Coluna “Discutindo a relação…”

Propaganda boa se faz todo dia

Por Josué Brazil

Relacionamentos saudáveis são feitos de gestos cotidianos — e com a propaganda não é diferente. A boa propaganda, aquela ética, criativa, pertinente e eficaz, não nasce num raio de inspiração divina nem numa reunião relâmpago com pizza fria e post-it na parede. Ela é construída no dia a dia. No respeito às boas práticas, na escuta ativa do cliente e do consumidor, na responsabilidade com o que comunicamos e na disciplina criativa que move agências e departamentos de marketing.

Sempre disse e sempre defendi (e sigo defendendo) que boa propaganda é consequência do somatório de boas práticas de todo, ou da maior parte, do setor.

Sim, propaganda também tem rotina. E não estamos falando só de prazos, briefings e reuniões infinitas de alinhamento. Estamos falando da rotina que forma caráter: revisar o que se escreve, pensar no impacto social de uma campanha, lembrar que criatividade não justifica tudo, e que “ousado” não é sinônimo de “inconsequente”. A propaganda que queremos ver por aí começa com o cuidado que temos com o que fazemos aqui, agora, todo dia.

É claro que tem dias em que a inspiração brilha e tudo flui como numa grande ideia de Cannes. Mas a maior parte do tempo, o que temos é transpiração — e decisões éticas. A escolha por uma imagem mais representativa, por uma linguagem mais inclusiva, por uma piada que não humilha ninguém. A boa propaganda é feita dessas pequenas escolhas. É aí que se constrói uma reputação de verdade.

E quando todo o setor adota essa consciência no cotidiano, a entrega melhora para todo mundo. O cliente ganha mais que uma peça bonita — ele ganha confiança. O consumidor recebe mais que uma mensagem — ele se sente respeitado. E a gente, que trabalha nesse meio, passa a fazer parte de algo maior que a próxima campanha: a construção de um mercado mais saudável, coerente e relevante.

Se propaganda é reflexo da sociedade, então que sejamos o reflexo do que há de mais responsável e criativo nela. Não só nas premiações, mas no planejamento de mídia. Não só no post viral, mas no e-mail que pouca gente vai ler. A boa propaganda está nos detalhes — e eles são cultivados na rotina.

Portanto, se é para discutir a relação, que seja com honestidade: amar a propaganda é também cuidar do que ela diz e do jeito que diz. Todo dia. Porque ética, assim como criatividade, é prática diária.

“Prêmio de Comunicação NaMoral – Jovens Talentos” tem premiação de até R$ 25 mil, com campanhas e produtos veiculados

Cooperação entre APP Brasil e o Projeto NaMoral do MPDFT, o prêmio é voltado para jovens universitários e recém formados e tem inscrições abertas até outubro

Inscrições para o Prêmio NaMoral – Jovens Talentos estão abertas até outubro – Crédito: Divulgação

Ferramenta muito poderosa, a criatividade pode ter um papel fundamental para promover a integridade e valores éticos. Pensando nisso, a APP Brasil (Associação de Profissionais de Propaganda) em parceria com o Projeto NaMoral, através de um acordo de cooperação técnica com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), lançaram o Prêmio de Comunicação NaMoral – Jovens Talentos. As inscrições estão abertas até dia 04 de outubro e a cerimônia de premiação acontece no dia 10 de dezembro. O regulamento completo está no site. Os vencedores concorrem a prêmios de R$ 25 mil a R$ 15 mil e terão suas campanhas e produtos veiculados no início de 2025.

A premiação é voltada à criação de peças para redes sociais e produtos, com fins publicitários e pedagógicos, que promovem integridade, ética, cidadania e valores fundamentais para a prevenção primária à corrupção. As peças podem ser inscritas nas categorias podcast, aplicativo ou jogo, história em quadrinho (HQ), campanha de mídia social, trends virais para redes sociais no formato de vídeo e jogos de tabuleiro educacionais. Podem se inscrever jovens universitários regularmente matriculados em uma instituição de Ensino Superior e jovens formados entre 2022 e 2024.

Com o tema “Esperto mesmo é ser honesto”, o prêmio tem o objetivo de estimular a produção de campanhas que destacam a intransigência à corrupção e à impunidade e o compromisso com a integridade como uma necessidade primordial para o cidadão brasileiro. A escolha do tema visa, por meio da comunicação, convidar as pessoas para uma vida com atitudes e comportamentos íntegros, de modo que juntos, como família de brasileiros, possamos combater a corrupção . Além disso, a APP Brasil e o Projeto NaMoral pretendem incentivar a construção de um ecossistema de integridade, incentivando a participação da sociedade em ações que colaborem com a transformação social.

