Coluna “Discutindo a relação…”

O gargalo na formação de profissionais de comunicação e publicidade digital

Por Josué Brazil

Imagem de JK_Studio por Pixabay

Dados recentes do Cenp Meios mostram que o investimento publicitário cresceu 10,4% em 2023. O mesmo estudo mostra que as verbas em Internet cresceram e que agora ela quase empata com a TV aberta, tradicional líder do ranking de investimentos em mídia no Brasil.

A TV Aberta ainda está na liderança, com 39,6% do total de investimentos feitos no Brasil no ano passado. A Internet, entretanto, abocanhou uma fatia bem próxima, chegando a 38,2% de share.

O crescimento é claro e evidente

O crescimento dos investimentos em mídia e publicidade digital como um todo não para de crescer.

O relatório Digital AdSpend 2023 H1 publicado pelo IAB Brasil em parceria com o Kantar Ibope Media mostra que entre o H1 de 2022 e de 2023 houve crescimento expressivo do investimento em publicidade digital tanto dentro quanto fora dos top 50 anunciantes.

De acordo com o mesmo relatório, 16,4 Bilhões foram investidos em publicidade digital no H1 2023. Os valores representam um crescimento absoluto de 11%.

O relatório de 2024 ainda não saiu, mas deve mostrar a sequência de crescimento sólido do investimento em digital.

Cresce o número de funções, profissões e atividades

Em uma pesquisa rápida no ChatGPT, pudemos levantar alguns “tipos básicos” de marketing digital. São eles:

Marketing de Conteúdo: Envolve a criação e distribuição de conteúdo relevante e valioso para atrair, envolver e conquistar um público-alvo específico. Isso pode incluir blogs, vídeos, infográficos, eBooks, podcasts, entre outros.

Marketing de Mídias Sociais: Foca na utilização das redes sociais para aumentar a visibilidade da marca, interagir com o público-alvo, promover produtos/serviços e construir relacionamentos. Inclui plataformas como Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, entre outras.

Marketing de Busca (SEM e SEO): O Marketing de Busca envolve estratégias para melhorar a visibilidade nos resultados de pesquisa. Isso inclui o Search Engine Optimization (SEO), que se concentra em otimizar o conteúdo e o site para classificações orgânicas, e o Search Engine Marketing (SEM), que envolve publicidade paga nos mecanismos de busca.

E-mail Marketing: Consiste no uso do e-mail para enviar mensagens promocionais, informativas ou relacionadas à marca para uma lista de contatos. Pode incluir newsletters, campanhas de vendas, atualizações de produtos, entre outros.

Marketing de Influenciadores: Envolve o uso de pessoas influentes em mídias sociais para promover produtos ou serviços. Os influenciadores têm um público dedicado e podem ajudar a aumentar o alcance e a credibilidade da marca.

Marketing de Afiliados: Nesse modelo, afiliados promovem produtos ou serviços de terceiros e recebem uma comissão por cada venda ou ação realizada através de seu esforço de marketing.

Marketing de Conteúdo Visual: Concentra-se na criação e compartilhamento de conteúdo visual atraente, como imagens, vídeos e infográficos, para envolver e atrair a atenção do público.

Marketing de Automação: Envolve o uso de software e tecnologia para automatizar tarefas de marketing, como nutrição de leads, segmentação de público-alvo, personalização de campanhas e análise de resultados.

Ao mesmo tempo, também podemos apontar novas áreas de atuação dentro do digital, tais como:

Especialista em SEO (Search Engine Optimization): Responsável por otimizar o conteúdo e o site para melhorar a classificação nos resultados de pesquisa orgânica dos mecanismos de busca.

Especialista em SEM (Search Engine Marketing): Gerencia campanhas de publicidade paga nos mecanismos de busca, como Google Ads, para aumentar a visibilidade do site e direcionar o tráfego qualificado.

Analista de mídia social: Encarregado de gerenciar e otimizar a presença nas redes sociais de uma empresa, criando estratégias, publicando conteúdo relevante e interagindo com a comunidade.

Gestor de conteúdo: Responsável pela criação, curadoria e gestão de conteúdo para diversos canais digitais, como blogs, sites, redes sociais e e-mail marketing.

Especialista em e-mail marketing: Planeja, executa e analisa campanhas de e-mail marketing para envolver clientes e prospects, geralmente utilizando softwares de automação de marketing.

Analista de dados: Coleta, analisa e interpreta dados relacionados ao desempenho das campanhas de marketing digital para identificar tendências, oportunidades de melhoria e insights para otimização.

Designer gráfico digital: Cria elementos visuais para campanhas de marketing digital, como imagens para redes sociais, banners de anúncios, infográficos, etc.

