Fenômeno Tik Tok e o impacto na produção de conteúdo

Entenda o fenômeno Tik Tok , e sua extensão para outras redes sociais, e como marcas podem usar a plataforma de forma a atrair consumidores

Por Rafael Rez*

A cada década temos o destaque de uma plataforma que influencia o comportamento e o consumo da população em geral, direta ou indiretamente. E em 2022 não é exceção: o fenômeno TikTok veio para mostrar como ainda dá para ser diferente mesmo depois de tantos anos de internet.

Rafael Rez – Fundador e CMO da Web estratégica

Adaptando o modelo da rede social das dancinhas, grandes marcas passaram a replicar e usar as mesmas estratégias para atrair um público cada vez mais imediatista.

Passando a barreira inicial e fornecendo material suficiente para o algoritmo trabalhar a seu favor, o TikTok tem muito a oferecer para micro, pequenos, médios e grandes negócios.

Confira alguns dos principais ensinamentos que a rede social pode oferecer na produção de conteúdo para marcas usarem, tanto dentro quanto fora do aplicativo.

3 ensinamentos do fenômeno TikTok na produção de conteúdo

Positivo ou negativo, é fato que o TikTok é um lugar para todos – e onde a produção de conteúdo tem mais espaço e apoio para crescer.

Comparada a rede social vizinha, como os usuários da plataforma chamam o Instagram, seu algoritmo é mais amigável, oferecendo melhores oportunidades orgânicas para as marcas e influenciadores.

É possível usar as hashtags, áudios, filtros, músicas e até mesmo vozes específicas – como a do Malvadão ou do Google, e assim aparecer no feed orgânico de milhares de pessoas.

Analisando mais de perto os padrões de comportamento dos criadores de conteúdo da rede social, podemos levantar os seguintes ensinamentos:

Invista em conteúdo de nicho

Pode parecer óbvio, já que estratégia de nicho faz parte de qualquer plano de negócio, mas no TikTok isso ganhou proporções inimagináveis.

Desde médicos fazendo as trends do momento, passando por fashionistas excêntricas, uma extensa rede de pessoas fazendo unboxing, uma senhora chamando para almoçar até as lives completamente aleatórias: tudo isso tem seu público engajado.

Mais do que nunca podemos entender que as pessoas consomem assuntos específicos, o que abre um enorme espaço para marcas e empresas se encaixarem ou criarem sua própria audiência.

Conteúdo autoral, consistência e repetição

Apesar da fama e do grande uso das trends – o que mais está sendo replicado dentro do aplicativo – o conteúdo autoral tem seu espaço cada vez mais definido.

A criação de conteúdo começa justamente com o item anterior: identificação do nicho. A partir disso é possível dar seu toque pessoal, trazendo elementos próprios, como uma característica física, um bordão, aspectos do lifestyle e as mais diferentes rotinas que se possa imaginar.

Seja pela estranheza ou pela identificação, em muitos casos basta ouvir os primeiros segundos para saber, sem nem olhar, de quem é o próximo vídeo.

Pode parecer despretensioso em um primeiro momento, mas a consistência e a repetição dos mesmos elementos é um dos fundamentos básicos da construção de marca, pois faz o consumidor se lembrar de você e te associar mesmo que não seja algo de sua identidade especificamente.

Acessibilidade para criadores e consumidores

Um dos pontos super importantes e que teve seu uso aumentado na plataforma TikTok foi a acessibilidade.

Padrão hoje na maioria dos vídeos, as descrições de áudio ajudam tanto quem não consegue ouvir áudio – e assim podem entender a mensagem através dessas legendas tanto quanto a população em geral, que muitas vezes utiliza a rede social em lugares públicos onde ligar o áudio pode não ser uma opção.

Além disso, já existem estudos que comprovam que o uso de legendas melhora o alcance e, consequentemente, a visualização dos vídeos.

Ao mesmo tempo, as narrações dos vídeos atendem a toda uma outra gama de pessoas, que preferem ou conseguem apenas ouvir e quem tem algum tipo de dificuldade em prestar atenção nas imagens, texto e áudio ao mesmo tempo.

Entretenimento também como forma de informação

É inegável que o fenômeno TikTok tem revolucionado a produção de conteúdo e como eles estão sendo consumidos.

Além da réplica do formato e funcionalidades, que já estão sendo usados em outros aplicativos, o que fica de ensinamento é que mesmo os vídeos de 1 minuto podem conter informação, ter estratégia, storytelling e principalmente: acessibilidade.

Todos esses são itens que marcas, empresas e empresários de qualquer tamanho podem – e devem! – aplicar em seus próprios conteúdos.

*Rafael Rez é especialista em marketing digital, acumula experiência com mais de 1.400 clientes desde 1998 e é autor do livro “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, best-seller com mais de 20 mil cópias vendidas no Brasil e Portugal. O executivo também é fundador e CMO da Web Estratégica, uma empresa de consultoria especializada em Marketing de Conteúdo e SEO.