O NaMoral é um projeto de educação para a integridade, criado pelo MPDFT para difundir o conceito de cidadania plena, o valor da honestidade e colaborar na formação de cidadãos responsáveis. Por meio de metodologias ativas, educa crianças e jovens para a integridade, ao mesmo tempo em que os formam para compreender a importância de suas escolhas individuais.

Projeto criado pelas crianças que participam do NaMoral nas escolas – Crédito: Divulgação

A organização do projeto acredita no papel da educação como prevenção primária da corrupção e formação da responsabilidade cidadã na sociedade. “Entendemos que o combate à corrupção humana começa com a defesa da integridade, inclusive em ações consideradas ‘pequenas’ e ‘justificadas’ do cotidiano. Esse combate passa, necessariamente, pela certeza de que a cultura se transforma a partir do aprendizado e da prática”, afirma Luciana Asper y Valdés, Promotora de Justiça uma das idealizadoras do projeto do MPDFT.

Luciana Asper y Valdés, Promotora de Justiça e uma das idealizadoras do projeto NaMoral – Crédito: Divulgação

Suliane Rauber, professora e coordenadora pedagógica do NaMoral, ressalta a importância da educação em valores e do letramento para ética e integridade para prevenção de comportamentos corruptos. “Somos todos suscetíveis à corrupção. Geralmente associamos corrupção apenas a políticos e esquecemos das pequenas corrupções do dia a dia, que afetam o bem estar social de uma sociedade e que, vão fomentando a cultura da desonestidade e nos levam a transigência da corrupção em escala maior. Com o prêmio, pretendemos sensibilizar universitários e jovens formados de seu papel na conscientização do combate à corrupção e encorajando a discussão sobre a temática”.

“A publicidade é fundamental na disseminação de informações e no estabelecimento de novos hábitos. Estimular a produção de campanhas sobre o combate à corrupção é incentivar, também, a formação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade. Por isso, estamos realizando este trabalho em parceria com as universidades da área de Comunicação”, destaca Luiz Carlos Corrêa, diretor de Educação e Desenvolvimento Profissional da APP Brasil e coordenador geral da premiação.

Serviço – Inscrições

Data: 10 de junho a 04 de outubro

Tema: Esperto mesmo é ser honesto

Site: http://appbrasil.org.br/namoral2024/

Sobre o Na Moral

O NaMoral é um projeto nacional de educação para a integridade, criado pelo MPDFT para difundir o conceito de cidadania plena, o valor da integridade e colaborar na formação de cidadãos responsáveis. Por meio de metodologias ativas, participa da formação de crianças e jovens para a integridade, compreender destacando a importância de suas escolhas individuais e seu papel no bem estar social na construção de uma sociedade mais justa, equânime e solidária.

Sobre a APP Brasil

Fundada em 29 de setembro de 1937 como Associação Paulista de Propaganda e rebatizada como Associação de Profissionais de Propaganda em 1989. A APP Brasil ajuda a fazer da propaganda uma das atividades profissionais de maior expressividade em nosso país, oferecendo preciosas colaborações técnicas, profissionalizantes e de desenvolvimento ético da profissão.

Fonte: Agência ERA® – Mariana Cruz

Deepfake e Inteligência Artificial: o que chama a atenção na propaganda que une a cantora Maria Rita e sua mãe falecida, Elis Regina

Por Patricia Peck*

Primeiro, precisamos entender que a tecnologia vem para resolver problemas e melhorar o bem estar humano. Entendo que a Inteligência Artificial tem este fim. Mas claro que depende de como é usada e seu uso pode ser desvirtuado. Por isso, a importância de se estabelecer, primeiramente, Códigos de Conduta e Melhores Práticas para seu uso, conforme sua aplicação nos diversos setores econômicos.

Defendo a abordagem de “Soft-Law” como um mecanismo mais próximo e dinâmico da sociedade civil e da indústria até para apoiar o regulador. Pois quando queremos regular a inovação tecnológica temos grande chance de errar a mão, ou para mais (e cercear), ou para menos (e a lei não funcionar).

Logo, atualmente, além das legislações civil e autoral, que regulam o Direito de imagem e os direitos morais de autores e intérpretes, temos o Projeto de Lei 2338/2023 em tramitação no Senado, que pretende disciplinar o uso da inteligência Artificial, estabelecendo normas gerais de uso e implementação de sistemas de Inteligência Artificial.

