Fadiga publicitária: como lidar com o obstáculo silencioso que ameaça o ROI das campanhas digitais

Por Fernanda Acacio*

O investimento em publicidade digital no Brasil cresce ano após ano. O estudo Digital AdSpend 2025, realizado pelo IAB Brasil em parceria com a Kantar IBOPE Media, mostra que esse número chegou a R$ 37,9 bilhões em 2024, um crescimento de 8% em relação a 2023. Contudo, mesmo as campanhas mais eficientes enfrentam um obstáculo previsível e, ainda assim, pouco administrado: a fadiga publicitária.

Segundo estatísticas da Hubspot, 91% dos usuários afirmam que a publicidade está mais invasiva e 87% dizem ser expostos a um volume maior de peças. As causas mais comuns incluem conteúdo repetitivo, segmentação ineficaz, alta frequência e formatos intrusivos. Isso acontece porque as marcas operam em um ambiente de alta exposição e atenção fragmentada. Com a multiplicação de canais e formatos digitais, as campanhas ganham alcance imediato, mas as mensagens têm curta vida útil.

Com isso, a trajetória mais comum das campanhas envolve um início sólido, marcado por picos de taxa de cliques e interações acima das expectativas, seguido por um declínio gradativo. Não há um gatilho único, nem um alerta para o fracasso, mas, sim, um desgaste que cresce até que uma intervenção aconteça.

De acordo com uma pesquisa recente da MGID, as taxas de cliques (CTR) podem cair mais de 15% após a primeira semana de lançamento de uma campanha, o que indica que a saturação do público ocorre mais rapidamente do que projetado pela maioria dos anunciantes e que a mitigação exige ação antes que a curva de queda se consolide. Esse declínio silencioso, conhecido como fadiga publicitária, tornou-se inevitável, mas é possível evitar que esse processo se prolongue por mais que o necessário.

Ajustando a estratégia

Ao notar os primeiros sinais de fadiga publicitária em uma campanha, a abordagem predominante no mercado é a de reduzi-la a um problema criativo, resolvendo a questão com novas peças ou ajustes na mensagem. Essa leitura, no entanto, é incompleta, pois ignora o desalinhamento entre expectativa da audiência, critérios algorítmicos que impactam na entrega e a repetição de exposição a um mesmo estímulo.

Em muitas empresas, o ciclo entre perceber a fadiga e implementar uma mudança ainda passa por solicitações de novos assets, com várias instâncias de aprovação e publicação manual em múltiplas plataformas – um ritmo incompatível com a dinâmica do consumo digital. Cada dia de atraso na correção resulta em perdas de alcance, aumento do custo por aquisição e a diminuição do retorno da verba de mídia. Por isso, a melhor estratégia é reduzir ao máximo o tempo entre a detecção e a ação.

Outro elemento-chave do problema é a fragmentação da gestão de frequência dos criativos. A prática de definir limites por canal, isoladamente, desconsidera o impacto acumulado sobre as mesmas pessoas em diferentes plataformas. Quando as segmentações se sobrepõem, o alcance se concentra e a saturação acelera. Neste caso, trabalhar com frequência deduplicada por indivíduo, ajustar cadências e estabelecer validade para cada peça criativa é fundamental para evitar ciclos de repetição.

O cenário de privacidade pós-LGPD acrescenta mais uma camada de complexidade. Com menos sinais individuais disponíveis, muitas marcas tendem a aumentar a pressão sobre públicos próprios e segmentos derivados – prática que, sem gestão rigorosa de exposição, acelera a fadiga. A solução, nesse caso, não é insistir nas mesmas audiências, mas expandir o alcance de forma qualificada, diversificando mensagens e equilibrando cadências.

Para que os ajustes de rota ocorram no momento certo, é importante definir indicadores que funcionem como alertas. Métricas retrospectivas, como CTR e ROAS, são essenciais, mas insuficientes para detectar a fadiga logo no início. Ao incluir sinais antecedentes (como taxa de visualização qualificada, tempo médio de exposição, viewability, frequência incremental por audiência e variação de engajamento por peça e formato), aumenta-se a capacidade de identificar o problema antes que ele afete todo o conjunto da campanha.

