O marketing de curto e longo prazo: vender é importante, mas criar reputação é melhor ainda

Por Beatriz Ambrósio*

Tão importante quanto prestar um serviço de qualidade ou ter bom um produto, ser visto é o que vai fazer seu negócio chegar mais longe. Se essa exposição for pensada e criada de maneira estratégica, o crescimento é ainda maior e mais eficaz. E como fazer isso? Existe somente um caminho, mas diversas maneiras de percorrê-lo e isso é o que as pessoas chamam de marketing.

BEATRIZ AMBROSIO – FOTO: GABRIEL REIS 

A palavra marketing já faz parte do dia a dia das empresas, todo mundo já ouviu falar, no entanto colocar é prática exige um pouco mais de esforço, mas no geral com dedicação e estudo, todos conseguem criar estratégias para uma exposição de marca concisa e eficaz. E o segredo é exatamente esse: frequência.

Marcas que vivem de picos de exposição causados por esforços pontuais não criam reputação ou obtém resultados de vendas no médio e longo prazo, só no momento presente e isso não é suficiente; o bom marketing é feito pensando nas vendas do curto prazo e na reputação do médio e longo.

Por isso, quando falamos de desempenho no marketing, é fundamental dividir a estratégia em dois momentos distintos que respondem às seguintes perguntas: o que eu vou fazer para aumentar minhas vendas hoje? E o que eu vou fazer para criar reputação no próximo ano? Quando falamos da criação da reputação, isso significa que no médio prazo “quem” vai vender por você é esse conjunto de opiniões criado ao trabalhar estrategicamente a comunicação da sua marca.

Imagina uma reunião comercial em que as pessoas já viram sua marca e já possuem desejo de consumo? Então, esse é o bom desempenho do marketing.

Para criar maneiras eficazes de trilhar esse caminho, na hora de responder a pergunta sobre vendas no curto prazo, pensamos em todas as ferramentas que nos ajudam a criar um discurso voltado para ativação, criação de um funil de vendas e esforço da criação do tráfego pago. Todo esse processo está dentro do chamado marketing digital, que usa ferramentas on-line para acelerar o processo de venda e atingir o público-alvo de maneira mais eficaz.

Vale lembrar que a esmagadora maioria das marcas podem se beneficiar de estratégias do marketing digital, mesmo que parte do processo de vendas não seja completamente on-line; no entanto, muitas das estratégias envolvem investimentos, ou seja, é preciso ter caixa.

Mas não se preocupe, quando bem feito, o resultado das ações do marketing digital e do tráfego pago são rápidos e nos permitem lastrear exatamente para onde o dinheiro está indo e quais ações estão sendo mais eficazes, aí fica fácil canalizar esforços e fazer testes. Em todo esse contexto, estão também as estratégias de inbound marketing, que ajudam você a ir além da atração de potenciais clientes e focam na criação de uma audiência que vai acompanhar sua marca e pode consumir ao longo do tempo. Ou seja, aquela venda que não aconteceu quando o potencial cliente conheceu sua marca, pode ser concretizada daqui dois meses, por exemplo.

Com tudo isso em mente, está na hora de pensar na pergunta número dois, sobre como criar reputação e fazer com que ela funcione como máquina de vendas para sua marca?

Na hora de criar estratégias de comunicação que nos ajudam nesse processo, além das estratégias de tráfego pago, é fundamental levar em consideração aquelas em que o tráfego é orgânico, ou seja, as pessoas chegam até a sua marca sem que você tenha que pagar por isso, o que torna a estratégia de criar reputação muito mais barata em termos de investimento.

Entre as principais ferramentas desse tipo de marketing está as “Relações Públicas”, que te ajudam a criar pontes de relacionamento e conexões com públicos de interesse sem que esse processo seja basicamente feito com objetivo de venda.

Nesse contexto, a marca quer se aproximar, criar conexões e entrar em conversas que são estratégicas para ela estar associada. O ponto aqui é que esse processo é mais lento, em média, são quatro meses de ações concisas para que os primeiros resultados comecem a chegar de maneira sutil, mas ao final de dois anos temos algo sólido e pronto para funcionar perfeitamente.

Entre as estratégias de tráfego orgânico mais eficazes estão ações de relacionamento com a imprensa, prêmios, influenciadores e eventos. Em comparação com o marketing digital, aqui perdemos muito do potencial de mensuração, afinal, ainda não criaram uma fórmula que mensure a reputação da marca e é por isso que muitas empresas ficam receosas de investir, esqueça isso, mensurar é importante, mas criar reputação é bem mais.

Pensando tanto no marketing de curto quanto o de longo prazo, vale a constância, frequência e o que é comunicado. Em suma, cria boas mensagens e palavras-chave e as repita com frequência para que as pessoas absorvam e consigam fazer suas marcas serem pulverizadas de maneira eficaz.

