O profissional de mídia 4.0: entre algoritmos, prompts e criatividade

Por Thiago Fernandes*

Recentemente, comemoramos o dia do Profissional de Mídia. É impossível mensurar ao certo quando esta profissão surgiu de fato, porém, o que podemos ter certeza é que ele passou por inúmeras mudanças desde então. Inclusive, a potencial maior delas acontece neste exato momento.

Thiago Fernandes

Antes de mais nada, porém, é preciso avaliar o contexto histórico. Há alguns anos, os profissionais técnicos que operam nas plataformas de comunicação, principalmente Google e Facebook, eram chamados de “traders”. Isso porque havia uma clara semelhança entre a forma de atuação destas pessoas com funcionários do setor financeiro, em um leilão frenético entre publishers vendendo seus espaços e as agências/anunciantes calibrando os lances.

Com a evolução do papel da comunicação no negócio e nos resultados dos clientes, a operação de mídia passou a receber um teor mais analítico e matemático. Não me entenda mal, ser criativo e estratégico sempre foi parte importante do pacote. No entanto, os profissionais mais recentes que ingressaram no mercado passavam mais tempo operando plataformas digitais do que expondo o seu lado inspiracional.

Avaliando o atual cenário, a IA definitivamente chegou e está sendo integrada de forma definitiva na rotina de praticamente todas as áreas. E o profissional de mídia, é claro, não está passando ileso a isso. Em um movimento liderado por essas mesmas grandes plataformas, como Google e Facebook, estão sendo implementadas soluções complexas e integradas ao setor, praticamente unindo a parte criativa à operação de comunicação.

Por meio da integração da IA com as plataformas de mídia, você é capaz de montar sua peça, troca o fundo, adiciona o call to action, muda o copy, integra nas campanhas, testa o resultado, tira insights, otimiza e corre pro abraço. Tudo numa mesma jornada de usuário e sequência rápida de cliques e prompts. Este é o futuro presente da profissão, pelo menos no que depender das plataformas self-service.

Esse novo cenário cria um momento de reflexão – como será o profissional que irá cumprir essa função? Daqui a mais ou menos 2 anos (ou será 6 meses?), quando esse profissional for contratado, como será sua rotina? E qual será a nomenclatura desse cargo? Criatimídia? Midiativo? Criativo analítico? Estrategista de campanhas? Trader criativo?

Apesar de todas essas incógnitas, o que fica claro é que o novo profissional de mídia, ou de criação, ou de marketing em geral, vai precisar adicionar inúmeras novas camadas em uma única função: capacidade analítica, ser bom com números, ter senso estético, criatividade, redação e desenvolver bons prompts. Ou seja, um uso intenso de ambos os lados do cérebro.

A ampliação das atribuições não ocorre sem um contexto propício. Com a IA integrando-se cada vez mais às plataformas, a automação de tarefas repetitivas irá liberar tempo para que os profissionais da área possam focar cada vez mais em estratégias criativas e analíticas. No entanto, isto exigirá novos conhecimentos e demandas por parte dos especialistas. Plataformas como o Google Ads, por exemplo, já utilizam machine learning para otimizar lances e segmentação de forma automática, mas demandam conhecimento, mesmo que básico, em programação básica e compreensão de algoritmos da tecnologia.

Ou seja, a convergência entre departamentos criativos e de mídia sugere uma maior necessidade de colaboração interdisciplinar, com equipes integradas de criadores, analistas de dados e especialistas em IA trabalhando juntas para criar campanhas holísticas. O grande ponto é: será que os departamentos de Criação e Mídia, apartados, porém integrados, como são hoje, continuarão a existir? Aliás, será que departamentos irão existir?

“Ah Thiago, mas os profissionais de hoje já são assim!” São mesmo? Claro que existem profissionais que conseguem alinhar todas essas expertises, seja por talento ou necessidade. Contudo, cada vez mais esse será o default da profissão – e precisaremos aprender na marra a viver dentro desta nova realidade. Estamos num momento de deslumbramento, adaptação, incertezas e novidades. É normal estar apreensivo, mas também é mágico poder participar de tudo isso, desde ajudando a desenhar o futuro ou mesmo experimentando como as coisas acontecerão.

A grande verdade é que a profissão de mídia digital está em constante evolução, e a integração da IA está transformando a maneira como as campanhas são criadas e gerenciadas. O especialista precisa estar mais preparado do que nunca, alinhando uma combinação equilibrada de analista de dados, criativo, estrategista, tecnólogo e adaptando-se continuamente às novas ferramentas e métodos que a tecnologia traz para o campo. O caminho à frente é desafiador, mas também repleto de oportunidades para inovação e crescimento.

