Hiperpersonalização: a próxima fronteira em martech

Por Lyse Nogueira*

O uso de dados para entender os consumidores consolidou-se na rotina dos profissionais de marketing. No entanto, o cenário mudou significativamente, com uma quantidade sem precedentes de dados e tecnologias disponíveis para analisar e extrair insights dessas informações, apoiando a criação e oferta de experiências altamente personalizadas aos clientes.

Imagem de Stefan Schweihofer por Pixabay

A hiperpersonalização está se tornando uma estratégia essencial para empresas que desejam destacar-se em mercados competitivos. Neste artigo, apresento uma visão sobre o potencial dos dados nesta abordagem dentro do marketing, e como essas tecnologias estão moldando o futuro das interações entre empresas e consumidores.

Existem diversos métodos analíticos que organizações podem utilizar para implementar a hiperpersonalização de forma efetiva. Entre eles, o uso de modelos supervisionados e não supervisionados, análise de recomendações e busca por perfis similares. A ideia é encontrar perfis que se assemelhem a um tipo específico de cliente, seja em termos de comportamento ou aspectos socioeconômicos, e combinar esses insights com novos dados para entregar comunicações extremamente relevantes, que promovam a compra ou a lealdade à marca, entre outros objetivos.

Também é essencial incorporar contexto à hiperpersonalização. Ela vai além de apenas personalizar a comunicação, ao incluir o contexto e preferências específicas de um indivíduo. Isso pode envolver ofertas específicas, mas também ações e até um tom de voz apropriado para aquele consumidor. Não adianta, por exemplo, promover ofertas de roupas de verão se sabemos que a navegação do cliente é focada em roupas de inverno, ou comunicar-se com a Geração Z como se fossem Millennials. Esses detalhes são fundamentais para o sucesso de uma estratégia de personalização.

A capacidade de antecipar os desejos dos consumidores e melhorar significativamente sua experiência é outra grande vantagem da hiperpersonalização. Ao analisar padrões e comportamentos, é possível identificar tendências entre os diversos grupos de consumidores e tomar medidas específicas para atender às suas expectativas. Isso inclui, por exemplo, compreender o tipo de comportamento que geralmente leva uma pessoa a cancelar um serviço de streaming e agir proativamente para evitar essa situação. Essa capacidade preditiva envolve o uso de dados sintéticos para aprimorar a análise, além da geração de conteúdo personalizado como estratégia para reduzir a taxa de cancelamento.

Contudo, a jornada de hiperpersonalização requer atenção a alguns aspectos, principalmente o uso ético dessas técnicas. As organizações precisam considerar fatores como transparência e consentimento, comunicando aos clientes como seus dados serão utilizados. Isso não é trivial e enfrenta a complexidade dos termos e condições de uso, que são apresentados aos usuários, mas raramente lidos. Portanto, simplificar essas informações sobre o rastreamento de comportamentos é importante. Também é válido pensar em oferecer incentivos ou benefícios aos consumidores em troca dos dados fornecidos. Nesse contexto, é crucial lembrar que, se o cliente se sentir enganado, existe um risco significativo de quebra de confiança. Portanto, é crucial avaliar os trade-offs entre o que é recebido e o que é oferecido nesta jornada.

Além disso, é necessário considerar as métricas de sucesso de projetos de hiperpersonalização, que variam de acordo com o foco da campanha e podem estar relacionadas a engajamento, satisfação do cliente ou retorno sobre o investimento. É essencial estabelecer métricas básicas antes de implementar um plano cujo objetivo é oferecer uma experiência altamente personalizada. Definir claramente os resultados esperados da campanha, como mais cliques, visualizações, conscientização, retenção, conversões, ou outros objetivos, é fundamental.

Olhando para o futuro, as organizações que desejam liderar devem adaptar e evoluir suas estratégias de hiperpersonalização, atualizando-se sobre as técnicas em uso. Não é necessário esperar a coleta de todos os dados, de todos os canais, para iniciar a estratégia; é possível começar com pequenas ações.