Copywriter: Escreve textos persuasivos e criativos para anúncios, posts em redes sociais, e-mails, páginas de destino e outros materiais de marketing digital.

Gerente de comunidade: Responsável por construir, gerenciar e interagir com a comunidade online em torno de uma marca ou produto, facilitando conversas e engajamento.

Especialista em automação de marketing: Configura e gerencia plataformas de automação de marketing para automatizar processos, como nutrição de leads, segmentação de público-alvo e personalização de campanhas.

A formação

O mercado cresce, o número de funções, profissões e atividades igualmente cresce. Mas… a formação de profissionais qualificados acompanha esse galopante ritmo do mercado?

Em linhas gerais podemos afirmar que não.

As universidades e faculdades, o ensino superior de comunicação social e marketing, tem enorme dificuldade em trazer para suas matrizes curriculares disciplinas que contemplem essa diversidade de possibilidades de atuação e linhas de conhecimento.

Há também dificuldade em encontrar professores que possuam conhecimento teórico-prático suficiente para atender à demanda. A atualização é bastante complicada, uma vez que o ritmo das mudanças e novidades no segmento da comunicação, publicidade e marketing digital é incrivelmente veloz.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

O catálogo de cursos do MEC não contempla a possibilidade de cursos nesta área. Mais recentemente houve a recomendação da aprovação de um curso de Mídias Sociais Digitais, ainda não homologado no catálogo.

Aqui é importante frisar que as universidades têm autonomia para criar cursos fora do catálogo desde que justifiquem que há demanda no mercado de trabalho. Várias Instituições de Ensino Superior (IES) lançaram, por exemplo, cursos de Marketing Digital, principalmente na modalidade de Curso Superior de Tecnologia (dois anos de duração).

Tais dificuldades das IES abre espaços para formações rápidas, cursos de curta duração, cursos a distância e outras modalidades. O problema aqui é que nem sempre essas possibilidades de formação oferecem a capacitação ideal. E há muita coisa de baixa qualidade ofertada a preços baixíssimos. Existe até espaço para os famosos “gurus da internet”. Os vendedores de fórmulas prontas e imediatistas.

Há, claro, muitas boas exceções.

Já há reclamação do mercado empregador quanto a qualidade da mão de obra que chega para ocupar as vagas no segmento digital. E, a seguir o ritmo de crescimento do digital e os problemas de formação, poderemos enfrentar sérios problemas nos próximos anos.

Está na hora de encarar o problema de frente e pensar em saídas e soluções. Um bom diálogo entre mercado e academia para detectar as reais necessidades e demandas de formação será essencial para a superação do impasse que já se apresenta.

O Vale do Paraíba está na final do concurso de TCCs

Universidade da região coloca trabalho entre finalistas

A APP Brasil promove este ano, assim como em anos anteriores, o Concurso de TCC 2023 Prêmio Prof. Ricardo Ramos. Em 2023, a APP Brasil chega à 42ª edição do evento que, desde 1981, oferece a oportunidade de estudantes de comunicação apresentarem seus conhecimentos e ideias para grandes profissionais do mercado.

O Concurso, cuja finalíssima será realizada no dia 13 de dezembro, tem como objetivo destacar os Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC) de estudantes de comunicação em nível superior. Esta premiação visa incentivar os futuros profissionais e descobrir novos talentos na área.

São três as categorias:

Campanha Publicitária
Monografia / Artigo Científico
Estratégias Mercadológicas

E foi na categoria Estratégias Mercadológicas que um grupo de alunos da UNIVAP emplacou um trabalho finalista.

Confira os finalistas do Concurso de TCC 2023 Prêmio Prof. Ricardo Ramos na categoria Estratégias Mercadológicas:

Projeto – Engaja + – Universidade do Vale do Paraiba UNIVAP – São José dos Campos

Alunos – Thainá Ribeiro da Silva e Beatriz Silva dos Santos

Professora orientadora – Celeste Marinho

Projeto – Clube de Assinatura de Vinil – Centro Universitário de Volta Redonda – UNIFOA – Volta Redonda – RJ

Alunos – André José de Souza Monsôres Júnior

Professora orientadora – Heitor da Luz Silva

Agora é torcer para ficar com o primeiro lugar da categoria. Os grupos finalistas apresentarão para uma banca de profissionais convidados pela APP, no dia 13 de dezembro, a partir das 14h, na Globo. Cada grupo terá 20 minutos para apresentação.

Fazer mídia e ensinar mídia

por Josué Brazil

Já são quase 31 anos de trabalho no ensino superior. E a maior parte deles estive em sala de aula ensinando – ou ao menos tentando ensinar – mídia.

