Robôs já conversam com os humanos e nos ajudam a pedir pizza, comprar uma casa e até nas ações de marketing
*Por Fabiana Macedo
Com a evolução em alta velocidade da tecnologia nos últimos anos, a inteligência artificial (área da ciência da computação que trabalha com sistemas e equipamentos capazes de simular a capacidade humana de raciocinar e realizar tarefas) deixou de ser coisa de filme futurista e hoje já faz parte do dia a dia de muita gente. Quer exemplos?
Ela já está presente nos smartphones com Android ou no iPhone, que atendem a comandos de voz feitos pelos usuários; em caixas de som inteligentes de empresas como Google e Amazon, que conversam com seus donos e dão informações variadas sobre temas como música, clima e receitas; e nos robôs de atendimento, que permitem comprar passagens aéreas, pedir pizzas, receber notícias personalizadas e até facilitam a venda de imóveis (caso de uma solução criada pela startup brasileira Hypnobox).
E não para por aqui. Os fabricantes de eletrodomésticos também estão incorporando essa tecnologia a equipamentos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar. A ideia é que esses eletrodomésticos, além de atenderem aos comandos dos usuários, aprendam com os hábitos de seus proprietários. Trata-se de um mercado bilionário, em franco crescimento. Segundo a consultoria IDC, os chamados sistemas cognitivos e de inteligência artificial devem movimentar US$ 47 bilhões em 2020, contra US$ 8 bilhões registrados em 2016.
Mas e como isso impacta o mundo da comunicação? Ao integrar a inteligência artificial e sua capacidade de monitoramento ao banco de dados das empresas e aos sistemas de gestão de relacionamento com o cliente é possível, por exemplo, gerar campanhas online muito mais eficientes, que segmentam a audiência e entregam apenas ao perfil desejado. A IA terá impacto desde a criação de uma campanha (com os dados captados dos clientes) até a forma de entrega, com a inteligência e a segmentação proporcionada pela tecnologia.
E será que os profissionais de comunicação chegarão a ser substituídos por esses sistemas? Para tentar oferecer uma amostra desse futuro, a startup americana Knowhere criou nos Estados Unidos uma espécie de “robô jornalista”, que escreve notícias e promete ser 100% imparcial. O programa lê sites jornalísticos, determina os temas mais quentes do momento e escreve artigos sobre esses temas. Nada que assuste os profissionais de imprensa – pelo menos por enquanto.
Apesar de o brilhante físico Stephen Hawking (que morreu em março) ter previsto que a inteligência artificial pode substituir todos os humanos, ainda levará muito tempo para que esse tipo de cenário se concretize (se é que um dia isso realmente vai acontecer). No momento, o que cabe a nós, “meros mortais”, é aprender a lidar com essas ferramentas, tirar proveito da sua capacidade de atendimento e aprendizado, do volume de dados que proporcionam para a tomada de decisão e da redução de custo que elas oferecem. As máquinas estão cada vez mais inteligentes. E precisamos tê-las do nosso lado.
A arte da Inteligência Artificial chegou para ficar. E você?
A cada nova ferramenta, sejam bots para chat, programas de IA que facilitam a vida dos designers, até alguns robôs artistas, vemos que o ser humano está ficando para trás. Você está se preparando para isso?
Nos últimos meses, estou sendo bombardeado de máquinas e robôs. São bots que respondem as minhas perguntas em sites, são novas experiências do Google ou da Sony, que estão criando verdadeiros robôs artistas. E no meio de tanta novidade, estou pensando comigo: estamos nos preparando para esse futuro com máquinas artistas?
Vejamos o experimento da Sony, que criou um programa que reconhece padrões musicais e compõe as suas próprias melodias (https://super.abril.com.br/tecnologia/ouca-as-duas-primeiras-musicas-criadas-por-inteligencia-artificial/). Ou então, o projeto da Google que já alimentou o nosso amigo robô com obras de grandes pintores e agora a máquina reconhece o estilo e reproduz com fidelidade pouco vista em humanos (http://www.b9.com.br/89559/artista-alemao-cria-inteligencia-artificial-que-pinta-como-pintores-do-seculo-xix/).
