Liderado pela Keep.i e com o apoio de nomes importantes do mercado, a comunidade quer descomplicar o entendimento dos dados para os profissionais de comunicação
A crise causada pela Covid-19 acelerou de forma significativa o processo de digitalização das empresas, e até mesmo os hábitos dos consumidores, considerando que 56% dos brasileiros acreditam que a situação incentivou o uso da tecnologia no dia a dia, de acordo com o Kantar Ibope Media.
Com o aumento do uso de tecnologia em quase tudo que fazemos, os dados ganham ainda mais importância daqui em diante. Em pesquisa recentemente publicada pela Altimeter, 42% dos profissionais de comunicação entendem que análise de dados é a habilidade que mais desejam desenvolver em 2021.
Neste cenário, a Keep.i, startup que oferece tecnologia em dados para o mercado de comunicação, reuniu profissionais que atuam em diferentes disciplinas da comunicação para oferecer conteúdo descomplicado sobre o tema.
“Abriu-se um espaço enorme para desmistificar o assunto para aqueles que ainda refutavam a ideia de que os dados fazem parte da sua rotina. Examanas, é mais que uma comunidade, é uma definição do que é o profissional do presente e do futuro.” explicou Kaique Oliveira, idealizador e um dos embaixadores do projeto.
A comunidade é gratuita e deve ao longo do tempo trazer cursos que tentam na prática mostrar o universo de dados por uma outra perspectiva.
Natália aliou exatas e humanas para perseguir um objetivo
O Publicitando entrevistou a publicitária e engenheira Natália K. Simões. A carreira da Natália tem lances interessantes e, principalmente, inspiradores. Atualmente ela é Data Scientist (DS) na equipe de serviços da Nexxys, uma empresa de tecnologia, que desenvolve soluções orientadas por dados – Data-Driven. Confira o bate papo!
Publicitando – Sua formação inicial é em publicidade e propaganda. E você começou a atuar em publicidade no Vale do Paraíba. Fale um pouco deste início da sua trajetória.
Natália – Em 2003 iniciei o curso de Publicidade e Propaganda na Unitau e comecei a trabalhar na área em 2005, como estagiária na agência Ophicina Mix, hoje já extinta. Era uma agência pequena e por isso tive a oportunidade de ter contato direto e atuar nas diversas áreas de uma agência: como assistente de Atendimento, Planejamento, Produção Gráfica, Mídia e Criação. Nunca fui uma criativa de Design Gráfico, até porque acredito que para isso não basta apenas conhecimento técnico, mas certas habilidades que não tenho. Já na criação de textos e roteiros, me aventurei bastante e até gostava daquilo. Mas confesso que o que eu mais gostava era Produção Gráfica. Adorava criar formatos, recortando e dobrando papéis, escolhendo o papel da impressão, acabamento, etc, buscando algo que atendesse à necessidade do cliente e ao mesmo tempo fosse criativo.
Sempre me identifiquei com a área de Planejamento, mas não com a de Atendimento, e em agência pequena essa separação era impossível.
Depois desse estágio, cheguei a trabalhar como autônoma, depois, com alguns amigos da faculdade, fizemos alguns trabalhos juntos. Cheguei ainda a atuar em campanha política municipal.
Depois de 2 anos e meio, voltei à Ophicina Mix, onde fiquei mais um ano, colocando em prática tudo que aprendi lá e nas experiências que tive nesse intervalo.
Publicitando – Em que momento você sentiu que deveria buscar novos rumos? Como foi esse processo?
Natália – Quando terminei a faculdade de Publicidade e Propaganda, acabou também meu estágio e então fiquei sem chão. Foi por descuido meu, não ter me preparado para o que viria a seguir. Foi então que passei a procurar vagas de emprego com mais empenho e pesquisando pelos sites de emprego “descobri” as áreas de Inteligência de Mercado e Business Intelligence (BI) e fui procurar saber mais do que se tratava. Fiquei encantada pela parte analítica dessas áreas e me decidi: “quero trabalhar com isso!”.
Percebi na época, ano de 2007/2008, que na maioria dessas vagas os requisitos eram de formação em Administração ou Engenharias, com Pós na área de Marketing. Como eu já tinha a formação em PP, pensei: “Se eu fizer uma Pós em MKT, serei mais uma publicitária com essa formação procurando uma vaga. Não quero isso.” Então decidi ir por um caminho que me pareceu mais adequado aos meus objetivos: em 2009 entrei no curso de Engenharia Mecânica, também na Unitau.
No ano seguinte mudei para São Paulo, ainda trabalhando em agência, desta vez como Tráfego e em 2011 transferi o curso, então passei para Engenharia da Produção, e me formei em 2014.
Em Abril de 2012 eu finalmente consegui alcançar aquele objetivo que havia definido quatro ano antes, atuando como Estagiária de Inteligência de Mercado em indústria, um mundo totalmente diferente do que eu tinha vivido até o momento. Não é fácil fazer esse movimento, deixar de lado 7 anos de experiência para começar lá de baixo novamente. Mas se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo!
De lá para cá muita coisa mudou, passei por outras 3 empresas, de setores diferentes, mas sempre atuando em áreas de planejamento e análise de dados.
A área de análise de dados já mudou muito desde que me apaixonei por ela e novamente percebi que se quiser continuar, preciso me atualizar. Por isso, este ano estou começando a Pós de Analytics em Big Data.
Publicitando – Fale um pouco de suas funções atualmente. Você mistura humanas com exatas?
Natália –Hoje eu atuo como Data Scientist (DS) na equipe de serviços da Nexxys, uma empresa de tecnologia, que desenvolve soluções orientadas por dados – Management. Dentre os diversos produtos e serviços que a empresa oferece atuo diretamente nas Soluções de Otimização de Mídia. Essa posição não exige necessariamente conhecimentos em mídia, mas muito do que aprendi lá atrás acabou sendo muito útil.
Natália trabalhando em home office e ao lado do filho
Como DS utilizo diversas ferramentas estatísticas na transformação de dados em informação que servem de baliza para a tomada de decisão de nossos clientes quanto à otimização de mídia offline.
Assim, parte do trabalho demanda raciocínio lógico, habilidade com números, conhecimentos em estatística (imprescindível) e outra parte demanda a capacidade de montar um storytelling, coerente e de fácil entendimento. Até aquela pouca habilidade em design que citei anteriormente é necessária na hora de montar uma apresentação, por exemplo.
No fim das contas, os 10 anos que passei sentada na cadeira da faculdade me fizeram ter a formação mais alinhada à posição que ocupo atualmente.
Publicitando – O que você considera importante para um profissional em início de carreira nas áreas de marketing e propaganda (comunicação)?
Natália – Tem 3 coisas que considero importante para todo mundo, mas é importante frisar para quem está dando os primeiros passos na vida profissional:
1 – Esteja sempre antenado. Olhe ao seu redor, perceba o que está acontecendo, veja os movimentos do mercado e do mundo em geral. As oportunidades existem e não estão escondidas, basta prestar atenção.
2 – Esteja sempre atualizado. O mundo muda muito rápido e assim são as atividades profissionais. Quem não se atualiza, fica para trás. Mesmo. Leia, faça cursos, converse com quem sabe mais do que você.
3 – Defina metas. Tenha sempre um objetivo, uma meta a ser alcançada. E quando alcançar sua meta, comemore, por menor que ela seja, comemore. Em seguida, defina outra meta, para ter sempre um motivo para seguir em frente e continuar crescendo.