Por exemplo, se uma plataforma de streaming conhece o time pelo qual seu assinante torce, pode personalizar a tela inicial com informações desse time, partindo do mínimo de informação e incrementando a oferta ao longo do tempo. É útil revisitar periodicamente o que foi construído, com base nas novas informações fornecidas pelo cliente.

Por fim, além de qualquer abordagem tecnológica, as empresas precisarão estar atentas às mudanças nas preferências de sua base para criar campanhas altamente relevantes. Manter uma abordagem centrada no cliente será essencial para garantir a eficácia de uma estratégia de hiperpersonalização.

*Lyse Nogueira é customer advisor do SAS Brasil.

Coluna “Discutindo a relação…”

No que devo estar ligado?!

Por Josué Brazil

Imagem de Jan Vašek por Pixabay

O mercado de publicidade e propaganda é, sem dúvida alguma, um dos mais impactados pelas constantes mudanças e inovações advindas da tecnologia. Como consequência desta ininterrupta onda de mudanças, as práticas do mercado de propaganda vão se modificando e novidades passam a fazer parte do dia a dia de todos os profissionais e estudantes de propaganda.

Elas são muitas, mas vou listar aqui cinco tendências e/ou inovações importantes para estudantes e jovens profissionais de publicidade e propaganda:

Publicidade nativa e conteúdo patrocinado: À medida que os consumidores se tornam mais avessos à publicidade tradicional, a publicidade nativa e o conteúdo patrocinado estão ganhando destaque. Essas formas de publicidade se integram de forma orgânica ao ambiente em que estão inseridas, proporcionando uma experiência menos intrusiva para os usuários. Os estudantes devem compreender como criar conteúdo que se misture naturalmente ao contexto em que está sendo apresentado, mantendo a autenticidade e o interesse do público.

Inteligência Artificial (IA) e análise de dados: A IA está revolucionando a forma como a publicidade é feita, desde a segmentação de audiência até a personalização de conteúdo. Os jovens profissionais devem estar familiarizados com ferramentas de análise de dados e algoritmos de IA para compreender melhor o comportamento do consumidor e otimizar suas campanhas de publicidade.

Marketing de influência: Os influenciadores digitais têm um poder significativo sobre as decisões de compra dos consumidores, especialmente entre os jovens. Estudantes e jovens profissionais devem entender como identificar e colaborar com influenciadores que são relevantes para o público-alvo de suas campanhas, bem como medir o impacto dessas parcerias.

Realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR): A AR e a VR estão oferecendo novas formas imersivas de experiência do consumidor. Os profissionais de publicidade podem utilizar essas tecnologias para criar experiências interativas e envolventes que destacam os produtos ou serviços de seus clientes. Os estudantes devem acompanhar as últimas tendências em AR e VR e explorar como podem aplicá-las de forma criativa em suas campanhas publicitárias.

Publicidade programática: A publicidade programática permite a compra e venda automatizada de espaço publicitário em tempo real, com base em dados demográficos e comportamentais. Isso permite uma segmentação mais precisa e eficiente do público-alvo, além de proporcionar uma maior transparência e controle sobre o processo de compra de mídia. É essencial que os estudantes e jovens profissionais compreendam os conceitos básicos da publicidade programática e saibam como utilizá-la para maximizar o retorno sobre o investimento de seus clientes.

Essas tendências e inovações estão moldando o futuro da publicidade e propaganda, e os estudantes e jovens profissionais que as dominarem terão vantagem competitiva no mercado.

Estudo aponta dez pontos de atenção para marcas e profissionais em 2023

Estudo de Flavio Ferrari, professor especialista em cenários futuros da ESPM, aponta estratégias e estimular o pensamento à inovação

O estudo “Thinker’s Insight Points 2023”, produzido por Flavio Ferrari, professor de Análise Estratégica de Cenários Futuros da pós-graduação da ESPM e criador do hub SocialData, apresenta dez principais pontos de atenção para 2023 e que podem ajudar no planejamento estratégico de marcas e planos de carreira para profissionais. O estudo reuniu pensadores de diversas áreas, entre elas comunicação, tecnologia e inovação, que utilizaram a metodologia Future Castells’ Stones (FCS), que propõe a observação do mundo a partir de nove marcos definidos para avaliar as motivações para transformação, as influências do contexto e as consequências das possíveis mudanças. Também houve 140 entrevistas, análises de redes sociais por meio da ferramenta Stilingue Trends e sites de notícias.