Se você gostou do que viu e ouviu, estamos caminhando para um mundo artístico bastante confuso. Onde pouco irá importar se aquele artista existe ou não (em carne e osso).
IA é assim: você ensina padrões, ela aprende e reproduz. Tudo sai perfeito? Ainda não, as criações precisam de um “empurrão” humano, mas a tendência é essa dependência acabar. E aí teremos robôs superinteligentes interagindo mais do que nunca com a gente. E competindo.
Você está estudando, se aperfeiçoando para o mercado de trabalho? Se as coisas já andam bem competitiva entre humanos, imagine quando entrar de vez no mercado de trabalho inteligências autônomas. Elas irão fazer o seu trabalho, artístico ou não, com maestria invejável e não teremos nada o que fazer, a não ser, compreendê-las e evoluir com elas.
Se você não tem um amigo robô ainda, acho melhor rever sua network e rede de amizades. O grande lance aqui é viver grandes experiências, revelações artísticas. Se do outro lado é uma pessoa física ou um programa, não importa. Não importará no futuro. Se tudo é arte, quem somos nós para dizer que isso não é? Qual será o futuro da Inteligência Artificial? Com certeza, se tornarão mais inteligentes e menos artificiais.
A vez das tecnologias (e das experiências) por voz
* por Luciana Castro
Não importa onde você vá, as frases “Alexa”, “Ok, Google” e “Hey, Siri” estão sendo ditas mais do que nunca. Nos últimos dois anos, os preços atraentes e a mudança das preferências dos consumidores mudaram rapidamente os dispositivos habilitados por voz, tanto no mercado quanto nas casas das pessoas. Somente em 2017, os dados da Adobe Analytics Cloud mostram que as vendas on-line desses dispositivos aumentaram 103% na comparação ano a ano.
Antes um recurso novo, o uso de comandos de voz já se tornou muito mais comum. Uma pesquisa recente encomendada pela Adobe mostra que apenas 16% das pessoas se sentem desconfortáveis usando comandos de voz na frente dos outros. Quer se trate de música, de notícias do dia ou controle das luzes de uma sala, a tecnologia está rapidamente se tornando parte da vida cotidiana. No entanto, apesar de a voz ter surgido como um concorrente para as interfaces touchscreen, ela exigirá um ecossistema amplo de “habilidades” para prosperar. Como ocorreu com os smartphones há quase uma década, isso representa uma grande oportunidade para as marcas.
Luciana Castro
As principais empresas de tecnologia no mundo estão anunciando soluções para oferecer experiências de voz verdadeiramente personalizadas. Os consumidores poderão interagir com as marcas favoritas da mesma forma que se envolvem com um padeiro local ou um atendente de banco conhecido – com relevância e contexto que mantêm os usuários fidelizados. Tudo isso é suportado pela análise e estudo de audiência, bem como capacidades de AI que automatizam processos difíceis e se tornam um mecanismo de decisão nos momentos necessários.
Saiba com quem você está falando
Imagine procurar um voo em um dispositivo Amazon Echo e encontrar o melhor horário pelo melhor preço. A companhia aérea já conectou os pontos e você pode reservar instantaneamente, seguido de uma confirmação de viagem enviada diretamente ao seu smartphone. Ou, considere um resumo de notícias da manhã em que cada novo conteúdo se torna cada vez mais alinhado com seu interesse. A tecnologia começa, então, a recomendar as playlist que você viu em serviços de streaming de música.
Estes são os tipos de experiência de voz deliciosas que mantêm os clientes ‘querendo mais’. São experiências relevantes, envolventes e entregues no contexto certo. agora permitem que as marcas proporcionem esses tipos de experiências. Com recursos aprimorados, os profissionais de marketing podem personalizar a experiência para cada indivíduo atuando em seus próprios dados, aproveitando as informações existentes e fornecidas pelo usuário. Soluções de análises de dados servem como a plataforma de insights subjacente, capturando dados de dispositivos de voz, desktop e mobile. A garantia é que os dados estejam alinhados para que as marcas envolvam pessoas, não dispositivos.
