Propaganda + engenharia

Natália aliou exatas e humanas para perseguir um objetivo

O Publicitando entrevistou a publicitária e engenheira Natália K. Simões. A carreira da Natália tem lances interessantes e, principalmente, inspiradores. Atualmente ela é Data Scientist (DS) na equipe de serviços da Nexxys, uma empresa de tecnologia, que desenvolve soluções orientadas por dados – Data-Driven. Confira o bate papo!

Publicitando – Sua formação inicial é em publicidade e propaganda. E você começou a atuar em publicidade no Vale do Paraíba. Fale um pouco deste início da sua trajetória.

Natália – Em 2003 iniciei o curso de Publicidade e Propaganda na Unitau e comecei a trabalhar na área em 2005, como estagiária na agência Ophicina Mix, hoje já extinta. Era uma agência pequena e por isso tive a oportunidade de ter contato direto e atuar nas diversas áreas de uma agência: como assistente de Atendimento, Planejamento, Produção Gráfica, Mídia e Criação. Nunca fui uma criativa de Design Gráfico, até porque acredito que para isso não basta apenas conhecimento técnico, mas certas habilidades que não tenho. Já na criação de textos e roteiros, me aventurei bastante e até gostava daquilo. Mas confesso que o que eu mais gostava era Produção Gráfica. Adorava criar formatos, recortando e dobrando papéis, escolhendo o papel da impressão, acabamento, etc, buscando algo que atendesse à necessidade do cliente e ao mesmo tempo fosse criativo.

Sempre me identifiquei com a área de Planejamento, mas não com a de Atendimento, e em agência pequena essa separação era impossível.

Depois desse estágio, cheguei a trabalhar como autônoma, depois, com alguns amigos da faculdade, fizemos alguns trabalhos juntos. Cheguei ainda a atuar em campanha política municipal.

Depois de 2 anos e meio, voltei à Ophicina Mix, onde fiquei mais um ano, colocando em prática tudo que aprendi lá e nas experiências que tive nesse intervalo.

Publicitando – Em que momento você sentiu que deveria buscar novos rumos? Como foi esse processo?

Natália – Quando terminei a faculdade de Publicidade e Propaganda, acabou também meu estágio e então fiquei sem chão. Foi por descuido meu, não ter me preparado para o que viria a seguir. Foi então que passei a procurar vagas de emprego com mais empenho e pesquisando pelos sites de emprego “descobri” as áreas de Inteligência de Mercado e Business Intelligence (BI) e fui procurar saber mais do que se tratava. Fiquei encantada pela parte analítica dessas áreas e me decidi: “quero trabalhar com isso!”.

Percebi na época, ano de 2007/2008, que na maioria dessas vagas os requisitos eram de formação em Administração ou Engenharias, com Pós na área de Marketing. Como eu já tinha a formação em PP, pensei: “Se eu fizer uma Pós em MKT, serei mais uma publicitária com essa formação procurando uma vaga. Não quero isso.” Então decidi ir por um caminho que me pareceu mais adequado aos meus objetivos: em 2009 entrei no curso de Engenharia Mecânica, também na Unitau.

No ano seguinte mudei para São Paulo, ainda trabalhando em agência, desta vez como Tráfego e em 2011 transferi o curso, então passei para Engenharia da Produção, e me formei em 2014.

Em Abril de 2012 eu finalmente consegui alcançar aquele objetivo que havia definido quatro ano antes, atuando como Estagiária de Inteligência de Mercado em indústria, um mundo totalmente diferente do que eu tinha vivido até o momento. Não é fácil fazer esse movimento, deixar de lado 7 anos de experiência para começar lá de baixo novamente. Mas se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo!

De lá para cá muita coisa mudou, passei por outras 3 empresas, de setores diferentes, mas sempre atuando em áreas de planejamento e análise de dados.

A área de análise de dados já mudou muito desde que me apaixonei por ela e novamente percebi que se quiser continuar, preciso me atualizar. Por isso, este ano estou começando a Pós de Analytics em Big Data.

Publicitando – Fale um pouco de suas funções atualmente. Você mistura humanas com exatas?

Natália – Hoje eu atuo como Data Scientist (DS) na equipe de serviços da Nexxys, uma empresa de tecnologia, que desenvolve soluções orientadas por dados – Management. Dentre os diversos produtos e serviços que a empresa oferece atuo diretamente nas Soluções de Otimização de Mídia. Essa posição não exige necessariamente conhecimentos em mídia, mas muito do que aprendi lá atrás acabou sendo muito útil.

Natália trabalhando em home office e ao lado do filho

Como DS utilizo diversas ferramentas estatísticas na transformação de dados em informação que servem de baliza para a tomada de decisão de nossos clientes quanto à otimização de mídia offline.

Assim, parte do trabalho demanda raciocínio lógico, habilidade com números, conhecimentos em estatística (imprescindível) e outra parte demanda a capacidade de montar um storytelling, coerente e de fácil entendimento. Até aquela pouca habilidade em design que citei anteriormente é necessária na hora de montar uma apresentação, por exemplo.