Os dez TIPs destacados são Imediatismo, Incerteza, Tecnologias, Habilidades, Confiança, Inovação Aberta, Liderança, Oportunidades, ESG e Custo Brasil, observados em um cenário sem interferências graves como desastres ambientais, conflitos geopolíticos e econômicos ou colapso de cadeia de suprimentos. “São temas, questões, movimentos, percepções, necessidades ou preocupações para o ano. É um exercício que tem como objetivo balizar estratégias e estimular o pensamento de equipes dedicadas à inovação, facilitando o desenho de possíveis cenários futuros”, diz.

De acordo com a análise, o Imediatismo tem foco na sobrevivência instantânea, com pessoas desejando segurança, empresas preocupadas com resultados e governo em busca de estabilidade. O TIP Incertezas traz os cenários econômico e político instáveis e os conflitos geopolíticos prejudicando o planejamento a longo prazo. As Tecnologias entram para entreter a sociedade e gerar oportunidade de negócios, e segurança da informação é uma preocupação (vulnerabilidade).

O estudo indica que a instabilidade no mercado de trabalho e os profissionais receosos em perder espaço para a Inteligência Artificial geraram o TIP Habilidades. Elas estarão cada vez mais relacionadas à gestão de recursos tecnológicos e humanos. E Confiança é o ativo mais escasso do momento e por isso valorizado em 2023.

O World Economic Forum (WEF) 2023, realizado em Davos, na Suíça, ressaltou a importância da colaboração e reforça o TIP da Inovação Aberta, que traduz a importância da conexão entre empreendedores, investidores, especialistas e outros parceiros para enfrentar desafios.

Três soft skills foram também citadas como principais pontos de Liderança. Criatividade para inovar, humanidade para engajar e ética para gerir o negócio. A idade volta a ser associada à experiência e à estabilidade emocional e profissionais mais velhos podem recuperar espaço no mercado de trabalho – contraponto ao idadismo.

Oportunidades mostram que alguns setores devem ser mais demandados, como Defesa, Energia, Saúde, Tecnologia e Turismo. Sobre ESG a pesquisa aponta que embora o termo esteja presente nas pautas corporativas, não necessariamente haverá ações concretas em 2023, um ano mais imediatista.

O décimo TIP, Custo Brasil, indica um ano de negociações devido ao cenário político e econômico – pressão para reforma tributária, incentivos fiscais e crédito facilitado.

“Percorrer o caminho das pedras é um processo que estimula a identificação de potenciais transformações e as submete a um filtro de realidade, permitindo elencar as que terão maior probabilidade de se concretizar”, diz Ferrari.

Fonte: NovaPR – Flávia Nakamura

Conheça o Click&Collect

Isso é o Click&Collect: o avanço significativo da estratégia omnichannel

*Por Maurício Trezub

Uma das grandes tendências do novo varejo tem nome conhecido, já é praticada por muitos players do mercado no exterior e ganha força total agora no Brasil. Isso é o Click&Collect! De todas as estratégias omnichannel, este modelo de vendas é o que tem se alastrado em maior velocidade e o que mais tem agradado os consumidores. A rápida experiência de entrada e saída nas lojas – escolher o produto, clicar e levá-lo para casa – que o Click&Collect proporciona é primordial para ter sucesso nos negócios. É perceptível que, com o desenvolvimento das tecnologias, a distância entre os mundos físico e virtual fique cada vez menor.

A empresa Bell and Howell divulgou um levantamento recente, nos Estados Unidos, sobre as razões pelas quais as pessoas realizam uma compra nessa modalidade. Mais de 70% dos entrevistados se identificam como compradores experientes de Click&Collect. Um dos principais motivos para a escolha é a agilidade ao adquirir um produto. Cerca de 88% dos clientes disseram preferir esse tipo de venda. Além de desejarem ter seus itens rapidamente, os consumidores têm uma vasta gama de produtos que antes apenas o e-commerce proporcionaria somados a rapidez da retirada em uma loja física.