Nunca foi tarefa muito fácil. Mídia nunca foi uma área desejada pelos alunos. Mídia trazia números e até algumas fórmulas. E isso para o povo de humanas parece filme de terror.

Não havia livros, publicações. Só no final dos 1990 e inícios dos 2000 o Grupo de Mídia conseguiu ampliar a bibliografia no país. E foi incrível!

Para um cara que optou por viver e trabalhar no interior era mais difícil ter acesso às informações, aos cursos e congressos. Aprendi muito na raça. E tentei ensinar. Hoje, tá quase tudo na internet (ahhh… internet, sua linda!).

E, pasmem, cheguei a ser professor de mídia em faculdade da capital. Não durou muito, mas estive lá! Com essa experiência em Sampa posso afirmar, com muito orgulho, que lecionei mídia em três universidades diferentes (obrigado UBC).

Também “fiz mídia”. Na prática. Assumi essa área na minha já inexistente agência, a saudosa – pelo menos para mim – Publicus Comunicação Publicitária.

Tudo mudou e segue mudando – cada vez mais rápido – nessa tal de mídia. Os desafios ficaram maiores e mais complexos. E isso só deixou tudo mais fantástico.

Neste dia do profissional de mídia quero deixar meu especial abraço a todos que se aventuraram pelo tortuoso caminho de ensinar Mídia. E claro, também a todos os profissionais de mídia de agências, veículos e clientes.

Abraços, galera!

Coluna “Discutindo a relação…”

Uns + uns = todo

Antes de qualquer coisa… Que título é esse, Josué?! Enlouqueceu? Esqueceu que é professor de redação publicitária?!

Calma. Vou tentar explicar.

Tenho dito a algumas pessoas com as quais tive a oportunidade de conversar (boas conversas) nos últimos dias que quando recebi o convite para retomar a APP (Associação dos Profissionais de Propaganda) do Vale do Paraíba o meu primeiro impulso foi recusar. Mal havia me ambientado no cargo de diretor da unidade de ensino na universidade em plena pandemia.

A conversa em torno da ideia com o Toni, da Executiva Nacional da APP, acabou me fazendo aceitar. Isso porque ao longo da conversa foi ficando claro para mim que aquela era a oportunidade de tentar alcançar algumas coisas em relação ao mercado. Coisas que acredito que sejam necessárias e quase urgentes.

A primeira delas: precisamos resgatar a ideia de um mercado de propaganda na nossa região. Em conversas com algumas pessoas próximas do mercado já há algum tempo venho percebendo que essa ideia não existia mais. Era cada um cuidando do seu negócio. Até os veículos, que na minha época de agência muitas vezes faziam o papel de aglutinadores, haviam se afastado dessa ideia.

Imagem de mohamed Hassan do Pixabay

A segunda delas: eu sou professor de publicidade e propaganda. Torço pelo sucesso de meus alunos e ex-alunos e quero um mercado forte, atraente e que segure aqui os muitos talentos que todas as universidades e faculdades da região formam. Quero um mercado próximo da academia e a academia perto do mercado. Um mercado promissor garante empregos, vagas e muitos alunos buscando os cursos da área de comunicação e marketing.

A terceira delas: a mais motivadora, talvez. O mercado precisa ser pensado e construído a partir de um pensamento coletivo de colaboração, parceria, troca e busca por excelência. As demandas dos clientes são cada vez maiores (isso gera inúmeras especificidades e áreas de especialização) e dar conta de tudo fica quase impossível para as agências de propaganda/comunicação e as assessorias. Ainda mais na nossa região em que verbas não tão grandes resultam em estruturas enxutas. É preciso juntar forças, buscar parcerias para somar expertises e entregar resultado. É não olhar o outro apenas como concorrente. É olhá-lo como parte de seu mercado e como um provável parceiro em algumas demandas. É isso!

A bola da vez é a colaboração, a troca, o diálogo. A bola da vez é parar de falar mal do mercado de propaganda regional. A bola da vez é parar de falar mal dos players que disputam esse mercado com você.

É matemática maluca, mas das boas. Uns + uns = todo. Players de propaganda e marketing trocando e colaborando, construindo uma ideia de mercado constroem um todo. E, podem acreditar, o todo é mais importante que cada um. Sem o todo, o mercado forte e consistente, com boas práticas, cada um vai sofrer mais. Uns e uns devem trabalhar pelo todo.

Precisamos do todo. Precisamos resgatar o nosso mercado. Mostrar que ele existe. Que está aí e que é importante para a economia e os negócios de nossa região e até do país.

Embarca nessa ideia comigo?!