Ao longo dos anos, as marcas mais bem-sucedidas em experiências mobile foram as que operavam em um constante estado de interação. Em vez de transferir a experiência de desktop completa para o celular, eles testaram continuamente recursos diferentes e desembarcaram os que ofereceram o maior valor. As empresas agora podem fazer o mesmo em interfaces de voz. Um varejista, por exemplo, pode experimentar diferentes serviços oferecidos. Podem ser executadas simulações em que as marcas começam a ver quais recursos são usados com mais frequência, as várias ações dos usuários após cada reação e as situações que levam as pessoas a desconectarem.
O poder da Inteligência Artificial (AI)
Uma vez que uma marca descobriu como personalizar uma experiência de voz para o cliente, o desafio é implementar isso para milhões de consumidores. Por meio de tecnologias como o Sensei – a AI da Adobe – e de estruturas de machine learning, as marcas agora têm a capacidade de fazer isso. Como motor de decisão, a AI pode aproveitar o machine learning e os algoritmos preditivos para ajudar a garantir uma experiência perfeitamente personalizada para cada cliente.
Com tantas oportunidades, as marcas também devem ter em mente que os erros nos dispositivos de voz certamente acontecerão, assim como os anúncios que erroneamente te seguem após visitar um produto em uma loja online, mesmo após já ter efetuado a compra. A empresas de tecnologias em marketing estão aí para ajudar as marcas a navegar neste cenário complicado e a ficar à frente dos demais. Vimos isso há uma década, quando muitos perderam o barco dos smartphones e alguns ainda estão pagando por isso. Com a disciplina correta e as tecnologias mais recentes, as marcas possuem as ferramentas para garantir que isso não aconteça com a voz. Elas podem oferecer excelentes experiências que ampliam a presença de sua marca e, em última instância, geram mais fidelidade no cliente.
* Luciana Castro é head analytics e marketing cross-channel da Adobe para América Latina
Cinco tendências tecnológicas para ficar de olho em 2018
Por Vicente Goetten, diretor do TOTVS Labs
Ninguém duvida que as tecnologias estão evoluindo e sendo adotadas com uma velocidade cada vez maior. Várias delas surgiram nos últimos anos e já ganharam diferentes aplicações e representatividade em inúmeros segmentos da indústria. Por isso, não podemos deixar de olhar para a evolução e os impactos que cada uma delas causará nos nossos negócios e setores. Para facilitar essa análise, trago abaixo cinco tendências que se difundirão mais fortemente em 2018 e que todas as empresas devem estar atentas.
Inteligência Artificial
A tecnologia vai continuar sendo um dos principais tópicos do próximo ano. Ela está evoluindo a passos largos para diversas aplicações e estará em praticamente todos os tipos de sistemas e soluções. Mais do que isso, a IA também deixará as coisas mais inteligentes. Robôs, drones, máquinas agrícolas. Todos eles responderão perguntas e oferecerão insights para tomada de decisões em diferentes indústrias.
A evolução dessa tendência também passa muito pelas experiências conversacionais, como Alexa, da Amazon, e Siri, da Apple. Esses exemplos da vida pessoal ingressarão fortemente no universo corporativo, como no atendimento ao cliente, por exemplo, que poderá pedir orientações ou fazer perguntas por comando de voz ou texto e ser direcionado a um manual ou à localização específica da resposta na página de FAQ (perguntas e respostas frequentes, da sigla FAQ em inglês).
Além disso, há estudos sobre a operação de máquinas e sistemas com o uso de comandos de voz. Desta forma, por meio de uma interação com linguagem natural, será possível interagir com um software e pedir para que ele emita uma nota fiscal para empresa X, por exemplo, e ele o fará sozinho.
Realidade virtual e aumentada
Outras tecnologias que vão crescer muito no próximo ano são as realidades virtual e aumentada. Até então bastante usadas na indústria de games, em 2018 se tornarão mainstream impulsionadas pelos setores de lazer, como museus e estádios, hotelaria e turismo. Mas também serão bastante usadas nos segmentos de varejo, saúde e educação – incluindo treinamentos.