*Thiago Fernandes é Diretor Executivo de Canais e Audiências da iD\TBWA, considerada uma das principais agências de publicidade do Brasil que combina dados, criatividade e inovação. Ele é responsável por liderar um time multidisciplinar responsável pela construção de estratégias focadas no crescimento de diferentes marcas e negócios, em setores de alta concorrência, como Automotivo e Telecom.

Customer Experience: seis tendências para 2024

Por Thiago Gomes*

Garantir a melhor experiência do cliente: essa vem sendo uma demanda latente no mercado, considerando as mudanças nos hábitos dos consumidores que passaram a valorizar a qualidade do atendimento, mais até do que aspectos financeiros. Deste modo, a melhor forma de lidar com esse novo cenário é, sem dúvidas, investir no Customer Experience (CX).

É importante destacar que o papel do CX é atuar como um guardião durante toda a jornada de cada cliente. Afinal, levando em conta que não é mais o preço que determina a preferência, mas sim o atendimento, é essa área a responsável por mostrar para o consumidor seus produtos e serviços, bem como assegurar uma experiência positiva durante todo o processo.

Não à toa, o Customer Experience trata-se de uma estratégia rentável para as organizações. Segundo um estudo da Temkin Group, o investimento na experiência do cliente pode gerar um aumento médio de receita de U$ 823 milhões em três anos para empresas que faturam até U$ 1 bilhão em receitas anuais.

Entretanto, é fundamental que, para que o CX atinja sua máxima efetividade, as organizações adotem medidas eficazes, bem como estejam atentas às tendências de mercado para o próximo ano. Destaco aqui seis delas:

#1 IA Generativa: a expectativa é que, no próximo ano, as discussões acerca desta tecnologia se acentuem cada vez mais. Afinal, ainda estamos apenas no começo de todo o potencial que esse recurso tem a nos oferecer. Isso, certamente, favorece o CX, uma vez que, por meio da IA, torna-se possível personalizar os atendimentos, indo ao encontro do perfil de cada cliente.

#2 Jornada do cliente: nos últimos anos, as organizações buscaram aumentar o foco na jornada do cliente, levando em conta suas diferenciações, incluindo questões sociais e demográficas. Esse mapeamento deve ocorrer desde o primeiro contato até o pós-venda, a fim de entender os pontos de interação e oportunidades de engajamento. Em todo esse processo, o uso da IA é fundamental, tendo em vista que a tecnologia ajuda efetivamente na obtenção de dados e informações, aprimorando o relacionamento entre a marca e o cliente, eliminando fricções e potencializando o resultado das interações.

#3 Branding: de nada adianta ter tecnologia e uma jornada bem mapeada, se a empresa não tiver uma marca forte. Ter um branding alinhado à proposta de valor e ao perfil dos clientes é fundamental para criar um discurso efetivo e focado em resultados. E, em se tratando de empresas que se comunicam com um público grande e diverso, o desafio está em se comunicar com perfis variados, sem deixar de lado a personalização, que fará toda a diferença no relacionamento com o cliente.

#4 Canais: vivemos a era omnichannel, onde cada cliente possui suas preferências. Sendo assim, é necessário que a empresa busque ampliar sua presença nos mais diversos tipos de mídia para utilizá-las a seu favor, sempre garantindo um contato efetivo, independentemente do meio em que ele aconteça. Seja por loja física, WhatsApp, SMS, RCS, bots ou até por e-mail, cabe à organização prestar o melhor atendimento, mesmo quando o contato começa em um canal e segue para outro.

#5 Hipersonalização: oferecer a opção certa, na hora certa e no local certo. Mais do que fazer o cliente se sentir exclusivo, ações hiperpersonalizadas geram muito mais resultados. Com o apoio da IA, é possível oferecer isso de forma muito mais simples, uma vez que a ferramenta estrutura dados, traçando as preferências de cada perfil – o que seria humanamente impossível sem o apoio da tecnologia.

#6 Segurança da informação: segurança de dados vem se tornando uma preocupação entre os consumidores. Diante disso, com a consolidação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas que oferecerem mais segurança, certamente, irão atingir transmitir mais tranquilidade aos clientes, que não aceitam mais os riscos de terem que lidar com as consequências de dados pessoais expostos.

A tecnologia deve ser a grande protagonista entre as tendências de CX para 2024, especialmente a IA. Contudo, de nada adianta dispor de recursos avançados sem um olhar humano atento e empático às necessidades e preferências do consumidor. À medida em que eles se tornam cada vez mais exigentes e bem-informados, cabe às empresas desenvolverem recursos para manter relacionamentos livres de ruídos e cheios de experiências memoráveis.

