Marcas que investem em propósito e responsabilidade social têm resistido melhor à pandemia

Análise da Kantar também mostrou que campanhas engajadas geram mais buzz online

Um dos legados que a pandemia deixará é o da importância que os consumidores dão à responsabilidade e ao propósito das marcas. No Brasil, a expectativa dos consumidores foi que as marcas se engajassem em relação à pandemia na quarentena, que começou no final de março: segundo o Barômetro Covid-19, principal pesquisa sobre o tema, na época, 25% dos brasileiros esperavam que as marcas servissem de exemplo e guiassem a mudança.

Foto de Serpstat no Pexels

Três meses depois, em meados de junho, perguntamos para os entrevistados quais marcas estavam adotando ações positivas para a sociedade em relação ao tema da pandemia gerada pelo coronavírus. Entre as mais citadas estão Ambev, iFood, Banco do Brasil e Magazine Luiza.

Mais recentemente, na oitava onda realizada no final de agosto, 32% dos entrevistados ainda querem que as marcas guiem a mudança; 23% que mostrem que a crise pode ser derrotada; e 16% que sejam práticas e realistas. “Com a evolução do cenário esse desejo por parte dos consumidores se amplia, mas ainda é necessário que as marcas estejam engajadas na mudança e sejam líderes”, afirma Luciana Piedemonte, diretora e líder de Brand Strategy da Kantar Brasil.

Campanhas engajadas no Brasil geram mais buzz online

Nessa mesma linha, a Kantar Brasil analisou o começo da pandemia com sua ferramenta de inteligência de dados e identificou que os maiores picos de mensagens no Twitter foram gerados durante campanhas socialmente responsáveis e com propósito.

Logo no começo da pandemia, no fim de março, a Magazine Luíza conseguiu vários picos de buzz online ao lançar uma campanha de frete grátis para produtos relacionados à pandemia (como máscaras, álcool em gel e nebulizadores); já o iFood, teve um número recorde de mensagens nesse mesmo período ao anunciar seus fundos de auxílio a restaurantes e entregadores; em maio, o Banco do Brasil protagonizou outra elevação no número de mensagens ao estrear sua campanha de apoio a empreendedores e pequenas empresas durante a pandemia; já a Ambev teve um grande pico em março ao anunciar a produção de 500 mil unidades de álcool gel para distribuir a hospitais da rede pública nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e no Distrito Federal.

Algumas das marcas citadas pelos consumidores no Barômetro também tiveram um crescimento em menções durante a pandemia em relação aos três meses anteriores: Ambev teve quase o dobro de posts nas redes sociais enquanto Banco do Brasil teve um crescimento de 240%.

“A pandemia e todas as suas dificuldades confirmaram que os consumidores procuram muito mais em uma marca do que apenas descontos. O jeito como ela se comporta em relação à comunidade à sua volta e, por consequência, seus problemas diários, determina o nível de engajamento que as pessoas têm com ela”, diz Luciana.

Dentro da análise da Kantar, foi identificado que todas as marcas avaliadas tiveram um volume de mensagens acima da média nos primeiros meses da pandemia, e marcas de varejo com forte presença online, como Magazine Luiza e Americanas, tiveram um sentimento positivo acima da média. Isso pode ter acontecido por essas marcas conseguirem aliar propósito com um modelo de negócio – com forte presença digital – muito utilizado pelos consumidores durante a pandemia.

Fonte: Tamer Comunicação – Karina Rodrigues

Coluna “Discutindo a relação…”

Uma estratégia para um propósito ou um propósito para uma estratégia?

Sim, eu sei.. num primeiro momento isso lembra aquele famosíssimo slogan: “A Tostines vende mais porque tá sempre fresquinha ou tá sempre fresquinha porque vende mais?”.  Além de bom, esse slogan sempre me soou muito engraçado…

O papo aqui, entretanto, é sério. Muito sério!

Muita gente tem dado entrevista, falado em podcasts e em lives que as marcas que tiverem um propósito firme e verdadeiro se darão bem neste momento de crise. E eu concordo 100%. Super! Mas o que ninguém consegue dizer com clareza é que devemos buscar uma estratégia que gere um propósito ou se devemos ter um propósito que gere uma estratégia de marketing e comunicação?

Eu digo que fico com a segunda hipótese. E não estou apenas chutando ou dando palpite (o que também está muito em alta nos dias atuais). O que eu penso e verbalizo está apoiado (e muito bem apoiado) nas ideias de Cynthia A. Montgomery, professora da Harvard Business School e autora do ótimo livro “O Estrategista – Seja o líder de que sua empresa precisa”.

A “roda da estratégia”

Neste livro a Cynthia (desculpa a intimidade) defende que o propósito deva ser o ponto central de toda empresa de destaque em seu segmento de atuação. Ela propõe o que chama de “roda da estratégia”, um sistema de criação de valor pensado em torno do propósito e que direciona toda a estratégia da empresa. Incluindo marketing e comunicação.

Ela traz exemplos bastante práticos de empresas como Ikea, Nike, Gucci e outras, que
estabeleceram estratégias de mercado e comunicação a partir de uma forte compreensão de seu propósito.

O interessante da proposta da autora é que ela não fecha um modelo único da “roda da estratégia”. Ao contrário. Ela propõe que cada empresa e cada propósito demandem um sistema diferente de apoio e consecução da estratégia.

Então, acredito que devemos ter o propósito para depois ter uma estratégia de comunicação do mesmo. Ache seu propósito e crie sua estratégia em torno dele.