Beatriz Ambrósio é especialista em marketing e CEO da Mention

Investir em branding pode auxiliar no cenário de crise e alavancar resultados

Consumidores e profissionais estão mais atentos ao posicionamento das marcas na pandemia

Apesar das incertezas, é fato que momentos de crise exigem estratégias diferentes. Segundo levantamento de mercado recente, feito pelo Instituto de Pesquisa & Data Analytics Croma Insights, com o objetivo de observar o comportamento dos brasileiros na pandemia, demonstrou que 89% dos entrevistados afirmam que o impacto do posicionamento das marcas no período é positivo e mais de 60% dizem que essas atitudes os fazem querer consumir produtos ou serviços dessas empresas, validando, inclusive, a fidelidade no pós-pandemia.

Como não há previsão de quando a crise sanitária irá terminar, o que afeta diretamente o cenário econômico, investir na gestão e no fortalecimento de marca pode realmente alavancar os resultados. O branding está relacionado em como os stakeholders enxergam o empreendimento. Isso inclui os colaboradores, clientes, fornecedores, investidores, executivos, o mercado e qualquer outro público que interage com a empresa. “As ações de branding ajudam a desenvolver resultados de médio e longo prazo, para que a marca esteja no topo da lista de opções de um cliente, principalmente na hora da decisão de compra”, comenta Caio Cunha, co-fundador da WSI Consultoria.

O foco do branding é fazer com que a marca tenha uma boa reputação dentro e fora dela, investindo em melhorias para todos os envolvidos. Com a chegada de novos consumidores e profissionais mais jovens no mercado, que naturalmente têm uma nova roupagem e visão sobre o trabalho, é preciso compreender o quanto os princípios da marca são fundamentais, já que serão colocados ainda mais em evidência nesse momento de crise. Todas as ações, estratégias e planos devem consolidar a marca no mercado.

Vale lembrar que a pandemia acelerou o processo de digitalização, trazendo luz às soluções digitais e reforçando o quanto é importante saber se posicionar (e como se comunicar adequadamente) em um mundo hiperconectado. Nesse sentido, é preciso cautela para não surfar nas ondas do momento, sabendo focar naquilo que condiz com a atuação, o propósito e os valores da empresa. “A força dessa marca vai mostrar como ela se comunica com o público em geral e qual o grau de lealdade desse público com a empresa, seus produtos e serviços”, completa o CEO.

Investimentos em branding, junto com esforços de mídias sociais e despesas operacionais de marketing, é uma das principais forças nesse momento de crise. Para os executivos que pretendem investir na gestão de marca, o primeiro passo é entender o cenário atual do negócio, definindo com clareza propósito, missão, valores, produtos e serviços, para estabelecer a estratégia de divulgação e os formatos de contato e interação com os clientes e não clientes. Além disso, é fundamental conhecer a fundo a audiência, realizar pesquisas para entender os motivadores de compra, comparar com os concorrentes, e, a partir disso, escolher as ferramentas e os equipamentos corretos para construir um branding eficiente. Em tempos de mudanças, é importante ter um posicionamento coerente e manter a transparência em todos os pontos de contato com o consumidor.

Ficou visível que a crise mudou a atenção principal dos clientes: não é mais para preços, nem inovação. Os consumidores agora miram no relacionamento, na qualidade do produto e qualidade dos serviços, nessa ordem. “É preciso analisar os detalhes da marca, como nome, design, logo, identidade visual, propósito, valores, qual é a voz da empresa, que emoções ela busca gerar na audiência, etc. O objetivo é entregar o que promete, se relacionar efetivamente com o cliente, despertar desejo, entregar valor e ser consistente”, finaliza Cunha.

*Caio Cunha é Presidente da WSI Master Brasil, co-Fundador da WSI Consultoria e membro do Global WSI Internet Consultancy Advisory Board. Com mais de 25 anos de experiência na indústria de tecnologia, atingiu cargos executivos de alto nível, em grandes empresas multinacionais como PWC (com clientes IBM e Unisys), SAP e Hitachi Data Systems, no Brasil e no exterior. Ao longo de sua carreira, participou em programas de desenvolvimento profissional em universidades como a Stanford University, na Califórnia, e no IMD Internacional, na Suíça. Tem MBA em finanças pelo IBMEC e é graduado em Administração de Empresas pela PUC, com dois anos na Roosevelt University, em Chicago.

Fonte: Comuniquese – Fatima Robustelli

Coluna Branding: a alma da marca

“Festas” juninas

Rapidamente o ano está passando. Mal se viu e junho já está acabando, junto com o primeiro semestre de 2017. Neste artigo vou rever uma notícia que pode ter passado despercebida neste Brasil de “festas” juninas, mas que sob a ótica da gestão da marca pode ser importante.