Mas, quais são os motivos do consumidor gostar e preferir o Click&Collect, ao invés de comprar em um e-commerce ou ir diretamente na loja física? De acordo com o estudo, em primeiro lugar, está a economia com as despesas logísticas dos envios de produtos, motivo que representou 76% da preferência de compra. Na sequência, aparece a autonomia – hoje, o cliente quer comprar o item e tê-lo no mesmo dia, por isso, este foi o segundo critério, com 54% por cento. Outros motivos, como a proximidade com a loja (50%), seguido pela vantagem de ter uma promoção (24%), a capacidade de devolver a mercadoria imediatamente (16%), além de saber lidar com erros de forma rápida (16%), também foram citados como essenciais durante a escolha.

Fazer o pedido online, retirar o produto na loja que escolher e quando quiser é o que o estimula o consumidor. Diferentemente de um processo comum, em que o e-commerce usa a loja física apenas como ponto de retransmissão da mercadoria, aqui, é ele quem tem o poder durante a jornada. Os entrevistados responderam qual era a duração aceitável de tempo no momento em que eles entravam na loja para buscar seus produtos. Ao todo, 53% desejam pegar o seu item em menos de 10 minutos e outros 25% esperam menos de quatro minutos.

Tudo gira em torno do cliente, que escolhe o que deseja reservar, como deseja, se será pelo site ou pelo aplicativo, se quer retirá-lo na loja e qual horário prefere. Esse conceito de compra já é muito bem conhecido na Europa e está andando a passos largos nos Estados Unidos e em outros países, onde até pequenos comércios de bairro já oferecem o serviço. Como muitas empresas estão competindo entre si, não importando o porte delas, a busca por inovar é essencial para se destacar no mercado. Se até o comércio de bairro no exterior está investindo e adotando tecnologias, por que os comerciantes brasileiros não podem fazer o mesmo? O varejo nacional está ainda em um processo de maturidade, mas acredito que podemos encontrar caminhos para aderir aos poucos às inovações e novas soluções tecnológicas.

Lá fora, um exemplo é a rede de cafeterias americana Starbucks, que mostrou como a integração entre os cenários online e offline pode ser positiva. No ano passado, a empresa que já utilizava um aplicativo próprio, adicionou a funcionalidade do Click&Collect para os seus clientes. A intenção inicial era apenas evitar as filas gigantescas que se formavam nos balcões, mas a mudança acabou estimulando ainda mais as vendas de seus produtos. Os consumidores passaram a ter um novo canal e a opção de realizar as compras via mobile e isso permitiu que eles fossem até o ponto de venda desejado apenas para retirar o seu produto.

Oferecer aos clientes um aplicativo em que por meio de uma identificação e do cartão de débito ou crédito eles consigam escolher, em poucos cliques, a mercadoria que querem e ainda acessar as lojas, é diversificar os seus canais de venda e, acima de tudo, dar novas chances de conversão. Essa é a essência do novo varejo.

Citando algo mais próximo, aqui no Brasil, a Campneus, um dos maiores e mais bem conceituados autocenters do país, também adotou algo similar para seus clientes e teve sucesso. Com 280 pontos de instalação no Brasil, a estratégia é gerar tráfego para a loja física por meio do upsell e agendamento online de serviços de balanceamento, geometria e etc. A experiência mostra que o mercado brasileiro já caminha para esse novo formato e está em uma fase de transição, rumo a transformação digital.

O Click&Collect é o meio mais estratégico e transparente do movimento omnichannel. O caminho é experimentar. A alternativa do varejo é buscar essa integração dos canais de vendas para oferecer as melhores experiências possíveis aos seus clientes e da forma mais natural possível. As empresas que desejam diversificar a sua atuação podem olhar para o seu negócio e se perguntar por onde começar a aplicar o conceito. Os varejistas precisam ser curiosos nesse sentido: tentar, testar e se adaptar. Mesmo que falhas aconteçam nessa jornada, é preciso, e muito importante, fazer esse exercício. Isso é o que ajudará a construir e a atingir o modelo de varejo digital.

*Maurício Trezub é diretor de e-commerce da TOTVS

Fonte: RMA Comunicação – Marina Zimmaro