Esses conceitos ganharam popularidade no mercado de games, como Pokémon, mas, assim como a inteligência artificial, estão sendo inseridas em aplicações de negócios. Em uma loja física, com uma aplicação assim, será possível obter informações adicionais de um produto ou verificar se uma carteira que você está comprando combina com um sapato que já está em casa. No segmento de saúde, será possível ”escanear” o tornozelo após uma contusão e obter indicações do que aconteceu e recomendações do que fazer. Tudo isso com a câmera do celular.
Os benefícios não param por aí. Essas tecnologias permitirão uma experiência imersiva, como, por exemplo, no aeroporto de Singapura que já treina seus novos engenheiros mecânicos 100% com óculos de realidade virtual. Na educação à distância, estudar o corpo humano como se ele estivesse na sua frente será um grande avanço para estudantes e professores. E imagine se, antes de comprar uma passagem para o Japão, você pudesse vivenciar uma caminhada pelas ruas da cidade ou saber como será a visão do assento do ingresso que deseja comprar para um show ou um jogo no estádio, antes mesmo de adquiri-lo. Até mesmo um passeio no museu ou em uma exposição torna-se mais rico e interessante com informações adicionais sobre uma obra usando apenas o celular.
Blockchain
Até o momento tivemos muitos casos teóricos de blockchain, mas em 2018 o veremos, de fato, em produção. Haverá um crescimento forte não só da tecnologia em si, mas, principalmente, de soluções desenvolvidas em cima dela. Será possível, por exemplo, fazer tracking e auditoria do transporte de medicamentos utilizando um sensor de internet das coisas (IoT) que rastreia o trajeto e a temperatura dos medicamentos durante todo o processo, salvando essas informações no blockchain. A medida garante a proteção dos dados, a imutabilidade deles e, até mesmo, a segurança e a qualidade dos produtos, que não sofreram alterações durante o trajeto. O mesmo princípio, pode ser usado no supply chain e na agricultura.
A tecnologia também deve crescer muito no segmento financeiro, onde surgiu juntamente com os bitcoins. Hoje, não existe uma instituição financeira que não use ou não esteja discutindo a adoção de blockchain. Outro aspecto que deve crescer bastante no próximo ano é a identidade digital e o blockchain será usado para garantir a segurança da informação e também que você é você mesmo.
Fog computing
Em 2018, vamos começar a usar o poder computacional das pontas. Isso agilizará a rotina de empresas e profissionais, pois não será mais necessário enviar todos os dados para uma nuvem, esperar ela processá-los e enviar a informação de volta para tomar decisões.
Imagine a diferença dessa mudança de paradigma em um carro autônomo, em que a velocidade de decisão é fundamental para a segurança das pessoas. Ao usar o poder computacional das pontas, realiza-se o processo localmente e apenas o armazenamento do resultado na nuvem tradicional, combinando várias nuvens ao invés de centralizar tudo em uma só. E isso só acontecerá porque o poder computacional que temos hoje no nosso smartphone ou em um carro autônomo, por exemplo, são incríveis.
Combinação de todas essas tecnologias
Além dos benefícios oferecidos por cada uma dessas tecnologias individualmente aos negócios, a combinação de várias delas também impactará fortemente o dia a dia nas empresas e a nossa interação com elas. O carro autônomo, por exemplo, usará não só a fog computing, mas também a inteligência artificial para tomar decisões. Na saúde, veremos o uso de IA e de realidade aumentada para dar uma prévia de diagnósticos. Além disso, com os óculos HoloLens, da Microsoft, será possível escanear um paciente e depois interagir com ele por meio de realidade aumentada e inteligência artificial.
Essas são algumas tendências que impactarão as empresas e os negócios em 2018 e precisamos estar atentos aos impactos que elas podem causar, não só no ambiente corporativo, para não perdermos competitividade, como também na interação com os clientes e nas experiências que oferecemos a eles.