*Thiago Gomes é Diretor de Customer Success e Produtos na Pontaltech.

Quatro tendências para impulsionar o mobile marketing

Por Bruno Cedaro*

O smartphone se tornou um recurso poderoso de comunicação na palma das nossas mãos. Os dispositivos móveis dispõem de ferramentas robustas que facilitam a troca de mensagens entre pessoas de qualquer lugar do mundo, por meio de canais velozes, seguros e completos. Muitos deles estão sendo crescentemente explorados pelas empresas para aproximar e agilizar o relacionamento com seus consumidores, ressaltando tendências muito bem aceitas pelos usuários que devem ser investidas em prol de uma experiência mais marcante.

Bruno Cedaro

O avanço da digitalização no mercado abriu portas para o desenvolvimento de plataformas e redes de mensageria completos que vêm trazendo maior praticidade e eficiência para os consumidores. Seus benefícios nas estratégias de comunicação das empresas são enormes – contribuindo para que conduzam sua jornada de compras no meio que preferirem e mantenham contato com a marca para objetivos variados no canal que tiverem maior afinidade.

Tanto é que uma pesquisa realizada pela Juniper Research mostra que o mercado de mensagens mobile crescerá 45% nos próximos quatro anos, com uma expectativa de atingir um tráfego de 2,8 trilhões de mensagens até 2027, em comparação com uma média de 1,9 trilhões enviados atualmente. Dentre os canais disponíveis, veja os quatro que mais vêm se destacando nas empresas e que devem ser investidos para impulsionar o marketing dos negócios:

#1 E-mail: embora possa parecer fora de moda, esse canal ainda é um dos mais estratégicos para cativar laços com os clientes e conquistar excelentes resultados. O e-mail é mais utilizado como um meio de entrada para as ações de marketing das empresas e, para isso, precisa ter uma comunicação clara e objetiva para que consiga converter seus usuários. Segundo dados divulgados pelo HubSpot e CampaignMonitor, cerca de 80% da abertura de e-mails ocorre pelo celular. Então, nada de ignorar essa ferramenta na sua próxima campanha de mobile marketing.

#2 WhatsApp: além de ser um dos canais mais utilizados diariamente para a troca de mensagens no Brasil, o WhatsApp Business também é uma ótima opção para as empresas se comunicarem de forma mais personalizada e otimizada com seus clientes. Além de oferecer uma maior flexibilidade e conveniência no atendimento, possibilita um maior alcance e prospecção de usuários – considerando que cerca de 93% dos internautas brasileiros entre 16 e 64 anos usam o WhatsApp, segundo um estudo da We Are Social. Mas, para que seja assertivo, ele demanda uma estratégia de comunicação mais segmentada e personalizada, evitando o envio de mensagens excessivas e sempre dando a opção de continuar o atendimento em outro canal que tenha preferência.

#3 SMS: não, definitivamente, ele não morreu. Com mais de 30 anos de existência, ainda é um canal super estratégico para a comunicação entre empresas e clientes, principalmente pelo custo acessível e enorme alcance. Estima-se que a tecnologia irá gerar mais de US$ 50 bilhões em todo o mundo no segmento de publicidade em 2023, segundo a empresa Juniper Research.

#4 RCS: considerado por muitos como a evolução do SMS, o RCS (Rich Communication Service) é uma novidade que veio para ficar. A ferramenta é capaz de melhorar a credibilidade do negócio e a experiencia do cliente, já que oferece um protocolo de comunicação muito mais completo e rico por meio do envio de mensagens com textos, imagens, gifs e carrosséis ao mesmo tempo. Com ele, as empresas conseguem elaborar campanhas mais assertivas, personalizadas e agilizar a jornada de compra, revolucionando a comunicação B2C e sendo considerado por muitos como o futuro a mensageria no mercado.

Cada um desses canais apresenta propósitos e características diferentes que devem ser muito bem analisados para evitar que os usuários caiam em um atendimento genérico. A comunicação implementada nestes meios precisa ser a mais fluída possível, abordando o usuário de maneira personalizada, afetiva e sempre servindo como um complemento para sua jornada.

Independentemente se forem incorporados para estratégias ativas (nas quais são a fonte primária do plano de marketing) ou receptivas (servindo como ponte de conexão para o objetivo desejado) o mobile marketing deve ser coerente e não invasivo, sempre se adaptando às necessidades do público-alvo. Quando bem estruturadas, as campanhas que usam essas ferramentas conseguirão impactar cada vez mais clientes e fidelizá-los à marca.