Esse cuidado precisa considerar, também, as especificidades do mercado brasileiro, no qual a diversidade regional influencia diretamente a tolerância à repetição de criativos e abre espaço para variações adaptadas, que elevam a relevância sem inflar a frequência. Dessa forma, otimizar o conteúdo para o contexto real de consumo contribui para prolongar a vida útil das peças.

Incorporar a fadiga ao planejamento, portanto, não significa aceitá-la como inevitável, mas transformá-la em gatilho para ajustes rápidos e inteligentes. Campanhas que já nascem com rotação planejada, limites claros de frequência por pessoa, monitoramento contínuo de sinais e processos ágeis de substituição preservam relevância das campanhas por mais tempo. Em um cenário de atenção disputada como o brasileiro, a capacidade de detectar, aprender e se adaptar antes que o desgaste se consolide é o que distingue campanhas sustentáveis daquelas que perdem força prematuramente.

*Fernanda Acacio é CEO da MGID para o Brasil.

“Cases” do mercado

Abril celebra 75 anos com filme criado pela Cherryland

Com marcas que eternizaram momentos históricos na vida das pessoas e da sociedade, o grupo estreia campanha e fortalece a proximidade com a audiência

Imagens da campanha “Abril. Há 75 anos à frente”, da Cherryland

A Editora Abril comemora 75 anos de história e, para marcar a data, lançou um filme criado pelo Hub Criativo Cherryland. A produção, que traz o conceito “Abril. Há 75 anos à frente”, celebra a relação única que a Abril construiu com os brasileiros.

Desde o seu primeiro passo, em 1950, a editora lançou títulos que passaram a fazer parte do dia a dia de milhões de brasileiros. O vídeo é um convite à memória de uma instituição que durante três gerações fez do “inovar com afeto e excelência” seu maior propósito. Hoje, a alma da Abril está em cada produção de conteúdo, com credibilidade, proximidade e contexto.

Mais do que relembrar, o filme mostra que a Abril tem transformado a maneira de se conectar com o público: mais digital, em novos formatos e em múltiplos canais.

“Celebrar 75 anos é reconhecer a nossa história e também reafirmar o compromisso de continuar ao lado do público, sempre em evolução. A Abril é feita de marcas que acompanham as pessoas em cada fase da vida.”, diz Andrea Abelleira, VP de Publishing da Abril. “Foi um privilégio criar esse filme para uma marca tão icônica. Buscamos traduzir a beleza dessa relação duradoura com o público e mostrar que ela continua tão relevante hoje quanto sempre foi.”, diz Natália Pescaroli, head de atendimento da Cherryland.

A campanha estreia na segunda-feira, dia 25, e será veiculada em plataformas digitais nos cinemas e, em setembro, estará TV aberta e fechada, reforçando o legado e a atualidade da marca.

Link do filme

FICHA TÉCNICA

Agência e Produtora: Cherryland

Diretora de atendimento: Natália Pescaroli

Diretor Criativo: Will Ferrari Jr

Diretor de Cena: Hugo Cuccurullo

Redação: Will Ferrari Jr e Hugo Cuccurullo

Diretor de Arte: Fábio Massaru

IA na publicidade: a revolução que está redefinindo o jogo das agências

O presidente da Abradi, Carlos Paulo Jr.

Enquanto Sam Altman prevê que 95% do trabalho criativo será automatizado, presidente da Abradi aponta caminhos para profissionais se reinventarem no novo cenário

A publicidade vive seu momento mais disruptivo desde a migração para o digital. Se antes a transformação veio com Google e Meta ‘roubando’ verbas da TV e jornais, agora a inteligência artificial está mexendo com algo que parecia intocável: a criatividade humana. E não estamos falando de um futuro distante, isso já está acontecendo. O CEO da OpenAI, Sam Altman, afirma que a IA executará 95% do trabalho de marketing criativo e Mark Zuckerberg vai na mesma linha, prometendo que as marcas logo poderão simplesmente dizer seus objetivos e orçamento para a Meta, que “fará o resto”.