Rojões
Entre tantos estouros e delações bombásticas que a mídia se ocupou em noticiar, levanto a bola para um fato que ela não valorizou muito, mas que não pode passar despercebido.

O fato é que pela primeira vez em décadas, um jogo da seleção brasileira de futebol não foi transmitido por uma grande emissora de TV aberta, a detentora do monopólio destas transmissões e, que aliás, pode ter seus dias contados.

O teste de transmissão da CBF TV pela internet não foi lá algo muito memorável, mas, pode ter mudado o rumo de uma cultura desenvolvida no Brasil.

Balão
Se a CBF achava que o advento da tecnologia poderia substituir a cultura da transmissão aberta pela emissora líder em audiência, facilmente, esse balão perdeu a tocha rapidinho e não alçou grandes voos.

Está claro que em termos de audiência, o teste não foi nenhuma sensação, principalmente pelo boicote da emissora em questão, quanto a cobertura dos jogos, onde se ocupou apenas em relatar o resultado e o pós jogo.

Não será assim tão fácil transformar uma manhã de terça em horário nobre brasileiro, pelo simples fato da seleção estar jogando e estar sendo transmitido pelo Facebook. Porém, não podemos descartar o importante passo que foi dado para uma abertura de mercado, e a transferência do dinheiro vindo dessa relação para outras mãos que não o da grande emissora.

Não é a primeira derrota da emissora neste novo cenário da tecnologia audiovisual, e entendo ser este um caminho irreversível para a mesma.

Para a CBF o fato agora é ver se existe alguma outra TV aberta interessada em botar uma grana preta nessa transmissão sem exclusividade, caso contrário, acredito que este teste foi um voo de balão de papelaria, bem curtinho. Pois, será preciso um trabalho muito mais profundo para mudar a cultura do brasileiro em assistir o seu futebol por sua mídia predileta.

Pau de sebo
Ainda sobre este assunto, podemos concluir que, construir marca não é trabalho de um dia para outro, mas destruí-la é bem rápido.

Entendo que será difícil a CBF TV conquistar a mesma audiência e influencia dessa TV aberta, mas a imagem que o novo público internauta tem desta emissora, gera um cenário futuro dos piores possíveis para a emissora.

A se julgar pelo vídeo gravado nesta transmissão e principalmente pelos comentários nele contidos, a marca da emissora tem hoje sérios problemas de rejeição, e não será fácil se desvincular da imagem de gananciosa, manipuladora e de vínculo político.

Mas o que isso traz realmente de problema?
É fato que a tecnologia irá obrigar todos nesse ramo a se reinventar, e a extensão de marca que poderia ser uma solução para o negócio, hoje, para mim, seria impossível para esta TV.

O exemplo para explicar isso é simples:

Vemos uma marca como a Coca Cola conseguir colocar sua reputação e prestígio em uma camiseta ou tênis com grande sucesso de venda. Mas a pergunta é: você usaria uma camiseta que tivesse a estampa da marca dessa emissora? Mesmo que fosse de graça?

Se sua resposta for não. Você é mais um dos que rejeitam a credibilidade desta marca. E esta parecem ser a opinião de muitos no Brasil.

Quadrilha
O ditado “diga-me com quem tu andas e eu te direi quem és” vale muito para explicar esta gestão da marca.

Ao tomar posição em fatos políticos em seu conteúdo jornalístico, ao boicotar tudo o que não lhe trazia dinheiro imediato, ao assumir um posicionamento ganancioso e criar polêmicas com nomes das marcas e produtos em suas transmissões, a marca dessa emissora foi sendo deteriorada, criando rejeição no publico internauta, que passou a trocar informações contrarias a este posicionamento e influências negativamente quanto a sua credibilidade.

Fogueira
É uma pena imaginar que uma marca como essa pode ter seus anos de história colocados em risco porque deixou de ouvir seus consumidores e se voltou para o poder que detinha de influenciá-los a seu bel prazer, sem se preocupar que o que tinha de mais importante era a proteção de sua imagem isenta e imparcial.

Do meu ponto de vista, não fico feliz por esta situação!
Sendo coerente com minha forma de ver as coisas, a desvalorização dessa marca BRASILEIRA me entristece. Assim como me entristeceu o trabalho de difamação da marca Petrobras, como me chateou o desprestígio com que foi tratado a marca Odebrecht, com o desrespeito que a política e a mídia tiveram com o papel institucional da presidência da republica e de partidos que destruíram suas marcas ideológicas por ganância.

No entanto é interessante ver que muito dessas fogueiras que queimaram as outras marcas brasileiras foram incendiadas por essa emissora que agora se vê tomada pelo próprio fogo que ajudou a atear.

Aguardemos o que o futuro poderá nos revelar, por enquanto viva as “festas” Juninas!