*Bruno Cedaro é COO Digital da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

Redes sociais, uma aliada e não concorrente

por Vera Lucia Rodrigues*

Sem dúvida alguma, quando uma empresa, entidade de classe e até mesmo pessoas notórias contratam uma assessoria de imprensa é porque buscam estar na mídia e manterem uma visibilidade nos canais, seja no digital, impresso, televisivo ou radiofônico. Porém, um trabalho de comunicação mal estruturado, que não acompanha as tendências, faz com que essa amplitude seja amena. Por esse motivo, é importante ter as redes sociais como aliadas às atividades da assessoria e não vista como concorrente.

Mas, por que atrelar as mídias sociais à assessoria de imprensa? É bem simples, o objetivo de todos os contratantes é impactar seu público-alvo e, com isso, gerar lucro! Há ainda uma visão muito romantizada do intuito de quem utiliza as redes. Elevar a visibilidade dessas marcas e chegar ao cliente, seja ele da área B2B ou B2C, são as principais finalidades, então, quando houver a oportunidade de ser fonte para alguma matéria jornalística de importância para seu nicho, participar de algum programa televisivo ou ainda ser articulista para algum jornal, essas ações precisam chegar a quem de fato vai se importar, que é o seu futuro ou já cliente, e como isso é possível? Por meio das redes sociais. Olha que maravilha para as empresas e para as assessorias.

Pronto, o segredo foi revelado nos primeiros dois parágrafos desse artigo, pois a explicação é bastante objetiva e não vale a pena criar “rodeios”, até porque não faz mais parte da cultura do atual leitor a paciência para informação postergada. O consumidor de hoje, em sua maioria, só consegue ler pequenos posts no Instagram e, se o conteúdo vier sinalizado como “lá vem textão”, pode ter certeza que este será pulado, esquecido no feed de quem não tem tempo para ler grandes postagens. Então, esse fator nos leva rapidamente a uma segunda importante etapa do processo de impactar seu público, que são as diferentes maneiras de conversar com ele.

A assessoria de imprensa pode ser considerada um trabalho mais refinado de conexão com as personas das empresas, pois na maioria das vezes é realizado um relacionamento ávido com os meios de comunicação, que popularmente são conhecidos como relevantes, especialmente pela função social que desempenham, além da seriedade que esses veículos demonstram para a população de forma geral, e essas características agregam sofisticação. Com esse dado, compreendemos que essa é a principal forma de conversar com a persona das empresas contratantes, por meio desses veículos importantes tanto socialmente quanto para o público-alvo.

Quando ajustamos o foco para imprensa segmentada é ainda mais potencializado e assertivo, pois a “conversa” é direcionada e conta com a relevância que aquele jornal, revista, portal ou canal de televisão representa para o consumidor nichado. Ou seja, mais uma tática de se comunicar e manter a visibilidade em alta.

Não podemos perder de vista que, hoje, o gerenciamento de redes sociais é desempenhado pelas assessorias das empresas e organizações, pois a atividade é realizada com maior precisão, já que os assessores estão totalmente envolvidos nos assuntos das instituições. Dessa forma, as postagens, envolvimento com seguidores e demais serviços realizados no ambiente das mídias sociais também são refinados, igual às tarefas tradicionais executadas pela assessoria de imprensa, e representa a terceira estratégia de diálogo, e podemos dizer que essa é desempenhada com maior proximidade.

Obviamente que a forma como as redes sociais funcionam são diferentes dos veículos de comunicação tradicionais, como já conhecemos, e por isso mesmo que precisam ser gerenciadas por comunicadores, pois necessita haver ajustes com o objetivo de atingir positivamente o público-alvo das empresas e haver uma conexão ávida com ele. Então, quando citamos a questão dos indivíduos não lerem tanto quanto antes e recorrer às redes sociais como uma possibilidade de se informarem rapidamente, apontamos a importância de informar a respeito das organizações também de maneira curta e objetiva por meio de seus canais individuais, que podem ser Fanpage do Facebook, Company Page do LinkedIn e perfil no Instagram.

Já se o intuito for levar o leitor às páginas de meios de comunicação que as instituições estão presentes, as redes sociais também são ótimas opções, inclusive já existem mecanismos nelas que permitem criar esses links, que exportam as pessoas para outros sites com muita facilidade.

De modo geral, é importantíssimo manter um canal disponível com inúmeras plataformas, pois isso amplia a visibilidade das marcas e potencializa a performance das empresas e instituições de diferentes segmentos. Ou seja, é necessário estar presente nos veículos de comunicação, mas também é relevante informar seu público com um “olá, estou aqui nas redes sociais. Venha saber mais por aqui também” e estreitar ainda mais os laços.

*Vera Lucia Rodrigues é jornalista, mestre em comunicação social e diretora da Vervi Assessoria.