Declarações assim fazem qualquer publicitário engolir seco. Mas será que é realmente o fim da linha para as agências tradicionais? Google, Meta, ByteDance e Amazon controlam agora mais da metade do mercado global de publicidade. Mas o que realmente chama atenção é como essas plataformas estão avançando na criação de conteúdo, território que sempre foi das agências. O TikTok agora gera comerciais de vídeo a partir de textos simples. A Meta personaliza automaticamente textos publicitários para diferentes públicos em dez idiomas. A Kalshi criou um comercial cinematográfico completo em 48 horas, gastando apenas US$ 2 mil, usando ferramentas do Google.

Reinvenção, não extinção

Carlos Paulo Júnior, presidente da Abradi, não vê essa transformação como uma sentença de morte. Para ele, é hora de reposicionar competências. “A IA executa tarefas repetitivas com rapidez, mas decisões estratégicas complexas ainda dependem do entendimento humano”, explica. Ele afirma que os profissionais precisam focar em quatro pilares fundamentais: pensamento estratégico e crítico; curadoria e supervisão criativa; integração tecnológica (saber quando, como e por que usar cada ferramenta de IA na prática) e inteligência emocional (gestão de pessoas e aspectos relacionais que a IA simplesmente não consegue replicar). “Enquanto a IA resolve o operacional, humanos ainda dominam as decisões complexas que definem o rumo das campanhas, como desenvolver a habilidade de orientar e refinar resultados gerados por IA, garantindo originalidade e alinhamento com valores da marca”, destaca Jr.

Quando máquinas passam a consumir anúncios

Talvez a mudança mais radical esteja no próprio conceito de audiência. Estamos entrando numa era onde agentes digitais “consomem” anúncios e fazem recomendações para humanos. Quando alguém pergunta ao ChatGPT sobre a melhor marca de lençóis, a resposta não vem de pesquisa tradicional, mas do que a IA “aprendeu” sobre essas marcas. “O cenário onde agentes digitais consomem anúncios altera profundamente a relação marcas-consumidores”, observa Carlos Paulo. “O foco se desloca de persuasão direta para otimização técnica de conteúdo para influenciar algoritmos.”

Isso criou uma corrida completamente nova. Empresas agora produzem conteúdo especificamente para “alimentar” modelos de IA. Descrições detalhadas de produtos que fariam qualquer humano adormecer podem ser cruciais para convencer um algoritmo a recomendar determinada marca. “Marcas precisarão criar conteúdos e dados estruturados específicos para influenciar diretamente as recomendações dos LLMs”, explica o presidente da Abradi. Isso significa desenvolver técnicas especializadas de SEO algorítmico e construir reputação digital sólida.

Equipes híbridas: o futuro já chegou

Muitas empresas já aplicam agentes de IA em todos os processos corporativos, inclusive no marketing. Nesse cenário, Carlos Paulo enfatiza a importância de “definir claramente o papel da IA e dos humanos nas equipes, destacando complementação, não substituição”. Para ele, empresas devem investir em treinamento contínuo e promover cultura aberta à inovação.

Diante desse novo cenário, o presidente da Abradi destaca que as empresas devem manter o foco na construção de reputação digital. “É preciso garantir credibilidade e clareza nas informações fornecidas online, que serão consumidas por LLMs para gerar recomendações. Outras recomendações são a utilização do SEO e da otimização algorítmica avançada para influenciar positivamente modelos de IA.”

Toda essa transformação traz dilemas complexos. Como garantir transparência quando consumidores interagem com conteúdo mediado por IA? Como proteger privacidade dos dados? Quem é responsável quando um agente digital faz recomendação problemática? “Empresas deverão ter clareza sobre suas responsabilidades ao influenciar agentes digitais, evitando preconceitos e discriminação de qualquer natureza”, alerta Carlos Paulo. A implementação de políticas rigorosas de transparência torna-se essencial.

A revolução da IA na publicidade não é mais possibilidade futura, é realidade presente. Carlos Paulo Júnior e a Abradi apostam que quem abraçar, entender e souber utilizar a tecnologia terá seu lugar de destaque. A questão não é se a IA vai transformar a publicidade, mas quem vai liderar essa transformação. As próximas jogadas determinarão se as agências tradicionais se tornarão peças de museu ou evoluirão para algo ainda mais poderoso: orquestradoras de uma sinfonia onde humanos e máquinas criam juntos o futuro da comunicação.

Fonte: Moneta Comunicação Estratégica – Beatriz Torrecilia Mendes

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