No fim das contas, os 10 anos que passei sentada na cadeira da faculdade me fizeram ter a formação mais alinhada à posição que ocupo atualmente.

Publicitando – O que você considera importante para um profissional em início de carreira nas áreas de marketing e propaganda (comunicação)?

Natália – Tem 3 coisas que considero importante para todo mundo, mas é importante frisar para quem está dando os primeiros passos na vida profissional:

1 – Esteja sempre antenado. Olhe ao seu redor, perceba o que está acontecendo, veja os movimentos do mercado e do mundo em geral. As oportunidades existem e não estão escondidas, basta prestar atenção.

2 – Esteja sempre atualizado. O mundo muda muito rápido e assim são as atividades profissionais. Quem não se atualiza, fica para trás. Mesmo. Leia, faça cursos, converse com quem sabe mais do que você.

3 – Defina metas. Tenha sempre um objetivo, uma meta a ser alcançada. E quando alcançar sua meta, comemore, por menor que ela seja, comemore. Em seguida, defina outra meta, para ter sempre um motivo para seguir em frente e continuar crescendo.

Coluna Propaganda&Arte

Quando os redatores serão substituídos?

A revolução do digital e das inteligências artificiais impactaram todos os negócios. Não seria diferente com os segmentos de criatividade, como as agências de publicidade que trabalham com comunicação em diversas formas: imagens, vídeos, textos etc. Mas será que os redatores, como eu, logo serão substituídos?

PROCURA-SE O EMPREGO DO FUTURO
A mudança repentina dos negócios está fazendo sumir alguns cargos que antes eram estáveis e fazendo surgir novas vagas de emprego. As agências tradicionais de publicidade e propaganda que se pautavam na criatividade como diferencial estão tendo dificuldades em serem ágeis, velozes e criativas (que ironia!) em seus próprios negócios, gerando a falência de muitas delas ou o enxugamento para sobreviverem em um cenário extremamente competitivo.

Aplicativos e programas hoje fazem o trabalho de muitas agências tradicionais, de forma mais rápida, simples, barata e intuitiva: editam vídeos, tratam imagens, fazem anúncios, propõem estratégias, mostram dados e, tudo isso, em tempo real. Será que o redator ou o gerador de conteúdo também está fadado a esse fim? Já estão criando Inteligências Artificiais que irão selecionar conteúdos para cada perfil e “criar” novos textos e conteúdos de interesse personalizado nesse nível? Para alguns setores, já existe algo semelhante, mas com textos pré-definidos e limitados (Ufa!).

OS ROBÔS SÃO NOSSOS AMIGOS
Hoje um profissional que escreve para web precisa se tornar amigo da tecnologia, buscar ferramentas de análise de dados para direcionar seu trabalho criativo, que em alguns momentos não se torna tão criativo, já que você acaba seguindo diretrizes e assuntos já estabelecidos e, muitas vezes, apontados pelos próprios robôs de que tanto estamos falando: mecanismos de buscas que dão resultados de assuntos mais relevantes, conteúdos com maior interação que merecem foco no plano, criações com data-driven (mais dados, menos intuição) e outras formas de uso de dados que parecem criar um caminho seguro para o marketing de qualquer empresa.

Com tantos parceiros tecnológicos que nos dão maior segurança para criar o nosso trabalho com estratégia, fico com certo receio e, me pergunto: quando serei substituído?

ESCREVA UMA NOVA HISTÓRIA
Como redator publicitário e também planejador para pequenos e médios negócios nas redes sociais, percebo que o lado humano nunca será totalmente substituído, pois alguém irá precisar analisar os dados de forma correta, precisará conversar e juntar as pontas entre empresas e tecnologias, precisará guiar tantas pessoas nesse mundo caótico da internet e das mudanças sociais tão repentinas. Uma máquina até poderá criar textos com começo, meio e fim, com forte SEO, relevância e estratégia para um público-alvo, usando CTAs (Call-to-actions) que farão mais efeito para aquela pessoa. Mas somente um humano poderá fazer uma leitura do cenário social e apontar importantes mudanças culturais nas empresas e marcas, poderá dizer se um tom e voz do discurso estão realmente coerentes e agradáveis ou apontar se alguma plataforma ou interface está mais ou menos humanizada e intuitiva. Essa sensibilidade, por enquanto, só nós humanos conseguimos ter.

Hora e vez do Data-Driven Marketing

Data-Driven Marketing: por que é o momento de adotar a estratégia

por Cristian Townsend, fundador e CEO da Osorno Analytics, startup de Account-Based Marketing, Big Data e Inteligência Artificial, com foco em Marketing e Vendas

Seu negócio é moldado por dados. Pelos dados internos de desempenho de cada área. Dados de mercado e tendências do seu segmento. Dados sobre o conteúdo que seu cliente consome antes de decidir entre você e um concorrente. E se você não domina esses dados, seu negócio vai ser moldado por quem os domina. Esta é a premissa por trás do conceito de Data-Driven: tornar sua empresa mais competitiva através da habilidade de tomar cada vez mais decisões baseadas em dados.