Fonte: Seven PR

O consumidor multimpactado

por Josué Brazil

Vivemos em um cenário no qual várias disciplinas alternativas de comunicação surgiram e vem surgindo. Isso possibilitou várias maneiras de contatar o consumidor, muito além do cenário das mídias de massa e de mão única que vivenciamos até bem pouco tempo.

Imagem de Gerd Altmann do Pixabay

O surgimento das mídias digitais – internet – foi um ampliador e acelerador deste cenário. Como consequência a comunicação ficou mais dirigida e menos massiva, ao mesmo tempo em que o consumidor passou a sofrer uma enorme carga de impactos de comunicação, informação e marketing: o consumidor multimpactado.

Em megacidades como São Paulo e Nova Iorque as pessoas são expostas a milhares de mensagens por dia. De acordo com Daniel Leal:

“O conceito de Capitalismo Informacional determinou que a Tecnologia da Informação é o paradigma das mudanças sociais, que reestruturou o modo de vida moderno a partir da década de 80. Com isso, consolidamos uma sociedade conectada e cada vez mais desconfiada, consequência direta da sobrecarga de informação disponível (“information overload” ou “infoxication” – como é conhecido pelos norte-americanos) que dificulta a tomada de decisão em diversas situações.”

Dados apontam também que o Brasil figura como terceiro país na lista entre os que mais exibem comerciais durante o dia. E aí é importante citar que de acordo com o Dimension 2019, estudo realizado pelo Kantar Ibope Media, para grande parte dos consumidores toda comunicação de marca é publicidade.

A partir desta realidade entendemos que o espectador agora é INTERATOR. E que o consumidor agora é PROSSUMIDOR. Com a popularização da Internet o cidadão ampliou o seu lugar de fala e mudou o jogo. Para Raquel Recuero (Redes Sociais na Internet, 2010) vivemos uma nova revolução na qual as redes são as mensagens.

Esse quadro fez emergir um novo consumidor. Bastante diferente do consumidor de duas ou três décadas atrás.

De acordo com Joseph Jaffe em sua obra O declínio da mídia de massa, o consumidor atual é:

1 – O consumidor de hoje é inteligente;

2 – O consumidor de hoje está emancipado;

3 – O consumidor de hoje é cético;

4 – O consumidor de hoje está ligado;

5 – O consumidor de hoje tem pouco tempo;

6– O consumidor de hoje é exigente;

7 – O consumidor de hoje é “desfiel”;

8 – O consumidor de hoje está sempre acessível;

9 – O consumidor de hoje está a frente;

10 – O consumidor de hoje é vingativo.

A ideia e a compreensão do conceito do consumidor multimpactado nos leva a discutir a Economia da Atenção. Já sabemos que o excesso de informação conduz à escassez de atenção. Mas isso já é assunto para o nosso próximo artigo.

Coluna Propaganda&Arte

Propaganda com dados: mais difícil que terminar uma partida de RPG

Quem viveu os anos 90 provavelmente já completou alguma ficha de RPG. Independente do estilo que você jogasse, D&D, AD&D ou Vampiro A Máscara, sempre tínhamos aquele momento aguardado de montar um perfil do nosso jogador. Me pego hoje em propaganda fazendo a mesma coisa, porém, tentando entender o perfil dos consumidores dos clientes. Será que vamos passar no próximo grande desafio dos dados e vencer esse jogo?

Marketing com dados (e muita sorte?)

Eu tenho ouvido dizer que estudar Marketing (entenda Marketing como estudo estratégico de mercado), é um jogo de acertos, erros, aprendizados e desaprendizados. Você já ouviu falar disso? Basicamente, esta premissa entende que quando falamos de compreender o mercado, suas dinâmicas e revoluções (como o da internet), nós testamos muitas coisas. Inclusive em comunicação e propaganda. Uma campanha, por exemplo, pode sofrer várias alterações até funcionar. O erro pode estar no público-alvo, na persona, na mensagem e até no meio (mudanças de algoritmos do Google, só pra citar um caso comum).

A verdade é que a todo momento estamos tentando, acertando, errando, aprendendo e, de repente, desaprendendo, pois algumas regras do jogo mudam muito rápido.

Diferente do RPG, que possui um mestre e regras bem claras, o mundo publicitário está vivendo uma mudança constante de regras. São dados e mais dados à nossa disposição que muitas vezes não são bem aproveitados. E, quando são, nos deixam sempre com uma pulga atrás da orelha (será que eu analisei aquela informação corretamente?).

A sensação é que a sorte acaba sendo uma aliada ou não nesse jogo, o que na real, não é bom para as empresas. Contar com a sorte nunca é uma boa ideia quando falamos de altos investimentos e expectativas de retorno. As próprias personas, que tentamos identificar baseadas no comportamento dos clientes, podem ser apenas chutes ou criadas de dados massivos e reais. Mas, colocar as pessoas em caixinhas, será que funciona? Quantas vezes você se pegou comprando um produto que na teoria você não era o público-alvo? Pense nisso.

