda engatinhando. Apesar que devemos reconhecer as iniciativas que já circulam em nosso meio. É o caso da Narrative Science, empresa norte-americana que processa dados e os transforma em textos noticiosos. A agência Associated Press utiliza a ferramenta Automated Insights. O Washington Post, o Heliograf. O Los Angeles Times, o Bot Quake, que produz pequenas notas sobre tremores de terra. CNN, Forbes e The Wall Street Journal também já utilizam estes recursos. Em um nível intermediário, encontramos iniciativas como a Local Labs que opera pequenos jornais regionais e oferece edições locais e outros serviços para jornais de metrôs nos subúrbios. Também a ProPublica, que inspira vários projetos brasileiros, já utiliza um aplicativo de notícias, a Opportunity Gap. Estes exemplos são empregados desde 2009.

No Brasil, tirando alguns poucos casos (um exemplo é o Aos Fatos, que oferece aos leitores um robô checador de informações chamado “Fátima”), o assunto ainda é um tabu entre muitos jornalistas e pesquisadores. Parte deste silêncio se deve ao desconhecimento sobre o assunto. Termos como Machine learning e NLG e mesmo a utilização de algoritmos são pouco tratados no meio. Talvez, seja esta a sina expressa naquela velha máxima jornalística de que o jornalismo fala de tudo, menos de jornalismo.

É o que explica porque notícias que apontam a adoção de Inteligência artificial no jornalismo causem ainda arrepios. O episódio mais recente foi o anúncio da Microsoft Notícias e da MSN e que estaria demitindo 50 jornalistas para substituí-los por IA. Casos semelhantes já haviam sido publicados em outros lugares. A editora portuguesa MotorPress já havia sido denunciada pela demissão de 28 funcionários em 2009 pelo mesmo motivo.

Um dos desafios atuais, portanto, daqueles que vivem o meio jornalístico, seja profissional ou academicamente, é justamente o de entender o uso destas ferramentas e compreender de que maneira podem ser utilizadas para o bem do próprio jornalismo. Se partirmos da premissa descrita pelo pesquisador finlandês Carl-Gustav Linden, ou seja, de que se trata de um sistema regido por “um conjunto de operações autossuficientes a serem desempenhadas passo-a-passo, como cálculos, processamento de dados e raciocínio automatizado – um conjunto de regras que definem precisamente uma sequência de instruções que serão compreendidas por um computador”, perceberemos que a ação humana é insubstituível. Afinal, quem programa estes sistemas, quem define o que é mais ou menos relevante, qual estrutura hierárquica de informações deve ser considerada na elaboração do conteúdo?

Não perceber esta realidade pode relegar os jornalistas a um papel secundário neste processo, enquanto programadores, engenheiros, gestores e tecnólogos da informação, entre outros profissionais, assumirão este posto.

A partir de uma compreensão mais técnica, podemos vislumbrar o uso destas tecnologias no processamento de grande volume de dados, a busca de informações em bases restritas ou segmentadas, o acesso a informações de arquivos históricos, na checagem de informações e declarações de autoridades, na produção de notas complementares que podem ser somadas a reportagens e outros conteúdos. Enfim, são várias as possibilidades.

Estou convencido de que ponto fundamental deste debate deve seguir no sentido de compreender os aspectos técnicos da IA associado aos princípios éticos do jornalismo e seu caráter de interesse público, que incluem a honestidade para com os consumidores de produtos jornalísticos. Nesse sentido, é preciso superar o dualismo entre humanos e máquinas e começar a pensar sobre as aplicações e implicações desta associação, reconhecendo o papel do trabalho humano, crítico, criativo, sensível às condições sociais e aos mais variados contextos.

A superação destas limitações pode não apenas apontar a superação da crise de legitimidade do jornalismo aberta com a difusão da internet, mas colocar o jornalismo de fato no século XXI, associando precisão, volume e rapidez, aspectos que caminham de braços dados com a sustentação financeira e relevância social dos veículos.

*Guilherme Carvalho é pós-doutor em Jornalismo e coordenador do curso de Bacharelado em Jornalismo do Cento Universitário Internacional Uninter.

Fonte: Página 1 Comunicação

Pesquisa mostra relação do brasileiro com as “fake news”

Oito entre dez brasileiros alegam preocupação com “fake news”, revela pesquisa

Segundo levantamento da consultoria Conversion, a televisão é o canal mais confiável de informação para 82,8% da população

Imagem de Gordon Johnson por Pixabay

Pesquisa inédita da consultoria Conversion, especializada em performance e líder em SEO no Brasil, revela que 79,3% dos brasileiros possuem grande preocupação com as chamadas “fake news” (notícias falsas). Entre os canais de informação com maior índice de confiança da população, a televisão é apontada pela maioria (82,8%) como a mídia que inspira mais credibilidade.

De acordo com levantamento “Consumidor Digital 2020”, elaborado entre os meses de agosto e setembro deste ano, 80,2% dos brasileiros confiam em jornais e revistas impressos, 71,9% acreditam nas informações de redes sociais 68,5% dão credibilidade às notícias dos blogueiros.

A pesquisa mostra ainda que 73,2% dos cidadãos buscam informações diversas vezes ao dia nos mecanismos do Google, cujos resultados (orgânicos e pagos) inspiram confiança para 95,2% dos usuários. O estudo aponta também que 93,2% acessam à internet diversas vezes ao dia, tendo o celular como o principal dispositivo para 94,4% dos entrevistados.

Imagem de rawpixel por Pixabay

O wi-fi é o tipo de internet mais utilizado pelos brasileiros, com 69,1% dos acessos, seguindo pelo sistema 4G, com 44,1%. E cerca de 55% afirmaram estourar o plano de dados pela quantidade de acesso e downloads.

“Com a democratização em massa da informação e do conhecimento, propiciada pelo avanço da internet, o brasileiro tem adotado uma postura mais cuidadosa, atenta e conservadora com relação os conteúdos propagados na mídia e na web”, comenta Diego Ivo, CEO da Conversion.

A pesquisa da Conversion ouviu homens e mulheres, acima de 18 anos, de todo o Brasil e todas as classes sociais, a partir de um questionário estruturado com perguntas fechadas e aplicado via internet. O estudo contou com a participação de 395 pessoas, com nível de confiança de 95% e erro relativo de 4,9 pontos percentuais (para cima ou para baixo).

Fonte: Thiago Nassa – Assessoria de Imprensa