O conceito não é novo. Com certeza você já recebeu uma sugestão de compra baseada em suas pesquisas online ou no seu histórico de compras. Mas em vendas B2B o desafio é maior. O cliente não é sensível a promoções, não existe apelo de compra por oportunidade, o ciclo de vendas é longo e depende de vários decisores de diferentes áreas.

No mercado B2B, estamos hoje em uma janela de oportunidade para adoção de estratégias Data-Driven. A tecnologia existente capaz de tratar a complexidade das vendas B2B de forma confiável está mais acessível. Mas ainda é nova o suficiente a ponto de não haver empresas se destacando em seu uso.

Estratégia Data-Driven:

Comece pequeno
Mudar toda sua estratégia de Marketing e Vendas de uma vez é receita para o fracasso. Eleja um universo menor como um canal, uma linha de produtos ou um segmento de clientes. Você terá menos pessoas envolvidas na mudança e terá respostas mais rápidas sobre o que funciona e o que é perda de tempo.

Dê o exemplo (ou estratégia top-down)
Não espere que a estratégia seja integralmente conduzida pela equipe que cuida do dia-a-dia das vendas. A alta direção da empresa deve estar engajada com a mudança e ciente de que os primeiros resultados podem ser decepcionantes. Se não houver acompanhamento ou se a cobrança por resultados de curto prazo for muito alta, as equipes rapidamente voltam a operar da forma que já estavam acostumadas.

Derrube as barreiras entre Marketing e Vendas
Mais lead é igual a mais vendas, certo? Nem sempre. Mais leads também significa mais esforço de qualificação e, geralmente, uma menor taxa de conversão. Vendedores não gostam de perder tempo com o que não dá dinheiro. Bastam poucas reuniões não qualificadas para eles perderem o interesse nos leads vindos de marketing. Este deve ser capaz de passar a vendas o lead que ela quer. E vendas não deve ser apenas um cliente interno de marketing, mas deve estar envolvida nas definições da estratégia e ser co-responsável em melhorar a qualidade deste lead.

O trabalho integrado dessas equipes deve levar em consideração dois objetivos básicos:
– Não gastar recursos (financeiros ou humanos) em leads que não estão disponíveis ou qualificados para comprar
– Ser capaz de identificar os primeiros sinais de que um lead deixou de ser alguém “apenas fuçando” e tornou-se um lead qualificado e disponível para consumir seus produtos e serviços

Tendo as respostas que se espera, os objetivos a serem atendidos e a equipe preparada; podemos seguir com o aspecto tecnológico de uma estratégia Data Driven.

Não é uma demanda de TI
Seu departamento de tecnologia pode ser um grande aliado para avaliar ferramentas de mercado. Mas ele não irá além do aspecto técnico. Deixe a cargo deles apenas as questões de integração e performance. Só o time que define a estratégia é que pode avaliar se uma ferramenta tem capacidade de atender aos objetivos da empresa. Não se encante com a ferramenta. Escolha a melhor tecnologia sempre considerando o quanto ela é aderente à sua estratégia e o quanto pode contribuir para seus objetivos.

Transformação digital
75% da decisão de compra ocorre antes de o cliente entrar em contato com um fornecedor. Seu cliente estuda por conta e você deve ajudá-lo a se educar. Você precisa ser capaz de identificar quando e como seu cliente consome conteúdo e qual o melhor momento para abordá-lo.

Saneamento da base de dados
Provavelmente seus dados não estão prontos para te entregar insights. Eles podem estar desatualizados, duplicados ou até serem insuficientes. Mas não se preocupe, seus concorrentes enfrentam o mesmo problema. Você pode enriquecer seu CRM com uma base comprada. Mas isto é uma medida paliativa; você ainda precisa de uma política interna para manter seus dados saneados, ou logo terá problema novamente.

Data Driven não é Analytics
Ferramentas de Analytics são importantes. Elas ajudam a entender o que está acontecendo e a otimizar o seu negócio. Para tornar-se uma empresa Data Driven, sua tecnologia deve ir além do “medir, testar e avaliar”.

Trabalhe insights e busque perguntas que pareciam impossíveis de serem respondidas:
– Qual os 100 melhores leads do meu CRM? Porque eles são os melhores?
– Quais as chances de eu fechar esta oportunidade se eu der um desconto? E se eu não der?
– Existe algum segmento que nunca atuei, mas que tenha grande potencial de compra?
– Em quais clientes eu posso fechar uma oportunidade mais rapidamente?
– Qual produto pode ser mais interessante para esta conta que nunca tive contato?

Faça do seu jeito
Por fim, tenha em mente que não existe uma fórmula pronta. Nenhum passo-a-passo vai ser 100% aderente ao negócio. Entenda como os seus clientes e seus funcionários respondem às estratégias adotadas e não tenha medo de ajustá-las quantas vezes for necessário. Data-Driven não é um processo, é um mindset.