“Deus não joga dados com o Universo” – já dizia aquele gênio com a língua de fora

Se por um lado, temos pessoas que não acreditam que todas as informações e dados gerados na internet podem ser decodificados, existem pessoas dedicadas ao tema. São engenheiros de dados, especialistas em Big Data, Data Science e muitos outros cargos que precisam ser inventados, pois o mercado clama por uma organização dessa bagunça! rs Sobre estes profissionais diferenciados, vale destacar o Kaique Oliveira que está nessa batalha e é referência na área junto com o time da Digital Data Lab. Segue ele lá no LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/kaiqueoliveira/

Uma baita cesta de 3 pontos!

Um ótimo case publicitário de utilização de dados foi o criado para a BAND pela agência FCB Brasil, onde eles precisavam aumentar a audiência da emissora confrontando a audiência do futebol que sempre foi mais aceito pelo brasileiro. Eles cruzaram 250 eventos estatísticos e coincidências entre dados de jogadores e times do futebol brasileiro com jogadores e times da NBA, criando mais de 2500 anúncios personalizados que apareciam dependendo do assunto de futebol que você estava lendo nos portais. Além disso, fizeram conexões entre times brasileiros e seus representantes na NBA, favorecendo o público a aderir ao esporte e torcer. Por exemplo, se o internauta estava lendo sobre algum jogador que tinha ótimos índices de acertos de chutes de fora da área, aparecia um anúncio falando do Curry que é um dos melhores cestinhas da NBA. Estes tipos de conexões foram inteligentes e pontuais para tentar chamar a atenção do grande público para a NBA na BAND, única emissora brasileira aberta com os direitos de transmissão da NBA. Dizem que foi um sucesso. Achei uma baita cesta de 3 pontos!

E agora? Em qual grupo você está? Dos que não acreditam que é possível quantificar tantos dados e que tudo é uma grande loteria no final das contas. Ou dos que acreditam que na comunicação e propaganda quem domina os dados é o mestre do jogo?

Saiba mais sobre o case da NBA na BAND

Publicidade com relevância: a era da comunicação data driven

por Fabio Schmitz, diretor da agência Seven Comunicação Total

Vivemos a era mais conectada de todas, com muita informação passando pela timeline de inúmeras redes sociais que acompanhamos diariamente. Devido a essa conexão intensa, deixamos nossos rastros por onde passamos. Já não é tão difícil ter acesso a um endereço de email, número de celular, idade e até mesmo gostos pessoais de alguém, já que a maioria de nós faz questão de postar muitas dessas informações nas redes para nossos amigos – e o mercado – saberem.

Fábio Schmitz, diretor da agência Seven Comunicação Total

Outros tipos de dados, como nosso tráfego na internet – o que acessamos, o que curtimos, o que não gostamos, ou seja, informação mais complexa – também estão disponíveis. O melhor uso de dados está na capacidade de tratá-los, analisá-los e contextualizá-los, para que eles enriqueçam as campanhas e promovam a melhor estratégia para os clientes.

É o que chamamos de data driven, quando a comunicação de uma empresa, especialmente suas campanhas publicitárias que impactam diretamente seu público-alvo, são orientadas por dados. Neste processo informações coletadas sobre o público e o mercado proporcionam assertividade (falamos diretamente com quem desejamos) e maior resultado (uma comunicação assertiva evolui para um volume de vendas muito mais expressivo). Um estudo da consultoria BCG em parceria com o Google, aponta que empresas que adotam a cultura dos dados em sua relação com os consumidores têm receita até 20% maior e chegam a cortar os custos em 30%.

Já outro estudo da Talend mostrou que 78% dos líderes de negócios dizem que enfrentam desafios ao usar seus dados e mais de um terço deles não estão usando-os para tomar decisões. As empresas têm mais acesso aos dados do que nunca, mas há muito poucas maneiras de entendê-los e principalmente de definir o que é prioritário para ajudar nessas análises. É, portanto, um campo que ainda exige uma grande evolução em muitas empresas, mas que para o mercado de comunicação reflete um oceano azul de possibilidades.

Com o data driven, mais do que nunca, temos a possibilidade de mensurar, através de dados minerados com maior precisão, o impacto das ações. Uma pesquisa recente da Kantar Ibope revelou, por exemplo, que 54% dos consumidores preferem ver anúncios que sejam relevantes para os seus interesses e particularidades (o que o universo digital, com informações relevantes de acesso e de comportamento do internauta, proporciona ao publicitário).

Outro fator que a comunicação data driven promove é a “personalização em massa”, com a possibilidade de atender demandas dos clientes, um a um, de forma massificada. O avanço da tecnologia em smartphones, computação em nuvem e aceleração digital como um todo mudaram esse cenário.

Um caminho para a melhor utilização dos dados é o desenvolvimento de data lakes, que são grandes depósitos de dados que podem ser acessados por qualquer área da empresa, além do apoio de profissionais especializados nas novas plataformas digitais para alavancar a comunicação. Isso porque, mais do que nunca, o dado bruto não é fator de diferenciação, mas sim a capacidade de transformar esses dados em informações práticas e ações inteligentes.