Mas o PL está muito distante da realidade fática da indústria e da sociedade. Precisamos que as entidades associativas sejam protagonistas e proponham os Guias de Melhores Práticas e o próprio CONAR pode atualizar o Código de Conduta do Mercado para servir de Diretriz mais que apenas punir. Primeiro temos de orientar e indicar o caminho. Pois estamos naquele momento magnífico da Sociedade em que vamos dar um salto evolutivo, em que o homem cria nova tecnologia para ajudar a própria humanidade a ir para um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. Não devemos ser contra isso, devemos dizer como fazer.

Para questões éticas temos que refletir: fere que princípios? Podemos homenagear quem já partiu? A família autorizou? A própria pessoa autorizou? Temos contratos para isso. Se esta parte estiver bem resolvida é mais uma questão de atender transparência. Ter disclaimers no comercial que digam: “feito com tecnologia de Inteligência Artificial para recriar imagem e voz em homenagem ao artista. Tal situação foi autorizada pelo mesmo ou pela família ou por quem quer que seja e datar”. E ter um canal de contato para dialogar com a sociedade para eventuais denúncias.

O problema maior da deepfake não reside no seu uso, mas em deixar claro o seu uso, no princípio da transparência. Que para mim tem de ser um dever, mais que um princípio ético.

Não podemos ter medo do novo, nem barrar a inovação. Reitero que temos de dizer como fazer. Entendo que a ética aqui tem dois pilares: uma com o artista (estar autorizado por ele ou por quem de direito ou ter uma análise sobre domínio público, se aplicável), e outra para com a sociedade, ou seja, público em geral. Aí estamos na transparência. No disclaimer que já comentei. Logo estamos, além da questão dos direitos morais, dos direitos de imagem ou direitos de pessoa falecida, pois para tudo isso já temos leis claras vigentes aplicáveis que têm que ser seguidas.

Estamos dentro de uma seara que diz respeito a um dever de que a Inteligência Artificial deve sempre deixar clara que é um robô, que a interação é robótica e não humana, para evitar confundir e ludibriar o ser humano. E isso sim é essencial de ser uma obrigação legal. Há e haverá sempre uma questão relacionada sobre o fato de que os direitos morais transcendem a vida da pessoa e devem ser preservados tal qual se viva fosse. E, nesse sentido, nos cabe perquirir se o uso pretendido no caso concreto está em consonância com os valores da pessoa em vida. Aqui a discussão é de ordem ética.

*Patricia Peck é CEO e sócia fundadora do Peck Advogados, Conselheira Titular do Conselho Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e Professora de Direito Digital da ESPM.

Os fatores de comunicação e marketing que mais se destacam

Intensivão de VUCA

por Josué Brazil

Tenho ouvido, assistido e lido muita coisa sobre comunicação e marketing neste período difícil de isolamento social e luta contra a pandemia de Covid 19.

É muito conteúdo bom. Lives, podcasts, webinares, artigos e textos. Separei algumas coisas que estão aparecendo com constância e com as quais concordo.

1 – Posicionamento e/ou propósito – empresas e marcas que já tinham um propósito claro e bem definido e que o praticavam, estão em posição de vantagem. Quem adaptou ou reposicionou seu posicionamento/propósito mantendo-o verdadeiro e válido para o cenário de crise também saiu na frente e colhe e colherá frutos.

2 – Digitalização – quem já estava com os dois pés fincados no mundo digital enfrentou um pouco menos de dificuldades. Quem estava em processo de transformação digital e conseguiu acelerar de modo minimamente organizado também;

3 – Empatia – esse parece ser o item fundamental e definitivo desta crise. Praticar empatia pra valer, de verdade. Entender que na outra ponta há pessoas. Entender suas necessidades e aflições. Apoiar. Explicar. Colaborar.

4 – Customização – de tudo: serviços, produtos, distribuição, embalagem, atendimento, marketing e comunicação. Entender para atender. Dados aqui são importantes. Muito importantes. O consumidor seguirá sendo exigente depois da crise. Ele vai entender que as marcas podem e devem fazer mais.

5 – Verdade, transparência, ética – precisa mesmo explicar? Discurso falso ou atitudes contraditórias levam e levarão à rejeição.

Muitas outras coisas importantes e interessantes têm sido colocadas e discutidas. Essas, na minha modesta opinião são aquelas que se destacam. O fato é que o momento é de um repensar constante apoiado numa contínua análise de como as coisas estão se desenrolando. É um intensivão de compreensão do cenário VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) no qual o mundo já estava inserido.