Os fatores de comunicação e marketing que mais se destacam

Intensivão de VUCA

por Josué Brazil

Tenho ouvido, assistido e lido muita coisa sobre comunicação e marketing neste período difícil de isolamento social e luta contra a pandemia de Covid 19.

É muito conteúdo bom. Lives, podcasts, webinares, artigos e textos. Separei algumas coisas que estão aparecendo com constância e com as quais concordo.

1 – Posicionamento e/ou propósito – empresas e marcas que já tinham um propósito claro e bem definido e que o praticavam, estão em posição de vantagem. Quem adaptou ou reposicionou seu posicionamento/propósito mantendo-o verdadeiro e válido para o cenário de crise também saiu na frente e colhe e colherá frutos.

2 – Digitalização – quem já estava com os dois pés fincados no mundo digital enfrentou um pouco menos de dificuldades. Quem estava em processo de transformação digital e conseguiu acelerar de modo minimamente organizado também;

3 – Empatia – esse parece ser o item fundamental e definitivo desta crise. Praticar empatia pra valer, de verdade. Entender que na outra ponta há pessoas. Entender suas necessidades e aflições. Apoiar. Explicar. Colaborar.

4 – Customização – de tudo: serviços, produtos, distribuição, embalagem, atendimento, marketing e comunicação. Entender para atender. Dados aqui são importantes. Muito importantes. O consumidor seguirá sendo exigente depois da crise. Ele vai entender que as marcas podem e devem fazer mais.

5 – Verdade, transparência, ética – precisa mesmo explicar? Discurso falso ou atitudes contraditórias levam e levarão à rejeição.

Muitas outras coisas importantes e interessantes têm sido colocadas e discutidas. Essas, na minha modesta opinião são aquelas que se destacam. O fato é que o momento é de um repensar constante apoiado numa contínua análise de como as coisas estão se desenrolando. É um intensivão de compreensão do cenário VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) no qual o mundo já estava inserido.

Coluna Propaganda&Arte

Fui escrever um livro sobre viagens no tempo e o meu maior vilão foi o tempo

Que a Amazon chegou no Brasil com tudo você já sabe. Agora ela realizou uma façanha ainda maior: uniu o Prêmio Kindle de Literatura com o Amazon Prime Video, seu serviço de streaming. Sabe como?

Se você usa a plataforma Kindle para leitura de ebooks já deve ter recebido alguma propaganda falando do Prêmio que esse ano ganhou um upgrade: além de ganhar valores em dinheiro, os vencedores podem assinar com uma editora e, quem sabe, fazer sua história virar uma produção cinematográfica na Prime Video!

Você deve estar com a mesma cara que eu fiquei quando descobri essa possível premiação. Quem não sonha em ver sua história nas telas (antigamente de cinema, hoje dos streamings)?

Escrever 1 livro do zero em 100 dias
Eu queria com todas as forças inscrever algum livro inédito, mas o que eu tinha na gaveta não se enquadrava. Resultado: eu criei o desafio de escrever 1 livro do zero em 100 dias. Fiz todo o planejamento e metas diárias e achei possível.

“Temporais” é o resultado dessa maratona literária que eu mesmo me impus e que colocou o próprio tempo como o vilão a ser vencido. Eu decidi escrever sobre viagens no tempo e precisei lidar com ele diariamente. Uma ironia e tanto.

Paternidade, viagens no tempo-espaço, ferrovias e Kung Fu
No livro, o personagem Frederico Fé tem um poder inusitado, viajar no tempo e no espaço, simultaneamente ou não, fazendo ele ter aventuras por Chicago dos anos 20 até Rio de Janeiro dos anos 80. Tudo isso agravado pelo fato dele ter amnésias sempre que realiza os saltos temporais, uma loucura por si só. Ah, sem contar que ele não sabe quase nada sobre seu passado, quem é seu pai, o que deixa o personagem com uma motivação maior de buscar respostas, além de enfrentar sua missão principal: garantir que um atentado temporal não aconteça em 2088. Já sentiu o clima e a tensão da história, né?

A maior ironia dessa história é que o personagem parece estar sempre correndo contra o tempo, justamente ele que tem o poder de dobrar o tempo, então acho que todos nós somos um pouco como Frederico Fé: temos o tempo em nossas mãos, mas não sabemos usá-lo.

O vilão sempre é o tempo (ou a falta dele)
O melhor não foi conseguir publicar o livro dentro do prazo e estar inscrito no Prêmio na data limite. O que mais me deixou satisfeito foi o crescimento, amadurecimento da minha escrita e o produto final mesmo. O livro ficou bom. Na minha visão, o melhor que já escrevi. Então eu realmente aconselho que criem metas e corram atrás delas. É possível.

Não recomendo que todos os livros sejam feitos nessa corrida maluca, mas sugiro que faça isso ao menos uma vez na vida para ver a força de duas coisinhas colocadas em prática: planejamento e disciplina.

Qual é a sua motivação?
Pensando em definir um objetivo? O ponto a ser alcançado precisa ser algo que valha a pena as horas diárias dedicadas ao trabalho. Eu tinha uma grande motivação e consegui manter o ânimo em quase todos os 100 dias (quase porque ninguém é perfeito).

Eu soube dosar aquelas horas de concentração com as horas de descanso que precisamos. Talvez até eu lance algum material dizendo como eu planejei, escrevi e publiquei o livro em 100 dias, mas por enquanto fica só este registro aqui para mostrar que é possível.

Boa sorte e fique de olho no seu tempo. Ele é precioso!

Link do Livro aqui